MPF denuncia Greenwald e outros seis por invasão de celulares

Denúncia integra operação Spoofing; entre os crimes listados, estão lavagem de dinheiro e prática de organização criminosa

Jornalista Glenn Greenwald durante depoimento na CCJ do senado. Foto Lula Marques (via fotospublicas.com)

Jornal GGN – O Ministério Público Federal (MPF) denunciou sete pessoas na manhã desta terça-feira por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades. O jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe do portal The Intercept Brasil e um dos primeiros a abordar os bastidores da operação Lava Jato, também foi denunciado, embora não tenha sido indiciado pela Polícia Federal.

Em nota, o MPF diz que a denúncia assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira relata que a organização criminosa executava crimes cibernéticos por meio de três frentes: fraudes bancárias, invasão de dispositivos informáticos (como celulares) e lavagem de dinheiro. A peça em questão não aborda os crimes de fraudes bancárias, que estão sendo apurados em outra investigação.

Segundo o Ministério Público Federal, Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos são citados como mentores e líderes do grupo. Danilo Cristiano Marques era “testa-de-ferro” de Walter, enquanto Gustavo Henrique Elias Santos desenvolveu técnicas que permitiram a invasão do Telegram e a realização de fraudes bancárias.

Suelen Oliveira, esposa de Gustavo, agia como laranja e “recrutava” nomes para participar das falcatruas. E, por fim, Luiz Molição invadia terminais informáticos, aconselhava Walter sobre condutas que deveriam ser adotadas e foi o porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald.

Segundo o documento assinado por Oliveira, a “liberdade de imprensa é pilar base de um Estado Democrático de Direito e faz parte do papel da mídia desnudar as entranhas dos esquemas de poder e corrupção que assolam o país”.

O procurador diz ainda que, “quando um jornalista recebe informações que são produtos de uma atividade ilícita e age para torná-las públicas, sem que tenha participado na obtenção do conteúdo ilegal, cumpre seu dever jornalístico”. Porém, os diálogos demonstraram que Greenwald “foi além ao indicar ações para dificultar as investigações e reduzir a possibilidade de responsabilização penal”.

No caso específico de Greenwald, o MPF afirma que o jornalista não era alvo da investigação, mas que a conduta foi adotada em respeito à medida cautelar proferida pelo ministro Gilmar Mendes, que proibiu apurações sobre a atuação do denunciado.

Durante análise de um MacBook apreendido com autorização da Justiça na casa de Delgatti, foi encontrada a gravação de uma conversa entre Luiz Molição e Glenn realizada após a divulgação da invasão sofrida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

No áudio, Molição diz que as invasões e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizados, e pede orientações a Greenwald sobre a possibilidade de “baixar” o conteúdo de contas do Telegram de outras pessoas antes da publicação das matérias pelo site The Intercept.

Greenwald, então, indica que o grupo criminoso deve apagar as mensagens que já foram repassadas para o jornalista de forma a não ligá-los ao material ilícito – desta forma, o MPF dá entender que o material publicado pelo jornalista teve origem ilícita.

 

Redação

3 Comentários

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  1. É bom eles tratarem de PROVAR que Glenn invadiu ou patrocinou qualquer invasão de celulares, senão o bicho vai pegar e quem será denunciado é o MPF.
    Esses procuradores moleques fazem merda e quem paga a indenização é o erário.

  2. Olha, eu sempre tive minhas dúvidas quanto as motivações do Glenn. Não confio nele. Simples assim. E não confio, porque, suspeito, também ele atende interesses inconfessáveis.
    Verdade que ele ajudou a desacreditar a Lava Jato e libertar o Lula, mas é pouco, muito pouco. Glenn (o The Intercept, para ser mais honesto) sempre afirmou que tinha chumbo grosso. Chumbo grosso que, estranhamente, nunca mostrou. Penso que chegou a hora dele mostrar as cartas que tem.

  3. “Verdade que ele ajudou a desacreditar a Lava Jato e libertar o Lula”

    Nada a ver com a soltura do Lula. O Lula foi solto porque o STF decidiu que cumprimento de pena, para qualquer pessoa que não esteja cumprindo prisão preventiva, só pode ser depois de o processo ter transitado em julgado.
    A que interesses ele atende? Ora, a que interesses ele atendia quando divulgou os documentos do Caso Snowden? Interesse público. Interesse jornalístico.

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