Mudança de clima ameaça biomas úmidos

Biomas úmidos do planeta sofrem ameaça de mudanças climáticas. Relatório encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em comemoração ao Dia Mundial das Zonas Úmidas (2 de fevereiro), revela, ainda, que impactos nos ciclos hídricos, já enfrentados nos últimos meses, afetarão os principais ecossistemas brasileiros.

Zonas Úmidas compreendem áreas naturais (pântanos, charcos e trufas), e também artificiais, como represas, lagos e açudes. Também são classificados na categoria, regiões ribeirinhas, costeiras, ilhas e extensões de áreas marinhas até os recifes de coral.

O Brasil tem hoje 11 grandes áreas protegidas que juntas somam mais de 5 milhões de hectares, espalhados nas cinco macrorregiões. Dessa forma, o país integra a Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional, também chamada Lista Ramsar, cidade iraniana onde o tratado internacional para a conservação desses biomas foi selado, em fevereiro de 1971. Em janeiro de 2010, a Convenção contabilizava 159 adesões ao plano de conservação e uso racional de zonas úmidas no mundo.

Os espaços protegidos pela Lista Ramsar são fontes de biodiversidade e relevantes à economia atendendo as necessidades de água e alimentação não apenas às espécies de plantas e animais, como também de comunidades rurais e urbanas.

O MMA ressalta que além de vulneráveis às mudanças climáticas, os ecossistemas de zonas úmidas, se manejados corretamente, também têm papel na mitigação das alterações do clima. Investimentos em políticas públicas nesse sentido “serão importantes para ajudar na adaptação dos seres humanos graças à sua função essencial de garantir a segurança sobre a água e os alimentos”, acrescenta em texto.

Usando dados da lista vermelha de três organizações internacionais (International Union for Conservation of Nature-IUCN, Birdlife International e Wetlands International), o ministério destaca que 26% das espécies de anfíbios de água doce do mundo estão ameaçadas, sendo que 42% de todas as espécies já analisadas estão em declínio e menos de 1% aumentaram suas populações.

Os impactos da poluição sobre outras classes de animais também são desanimadores:
– 33% das espécies de peixes de água doce conhecidas estão ameaçadas;
– 38% dos mamíferos dependentes das zonas úmidas e que vivem em água doce também, incluindo peixe-boi e golfinhos de rios;
– Das aves aquáticas, 41% das 1.138 espécies conhecidas mundialmente apresentam declínio de suas populações;
– 72% das 90 espécies de tartarugas de água doce analisadas estão ameaçadas. E 6 em cada 7 espécies marinhas estão na lista de animais em risco de extinção.

Cerca de 27% das espécies que vivem em recifes de coral, verdadeiros depósitos de variedades da flora e fauna marinha, correm risco de desaparecerem. O texto do governo destaca que dentre os a animais brasileiros ameaçados e dependentes das zonas úmidas estão o Cervo do Pantanal, o Peixe-boi da Amazônia e o Pato-corredor.

As zonas de pradarias, florestas tropicais e boreais, ecossistemas árticos e alpinos, recifes de coral e manguezais são frágeis às mudanças climáticas e, por isso, têm capacidade de adaptação limitada. Para se ter ideia, o aumento entre 1 e 3 graus Celsius resultaria na mortalidade generalizada de corais, entretanto, “ainda não se sabe se algumas variedades são capazes de se adaptar à mudança”, ressalta o ministério em relatório.

Atualmente, a mudança nas temperaturas sobre a vida das espécies não é conclusiva. Mas existem três caminhos apontados pelos cientistas: mudança da distribuição geográfica, que não é possível à todas espécies afetadas; adaptação e permanência ao local de origem a partir da mudança de comportamento, como modificação da época de acasalamento e crescimento; e, por último, a extinção.

O relatório do governo ressalta que a variabilidade de chuvas é a principal preocupação, inclusive para a produção de alimentos que atendem as populações humanas. Cerca de 80% das terras cultiváveis no mundo dependem da água da chuva: “Existe a previsão de que as mudanças na intensidade e variabilidade das chuvas provoquem um aumento de inundações e secas em muitas áreas. Em geral, estão previstos aumentos das precipitações nas altitudes altas e em partes dos trópicos e diminuição em regiões subtropicais e de latitudes médias mais baixas (algumas dessas áreas já estão afetas pelo estresse hídrico)”, (trecho do estudo).

Para acessar o relatório na íntegra, clique aqui.

Redação

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