Mulher, aquele ser vivente e consciente que sofreu nas mãos da mulher-mãe o que esta sofreu nas mãos das mulheres-mães que a antecederam.
Mulher, aquela cujo complemento humano – o homem – a rebaixava ao nada, à sombra sempre presente mas não visível que o servia das mais diferentes formas. Formas sempre caracterizadas pelo servilismo extremo: alimentando sua fome, limpando sua sujeira, tratando suas feridas e amando sem ser amada.
Mulher, aquele que atendia aos desejos dos homens de sua vida, pai, irmão, marido. Desejos de todos os matizes, a maioria degradantes – sendo seviciada, prostituída, enxovalhada, enlameada e mesmo morta.
Mulher, aquele ser que gerava a prole que garantia o poder do homem-senhor.
Mulher, a submissão extrema, a escrava da vida.
Mulher, aquela cuja alma foi transformada em culpa sem fim, em pecadora maior, em inferioridade tal que nada mereceia por mais que tentasse elevar-se além do esgoto, onde ratos asquerosos e ratazanas doentes compunham seu único mundo visível.
Mas o mundo invisível continua lá, agindo e criando e fortalecendo cada vez mais o ser Mulher. A capacidade de percepção, de entendimento profundo da Natureza-mãe, das raízes da divindade não extirpada e que, escondida em seu interior, percebe a unidade da qual faz parte.
Mulher-Mãe-Natureza em total sintonia, rompe todas as barreiras e expõe suas feridas e em extrema dor de uma luta de vida ou morte, consegue, da lama, fazer desabrochar flor.
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