Multimídia do dia

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Luis Nassif

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  1. O Ciclo Personalizado de Informações

    Análise do Ciclo de Buscas de Notícias de Interesse Pessoal

    Nova pesquisa revela como os americanos buscam as notícias nos vários dispositivos de mídia.

    A pesquisa foi publicada pela Media Insight Project, através de uma iniciativa do American Press Institute e The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research. 

    O primeiro estudo realizado da Media Insight Project’s analisa o ciclo de busca de notícias de forma personalizada e  avalia a forma como as pessoas consomem as notícias através de temas específicos e plataformas exclusivas. 

    Os resultados sugerem que o conceito convencional sustentando que o consumo de mídia divide-se, em grande parte, ao longo das faixas geracionais ou ideológicas é exagerada e que algumas crenças antigas sobre como as pessoas dependem de algumas fontes primárias para busacr as notícias são agora obsoletas.

    Os resultados desafiam a noção de que uma geração depende de notícias impressas ou da televisão para se informar, enquanto a outra baseia-se na Web e nos seus celulares. 

    Ao contrário da ideia de que uma geração tende a contar com notícias impressas, outra se informa através da televisão e outra tem como fonte a web, a maioria dos norte-americanos, em todas as gerações, agora combinam uma mistura de fontes e tecnologias para obter as notícias.

    Mais de 60% dos adultos norte-americanos recebem notícias impressas, pela televisão, rádio, computadores ou smartphones.

    Onde as pessoas vão buscar a notícia, além disso, depende significativamente do assunto (esporte ou ciência, política ou previsão do tempo, saúde ou artes) e sobre a natureza da história em si: se é um evento de resolução rápida, uma tendência de movimentar de forma mais lenta ou é uma tema que a pessoa segue apaixonadamente. 

    Três quartos dos americanos, incluindo 6 em cada 10 adultos com menos de 30 anos de idade, se informa diariamente.

    O adulto médio usa quatro tipos de mídia, números que variam apenas ligeiramente por faixa etária. 

    A pesquisa nacional de 1.492 adultos foi realizada por telefone a partir de 9 de janeiro a 16 de fevereiro de 2014. 

    A seguir são apresentados os gráficos dos resultados obtidos na pesquisa.

    A maioria dos americanos usam vários dispositivos de mídia.

    A maioria dos americanos usam muitos dispositivos de mídia para notícias

    Interesse por diferentes tópicos de notícias por idade

    Interesse em diferentes tópicos de notícias por idade

    Busca de notícias de acordo com o assunto

    Fontes de relatórios dos americanos dependem do tópico de notícia

    Quando as pessoas buscam as informações

    Perguntas: As pessoas podem assistir, ler ou ouvir em profundidade notícias em diferentes momentos do dia.  Você diria que a maioria assistir, ler ou ouvir histórias em profundidade, para além das manchetes ... de manhã, à tarde, à noite, a última coisa à noite, ou durante todo o dia?  Em geral, você diria que você prefere assistir, ler ou ouvir notícias de manhã, à tarde, à noite, a última coisa à noite, ou durante todo o dia?

    A maior parte das pessoas usam diversificados dispositivos de mídia

    Pergunta: Por favor, me diga se você usou cada dispositivo ou tecnologia para obter novos na semana passada, ou se você não o fez.

    Como as pessoas pesquisaram as notícias na última semana

    Pergunta: Você achou notícias em qualquer uma das seguintes maneiras na semana passada, ou você não encontrar notícias dessa maneira?

    A confiança das pessoas em diferentes agregadores ou motores de busca de notícias

    Pergunta: Quanto você confia na informação que você começa a partir de ...?

    Como as pessoas preferem encontrar as notícias

    Pergunta: Destas maneiras que você encontra notícias, de que maneira você prefere mais?

    Quais são as principais fontes de notícias

    Pergunta: Você assistiu, ler ou ouvir notícias a partir dos seguintes tipos de notícias que relatam fontes na semana passada, ou não?

    Os níveis de confiança em diferentes fontes de notícias

    Pergunta: Quanto você confia na informação que você começa a partir de ...?

    A maioria acompanha as notícias sobre vários tópicos simultaneamente

    Pergunta: Por favor, diga-me se você, pessoalmente, para tentar manter-se com notícias sobre cada tópico ou não.

    As fontes preferidas variam de acordo com o tema da notícia

    Pergunta: Onde você costuma ir para notícias sobre este tema?

    Tipos de notícias preferidas e como elas são obtidas

    * Mais comum entre os entrevistados que mencionaram uma fonte, dispositivo ou método de descoberta.

    Menos americanos prestam atenção na profundidade da notícia

    Perguntas: Na última semana, você assistir, ler ou ouvir alguma história em profundidade de notícias, para além das manchetes, ou não?  Você tentou saber mais sobre essa história notícias de última hora, ou não?  [Perguntas dos 85% que recentemente seguido notícias de última hora.]

    A maioria gosta de se manter informada

    Pergunta: Em geral, o quanto você gosta de manter-se com a notícia?

    Tipos de fatos noticiados que despertaram a atenção recentemente

    Pergunta: O que é a última notícia de última hora que você assistiu, leu, ou ouviu falar?

    Tópicos que despertam mais interesse

    Pergunta: Pensando sobre os tipos de notícias que você não prestar atenção, o que é um tema que você está realmente apaixonada?

    Consumidores de notícias contam com as mesmas fontes para acompanhar temas variados independentemente da sua intensidade

    As fontes mais comuns são as mesmas na maioria dos casos.

    Como os americanos procuram saber sobre os diferentes tipos de notícias

    Dispositivos, métodos de descoberta e fontes de relatórios variar para diferentes tipos de notícias.

    Como são investigadas as notícias de última hora

    Os consumidores de notícias menos ativos são mais propensos a confiar em mídias sociais ou boca-a-boca para ouvir sobre as últimas notícias.

    A maioria afirma que é mais fácil manter-se atualizada atualmente

    Pergunta: Em comparação com 5 anos atrás, é mais fácil ou mais difícil de manter-se com a notícia, ou não há diferença real?

    Tipos de fontes de notícias que são assinadas/pagas

    Pergunta: Você tem atualmente uma assinatura paga que inclui o acesso a ... ou não?

    A atenção especial dada ao tipo de notícia por faixa etária

    Os jovens são mais propensos a olhar para o mais profundo informações sobre notícias de última hora.

    O interesse em diferentes tópicos de notícias por idade

    Pergunta: Por favor, diga-me se você, pessoalmente, tentar manter-se com notícias sobre cada tópico ou não.  * Indica uma diferença significativa em relação ao grupo etário 18-29.

    Posse e uso de tablets para obter informação por idade

    Quase metade dos adultos com idade inferior a 40 comprimidos próprios.  A maioria dos proprietários em todas as faixas etárias usá-los para a notícia.

    O uso de diferentes fontes de notícias por identificação partidária

    Partidários estão mais envolvidos com a maioria dos tipos de fontes de notícias do que os independentes.

    Graus de confiança nas fontes de notícias por identificação partidária

    Democratas e republicanos têm diferentes níveis de confiança em diferentes tipos de fontes.

    Interesses em diferentes tópicos de notícias por sexo

    Pergunta: Por favor, diga-me se você, pessoalmente, tentar manter-se com notícias sobre cada tópico ou não.  * Indica uma diferença significativa entre homens e mulheres.

    Homens e mulheres buscam notícias de forma ligeiramente diferentes

    As mulheres são mais propensos a descobrir notícias através da mídia social e amigos.  Os homens são mais propensos a usar agregadores e motores de busca.

    Homens e mulheres buscam as notícias de fontes ligeiramente diferenciadas

    Os homens são muito mais propensos a obter notícias da TV a cabo 24 horas e de rádio.  As mulheres são mais propensos a assistir a notícias de TV local ou de rede noticiários.

    Fontes de notícias tradicionalmente usadas de acordo com o nível de escolaridade

    As pessoas altamente educadas são muito mais propensos a usar todos os tipos de fontes de notícias.

    Pesquisadores que contribuíram com este estudo

    NORC – University of Chicago

    Trevor Tompson  |  Jennifer Benz  |  Nicole Willcoxon  |  Rebecca Reimer  |  Emily Alvarez  |  Dan Malato  |  Matthew Courser

    American Press Institute

    Tom Rosenstiel  |  Jeff Sonderman  |  Kevin Loker  |  Millie Tran

    Associated Press

    Jennifer Agiesta  |  Dennis Junius

  2. Cântico Negro – Maria Bethânia

    [video:http://youtu.be/XV_iXZFPBCk%5D

    “…Como, pois, sereis vós
    Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
    Para eu derrubar os meus obstáculos?…
    Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
    E vós amais o que é fácil!
    Eu amo o Longe e a Miragem,
    Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

    Ide! Tendes estradas,
    Tendes jardins, tendes canteiros,
    Tendes pátria, tendes tetos,
    E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
    Eu tenho a minha Loucura !
    Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
    E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
    Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
    Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
    Mas eu, que nunca principio nem acabo,
    Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

    Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
    Ninguém me peça definições!
    Ninguém me diga: “vem por aqui”!
    A minha vida é um vendaval que se soltou,
    É uma onda que se alevantou,
    É um átomo a mais que se animou…
    Não sei por onde vou,
    Não sei para onde vou
    Sei que não vou por aí!….” (Cântico Negro, do escritor português, José Régio)

  3. A História da TV Excelsior

    Lembranças da mídia “esquecida” pela ditadura

    Por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje.

    “Dia 1º de abril de 1964. Cinelândia, Rio de Janeiro. Em frente ao Clube Militar, um garoto de 12 anos começa a gritar ‘Jangooo’, ‘Jangooo’. Um homem alto e magro, cabelo cortado recente, bigodes finos, aponta a sua automática e explode a cabeça do menino. Nesse dia eu era diretor de jornalismo da Rede Excelsior de Televisão, na época líder absoluta de audiência. Nessa mesma noite de 1º de abril, no Jornal de Vanguarda, a cena foi ao ar”, lembra Fernando Barbosa Lima no livro Gloria in Excelsior escrito por Álvaro de Moya.

    Era o início de uma longa ditadura e o começo do fim da única rede de televisão brasileira que, um dia, alinhou-se a um projeto nacional de desenvolvimento autônomo liderado pelo presidente João Goulart.

    O Jornal de Vanguarda, havia sido premiado pela Eurovisão, a rede europeia de televisões públicas, como melhor do mundo no seu gênero, superando os programas de notícias da BBC de Londres. Com recursos e independência, a Excelsior criava um novo padrão de qualidade para a TV brasileira, copiado depois pela Globo.

    Ao tiro na Cinelândia seguiu-se a invasão da emissora por policiais armados e a derrocada de um império comandado pelo empresário Mário Wallace Simonsen. Figura esquecida intencionalmente pela mídia de hoje já que sua lembrança destroi a lenda golpista de que o Brasil de Jango caminhava para o comunismo.

    O dono da Excelsior, e também da Panair do Brasil e da maior empresa exportadora de café do pais, a Comal, de comunista não tinha nada. Tinha, isso sim, convicção que seus negócios só prosperariam se o país crescesse de forma independente, livre do jugo imposto pelos Estados Unidos. Disputava o mercado internacional do café com o grupo Rockfeller.

    Esteve ao lado da ordem democrática durante os governos Juscelino, Jânio e Jango. Mandou um avião da Panair buscar o vice-presidente Goulart em Pequim, durante a crise da renúncia de Jânio em 1961 e hospedou-o em seu apartamento de Paris, durante uma das escalas da longa viagem. Os golpistas nunca o perdoaram.

    Os projetos de reformas de base enviadas por Jango ao Congresso, em março de 1964, se efetivados, encaminhariam o Brasil para o patamar de “potência independente, com ascendência sobre a América Latina e a África” no dizer do sociólogo Octavio Ianni no livro ‘O colapso do populismo no Brasil’.

    A essa política se contrapôs, com o golpe, um modelo de capitalismo associado e dependente mantendo o Brasil na condição de satélite da órbita centralizada pelos Estados Unidos. Coube à mídia dar respaldo à subserviência, sem o qual a ação dos golpistas e depois a da ditadura, teria sido mais árdua.

    No centro desse processo, como coordenador do trabalho de conquista dos corações e mentes da sociedade, estavam o Instituto de Pesquisas Sociais, o IPES e o Instituto de Ação Social, o IBAD. Um complexo de produção ideológica que “publicava diretamente ou através de acordo com várias editoras, uma série extensa de trabalhos, incluindo livros, panfletos periódicos, jornais, revistas e folhetos. Saturava o rádio e a televisão com suas mensagens políticas e ideológicas”, como mostra a pesquisa de Rene Armand Dreifuss, publicada no livro ’1964: a conquista do Estado’.

    A máquina da desinformação, azeitada por recursos captados nas elites empresariais pagava os donos de jornais, rádios e TVs ou diretamente os jornalistas, executores das pautas de interesse dos golpistas.

    É precioso o relato de Rene Dreyfuss ao demonstrar como “o IPES organizava equipes de ‘manipuladores de notícias’ que preparavam e compilavam material sob a coordenação geral do general Golbery do Couto e Silva, especialista em guerra psicológica. Esses manipuladores se responsabilizavam pelas ‘campanhas de pânico’. A ‘campanha da ameaça vermelha’ empreendida pelo IPES mostrou-se muito útil na melhoria de sua situação financeira, já que atraiu contribuições de empresários tomados de pânico e profissionais que temiam o futuro”.

    Segundo Dreyfuss, “eram também ‘feitas’ em O Globo notícias sem atribuição de fonte ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação factual. Dessas notícias, uma que provocou um grande impacto na opinião pública foi a de que a União Soviética imporia a instalação de um Gabinete Comunista no Brasil, exercendo todas as formas de pressões internas e externas para aquele fim”.

    O envenenamento simbólico de parte da população era feito com muita competência e a própria mídia apresentava possíveis antídotos, além do golpe que estava sempre presente no horizonte.

    Sem registros históricos, um desses antídotos só não é risível porque o momento não estava para brincadeiras. A TV Paulista e a Rádio Nacional de São Paulo, que depois seriam vendidas para as Organizações Globo, numa operação até hoje contestada na justiça, propiciaram um espetáculo bizarro na semana santa que antecedeu o golpe.

    O apresentador do programa de rádio diário, “A hora da Ave Maria”, Pedro Geraldo Costa, foi a Jerusalém às expensas das emissoras e de lá trouxe uma cruz enorme de madeira que chegou ao Rio de Janeiro de avião e seguiu em peregrinação para São Paulo trafegando lentamente pela via Dutra, com uma parada simbólica em Aparecida. Nas proximidades da capital foi içada por um helicóptero e suavemente depositada no Vale do Anhangabaú em meio a multidão convocada pelo rádio e pela TV para orar junto à cruz pelo país. Episódio esquecido que, no entanto, se articula com as marchas religiosas e golpistas do período, insufladas pela mídia.

    Como depois as pesquisas do Ibope mostraram, essas multidões arregimentadas pelo conluio igreja-meios de comunicação representavam parcelas minoritárias da população. A maioria apoiava o governo Jango e a sua política reformista. Mas até hoje, passados 50 anos, o golpe ainda é apresentado pela mesma mídia como tendo sido respaldado pelo povo. Foi apenas por aqueles que se deixaram levar pela insidiosa campanha midiática do início dos anos 1960.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje. Nas bancas, a Última Hora era a alternativa aos jornais reacionários, a TV Excelsior abria espaço para o contraditório e algumas emissoras de rádio mantinham-se alheias as pressões golpistas, como a 9 de Julho de São Paulo, cassada pela ditadura.

    Hoje nem isso temos possibilitando que apenas uma versão, a dos golpistas, continue circulando pela mídia tradicional. O “esquecimento” de figuras como a de Mário Wallace Simonsen e de episódios como a da cruz que veio de Jerusalém são propositais. Se lembrados poriam em cheque a ameaça comunista e o apoio espontâneo das massas ao golpe.

    Versões distorcidas, bem ao gosto do Instituto Millenium que está ai como um fantasma a lembrar alguns traços assustadores dos antigos IPES e do IBAD.

    tv-excelsior

    – See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/04/21/cadernos-especiais-da-midia-nao-contaram-historia-da-tv-excelsior/#sthash.GFVK6qPI.dpuf

    Lembranças da mídia “esquecida” pela ditadura

    Por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje.

    “Dia 1º de abril de 1964. Cinelândia, Rio de Janeiro. Em frente ao Clube Militar, um garoto de 12 anos começa a gritar ‘Jangooo’, ‘Jangooo’. Um homem alto e magro, cabelo cortado recente, bigodes finos, aponta a sua automática e explode a cabeça do menino. Nesse dia eu era diretor de jornalismo da Rede Excelsior de Televisão, na época líder absoluta de audiência. Nessa mesma noite de 1º de abril, no Jornal de Vanguarda, a cena foi ao ar”, lembra Fernando Barbosa Lima no livro Gloria in Excelsior escrito por Álvaro de Moya.

    Era o início de uma longa ditadura e o começo do fim da única rede de televisão brasileira que, um dia, alinhou-se a um projeto nacional de desenvolvimento autônomo liderado pelo presidente João Goulart.

    O Jornal de Vanguarda, havia sido premiado pela Eurovisão, a rede europeia de televisões públicas, como melhor do mundo no seu gênero, superando os programas de notícias da BBC de Londres. Com recursos e independência, a Excelsior criava um novo padrão de qualidade para a TV brasileira, copiado depois pela Globo.

    Ao tiro na Cinelândia seguiu-se a invasão da emissora por policiais armados e a derrocada de um império comandado pelo empresário Mário Wallace Simonsen. Figura esquecida intencionalmente pela mídia de hoje já que sua lembrança destroi a lenda golpista de que o Brasil de Jango caminhava para o comunismo.

    O dono da Excelsior, e também da Panair do Brasil e da maior empresa exportadora de café do pais, a Comal, de comunista não tinha nada. Tinha, isso sim, convicção que seus negócios só prosperariam se o país crescesse de forma independente, livre do jugo imposto pelos Estados Unidos. Disputava o mercado internacional do café com o grupo Rockfeller.

    Esteve ao lado da ordem democrática durante os governos Juscelino, Jânio e Jango. Mandou um avião da Panair buscar o vice-presidente Goulart em Pequim, durante a crise da renúncia de Jânio em 1961 e hospedou-o em seu apartamento de Paris, durante uma das escalas da longa viagem. Os golpistas nunca o perdoaram.

    Os projetos de reformas de base enviadas por Jango ao Congresso, em março de 1964, se efetivados, encaminhariam o Brasil para o patamar de “potência independente, com ascendência sobre a América Latina e a África” no dizer do sociólogo Octavio Ianni no livro ‘O colapso do populismo no Brasil’.

    A essa política se contrapôs, com o golpe, um modelo de capitalismo associado e dependente mantendo o Brasil na condição de satélite da órbita centralizada pelos Estados Unidos. Coube à mídia dar respaldo à subserviência, sem o qual a ação dos golpistas e depois a da ditadura, teria sido mais árdua.

    No centro desse processo, como coordenador do trabalho de conquista dos corações e mentes da sociedade, estavam o Instituto de Pesquisas Sociais, o IPES e o Instituto de Ação Social, o IBAD. Um complexo de produção ideológica que “publicava diretamente ou através de acordo com várias editoras, uma série extensa de trabalhos, incluindo livros, panfletos periódicos, jornais, revistas e folhetos. Saturava o rádio e a televisão com suas mensagens políticas e ideológicas”, como mostra a pesquisa de Rene Armand Dreifuss, publicada no livro ’1964: a conquista do Estado’.

    A máquina da desinformação, azeitada por recursos captados nas elites empresariais pagava os donos de jornais, rádios e TVs ou diretamente os jornalistas, executores das pautas de interesse dos golpistas.

    É precioso o relato de Rene Dreyfuss ao demonstrar como “o IPES organizava equipes de ‘manipuladores de notícias’ que preparavam e compilavam material sob a coordenação geral do general Golbery do Couto e Silva, especialista em guerra psicológica. Esses manipuladores se responsabilizavam pelas ‘campanhas de pânico’. A ‘campanha da ameaça vermelha’ empreendida pelo IPES mostrou-se muito útil na melhoria de sua situação financeira, já que atraiu contribuições de empresários tomados de pânico e profissionais que temiam o futuro”.

    Segundo Dreyfuss, “eram também ‘feitas’ em O Globo notícias sem atribuição de fonte ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação factual. Dessas notícias, uma que provocou um grande impacto na opinião pública foi a de que a União Soviética imporia a instalação de um Gabinete Comunista no Brasil, exercendo todas as formas de pressões internas e externas para aquele fim”.

    O envenenamento simbólico de parte da população era feito com muita competência e a própria mídia apresentava possíveis antídotos, além do golpe que estava sempre presente no horizonte.

    Sem registros históricos, um desses antídotos só não é risível porque o momento não estava para brincadeiras. A TV Paulista e a Rádio Nacional de São Paulo, que depois seriam vendidas para as Organizações Globo, numa operação até hoje contestada na justiça, propiciaram um espetáculo bizarro na semana santa que antecedeu o golpe.

    O apresentador do programa de rádio diário, “A hora da Ave Maria”, Pedro Geraldo Costa, foi a Jerusalém às expensas das emissoras e de lá trouxe uma cruz enorme de madeira que chegou ao Rio de Janeiro de avião e seguiu em peregrinação para São Paulo trafegando lentamente pela via Dutra, com uma parada simbólica em Aparecida. Nas proximidades da capital foi içada por um helicóptero e suavemente depositada no Vale do Anhangabaú em meio a multidão convocada pelo rádio e pela TV para orar junto à cruz pelo país. Episódio esquecido que, no entanto, se articula com as marchas religiosas e golpistas do período, insufladas pela mídia.

    Como depois as pesquisas do Ibope mostraram, essas multidões arregimentadas pelo conluio igreja-meios de comunicação representavam parcelas minoritárias da população. A maioria apoiava o governo Jango e a sua política reformista. Mas até hoje, passados 50 anos, o golpe ainda é apresentado pela mesma mídia como tendo sido respaldado pelo povo. Foi apenas por aqueles que se deixaram levar pela insidiosa campanha midiática do início dos anos 1960.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje. Nas bancas, a Última Hora era a alternativa aos jornais reacionários, a TV Excelsior abria espaço para o contraditório e algumas emissoras de rádio mantinham-se alheias as pressões golpistas, como a 9 de Julho de São Paulo, cassada pela ditadura.

    Hoje nem isso temos possibilitando que apenas uma versão, a dos golpistas, continue circulando pela mídia tradicional. O “esquecimento” de figuras como a de Mário Wallace Simonsen e de episódios como a da cruz que veio de Jerusalém são propositais. Se lembrados poriam em cheque a ameaça comunista e o apoio espontâneo das massas ao golpe.

    Versões distorcidas, bem ao gosto do Instituto Millenium que está ai como um fantasma a lembrar alguns traços assustadores dos antigos IPES e do IBAD.

    – See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/04/21/cadernos-especiais-da-midia-nao-contaram-historia-da-tv-excelsior/#sthash.ljm2V2lr.dpufLembranças da mídia “esquecida” pela ditadura

    Por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje.

    “Dia 1º de abril de 1964. Cinelândia, Rio de Janeiro. Em frente ao Clube Militar, um garoto de 12 anos começa a gritar ‘Jangooo’, ‘Jangooo’. Um homem alto e magro, cabelo cortado recente, bigodes finos, aponta a sua automática e explode a cabeça do menino. Nesse dia eu era diretor de jornalismo da Rede Excelsior de Televisão, na época líder absoluta de audiência. Nessa mesma noite de 1º de abril, no Jornal de Vanguarda, a cena foi ao ar”, lembra Fernando Barbosa Lima no livro Gloria in Excelsior escrito por Álvaro de Moya.

    Era o início de uma longa ditadura e o começo do fim da única rede de televisão brasileira que, um dia, alinhou-se a um projeto nacional de desenvolvimento autônomo liderado pelo presidente João Goulart.

    O Jornal de Vanguarda, havia sido premiado pela Eurovisão, a rede europeia de televisões públicas, como melhor do mundo no seu gênero, superando os programas de notícias da BBC de Londres. Com recursos e independência, a Excelsior criava um novo padrão de qualidade para a TV brasileira, copiado depois pela Globo.

    Ao tiro na Cinelândia seguiu-se a invasão da emissora por policiais armados e a derrocada de um império comandado pelo empresário Mário Wallace Simonsen. Figura esquecida intencionalmente pela mídia de hoje já que sua lembrança destroi a lenda golpista de que o Brasil de Jango caminhava para o comunismo.

    O dono da Excelsior, e também da Panair do Brasil e da maior empresa exportadora de café do pais, a Comal, de comunista não tinha nada. Tinha, isso sim, convicção que seus negócios só prosperariam se o país crescesse de forma independente, livre do jugo imposto pelos Estados Unidos. Disputava o mercado internacional do café com o grupo Rockfeller.

    Esteve ao lado da ordem democrática durante os governos Juscelino, Jânio e Jango. Mandou um avião da Panair buscar o vice-presidente Goulart em Pequim, durante a crise da renúncia de Jânio em 1961 e hospedou-o em seu apartamento de Paris, durante uma das escalas da longa viagem. Os golpistas nunca o perdoaram.

    Os projetos de reformas de base enviadas por Jango ao Congresso, em março de 1964, se efetivados, encaminhariam o Brasil para o patamar de “potência independente, com ascendência sobre a América Latina e a África” no dizer do sociólogo Octavio Ianni no livro ‘O colapso do populismo no Brasil’.

    A essa política se contrapôs, com o golpe, um modelo de capitalismo associado e dependente mantendo o Brasil na condição de satélite da órbita centralizada pelos Estados Unidos. Coube à mídia dar respaldo à subserviência, sem o qual a ação dos golpistas e depois a da ditadura, teria sido mais árdua.

    No centro desse processo, como coordenador do trabalho de conquista dos corações e mentes da sociedade, estavam o Instituto de Pesquisas Sociais, o IPES e o Instituto de Ação Social, o IBAD. Um complexo de produção ideológica que “publicava diretamente ou através de acordo com várias editoras, uma série extensa de trabalhos, incluindo livros, panfletos periódicos, jornais, revistas e folhetos. Saturava o rádio e a televisão com suas mensagens políticas e ideológicas”, como mostra a pesquisa de Rene Armand Dreifuss, publicada no livro ’1964: a conquista do Estado’.

    A máquina da desinformação, azeitada por recursos captados nas elites empresariais pagava os donos de jornais, rádios e TVs ou diretamente os jornalistas, executores das pautas de interesse dos golpistas.

    É precioso o relato de Rene Dreyfuss ao demonstrar como “o IPES organizava equipes de ‘manipuladores de notícias’ que preparavam e compilavam material sob a coordenação geral do general Golbery do Couto e Silva, especialista em guerra psicológica. Esses manipuladores se responsabilizavam pelas ‘campanhas de pânico’. A ‘campanha da ameaça vermelha’ empreendida pelo IPES mostrou-se muito útil na melhoria de sua situação financeira, já que atraiu contribuições de empresários tomados de pânico e profissionais que temiam o futuro”.

    Segundo Dreyfuss, “eram também ‘feitas’ em O Globo notícias sem atribuição de fonte ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação factual. Dessas notícias, uma que provocou um grande impacto na opinião pública foi a de que a União Soviética imporia a instalação de um Gabinete Comunista no Brasil, exercendo todas as formas de pressões internas e externas para aquele fim”.

    O envenenamento simbólico de parte da população era feito com muita competência e a própria mídia apresentava possíveis antídotos, além do golpe que estava sempre presente no horizonte.

    Sem registros históricos, um desses antídotos só não é risível porque o momento não estava para brincadeiras. A TV Paulista e a Rádio Nacional de São Paulo, que depois seriam vendidas para as Organizações Globo, numa operação até hoje contestada na justiça, propiciaram um espetáculo bizarro na semana santa que antecedeu o golpe.

    O apresentador do programa de rádio diário, “A hora da Ave Maria”, Pedro Geraldo Costa, foi a Jerusalém às expensas das emissoras e de lá trouxe uma cruz enorme de madeira que chegou ao Rio de Janeiro de avião e seguiu em peregrinação para São Paulo trafegando lentamente pela via Dutra, com uma parada simbólica em Aparecida. Nas proximidades da capital foi içada por um helicóptero e suavemente depositada no Vale do Anhangabaú em meio a multidão convocada pelo rádio e pela TV para orar junto à cruz pelo país. Episódio esquecido que, no entanto, se articula com as marchas religiosas e golpistas do período, insufladas pela mídia.

    Como depois as pesquisas do Ibope mostraram, essas multidões arregimentadas pelo conluio igreja-meios de comunicação representavam parcelas minoritárias da população. A maioria apoiava o governo Jango e a sua política reformista. Mas até hoje, passados 50 anos, o golpe ainda é apresentado pela mesma mídia como tendo sido respaldado pelo povo. Foi apenas por aqueles que se deixaram levar pela insidiosa campanha midiática do início dos anos 1960.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje. Nas bancas, a Última Hora era a alternativa aos jornais reacionários, a TV Excelsior abria espaço para o contraditório e algumas emissoras de rádio mantinham-se alheias as pressões golpistas, como a 9 de Julho de São Paulo, cassada pela ditadura.

    Hoje nem isso temos possibilitando que apenas uma versão, a dos golpistas, continue circulando pela mídia tradicional. O “esquecimento” de figuras como a de Mário Wallace Simonsen e de episódios como a da cruz que veio de Jerusalém são propositais. Se lembrados poriam em cheque a ameaça comunista e o apoio espontâneo das massas ao golpe.

    Versões distorcidas, bem ao gosto do Instituto Millenium que está ai como um fantasma a lembrar alguns traços assustadores dos antigos IPES e do IBAD.
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    Vídeos do ótimo programa Ver TV exibido pela TV Câmara, em 21/05/2009, programa conduzido pelo Prof.Laurindo, entrevistando a atriz Georgia Gomide, o jornalista Tarcísio de Holanda e o diretor da extinta TV, jornalista Álvaro de Moya

    [video:http://youtu.be/oQ795PApZJQ%5D

    [video:http://youtu.be/ZePGhgueJAk%5D

    [video:http://youtu.be/oQ795PApZJQ%5D

    Lembranças da mídia “esquecida” pela ditadura

    Por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje.

    “Dia 1º de abril de 1964. Cinelândia, Rio de Janeiro. Em frente ao Clube Militar, um garoto de 12 anos começa a gritar ‘Jangooo’, ‘Jangooo’. Um homem alto e magro, cabelo cortado recente, bigodes finos, aponta a sua automática e explode a cabeça do menino. Nesse dia eu era diretor de jornalismo da Rede Excelsior de Televisão, na época líder absoluta de audiência. Nessa mesma noite de 1º de abril, no Jornal de Vanguarda, a cena foi ao ar”, lembra Fernando Barbosa Lima no livro Gloria in Excelsior escrito por Álvaro de Moya.

    Era o início de uma longa ditadura e o começo do fim da única rede de televisão brasileira que, um dia, alinhou-se a um projeto nacional de desenvolvimento autônomo liderado pelo presidente João Goulart.

    O Jornal de Vanguarda, havia sido premiado pela Eurovisão, a rede europeia de televisões públicas, como melhor do mundo no seu gênero, superando os programas de notícias da BBC de Londres. Com recursos e independência, a Excelsior criava um novo padrão de qualidade para a TV brasileira, copiado depois pela Globo.

    Ao tiro na Cinelândia seguiu-se a invasão da emissora por policiais armados e a derrocada de um império comandado pelo empresário Mário Wallace Simonsen. Figura esquecida intencionalmente pela mídia de hoje já que sua lembrança destroi a lenda golpista de que o Brasil de Jango caminhava para o comunismo.

    O dono da Excelsior, e também da Panair do Brasil e da maior empresa exportadora de café do pais, a Comal, de comunista não tinha nada. Tinha, isso sim, convicção que seus negócios só prosperariam se o país crescesse de forma independente, livre do jugo imposto pelos Estados Unidos. Disputava o mercado internacional do café com o grupo Rockfeller.

    Esteve ao lado da ordem democrática durante os governos Juscelino, Jânio e Jango. Mandou um avião da Panair buscar o vice-presidente Goulart em Pequim, durante a crise da renúncia de Jânio em 1961 e hospedou-o em seu apartamento de Paris, durante uma das escalas da longa viagem. Os golpistas nunca o perdoaram.

    Os projetos de reformas de base enviadas por Jango ao Congresso, em março de 1964, se efetivados, encaminhariam o Brasil para o patamar de “potência independente, com ascendência sobre a América Latina e a África” no dizer do sociólogo Octavio Ianni no livro ‘O colapso do populismo no Brasil’.

    A essa política se contrapôs, com o golpe, um modelo de capitalismo associado e dependente mantendo o Brasil na condição de satélite da órbita centralizada pelos Estados Unidos. Coube à mídia dar respaldo à subserviência, sem o qual a ação dos golpistas e depois a da ditadura, teria sido mais árdua.

    No centro desse processo, como coordenador do trabalho de conquista dos corações e mentes da sociedade, estavam o Instituto de Pesquisas Sociais, o IPES e o Instituto de Ação Social, o IBAD. Um complexo de produção ideológica que “publicava diretamente ou através de acordo com várias editoras, uma série extensa de trabalhos, incluindo livros, panfletos periódicos, jornais, revistas e folhetos. Saturava o rádio e a televisão com suas mensagens políticas e ideológicas”, como mostra a pesquisa de Rene Armand Dreifuss, publicada no livro ’1964: a conquista do Estado’.

    A máquina da desinformação, azeitada por recursos captados nas elites empresariais pagava os donos de jornais, rádios e TVs ou diretamente os jornalistas, executores das pautas de interesse dos golpistas.

    É precioso o relato de Rene Dreyfuss ao demonstrar como “o IPES organizava equipes de ‘manipuladores de notícias’ que preparavam e compilavam material sob a coordenação geral do general Golbery do Couto e Silva, especialista em guerra psicológica. Esses manipuladores se responsabilizavam pelas ‘campanhas de pânico’. A ‘campanha da ameaça vermelha’ empreendida pelo IPES mostrou-se muito útil na melhoria de sua situação financeira, já que atraiu contribuições de empresários tomados de pânico e profissionais que temiam o futuro”.

    Segundo Dreyfuss, “eram também ‘feitas’ em O Globo notícias sem atribuição de fonte ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação factual. Dessas notícias, uma que provocou um grande impacto na opinião pública foi a de que a União Soviética imporia a instalação de um Gabinete Comunista no Brasil, exercendo todas as formas de pressões internas e externas para aquele fim”.

    O envenenamento simbólico de parte da população era feito com muita competência e a própria mídia apresentava possíveis antídotos, além do golpe que estava sempre presente no horizonte.

    Sem registros históricos, um desses antídotos só não é risível porque o momento não estava para brincadeiras. A TV Paulista e a Rádio Nacional de São Paulo, que depois seriam vendidas para as Organizações Globo, numa operação até hoje contestada na justiça, propiciaram um espetáculo bizarro na semana santa que antecedeu o golpe.

    O apresentador do programa de rádio diário, “A hora da Ave Maria”, Pedro Geraldo Costa, foi a Jerusalém às expensas das emissoras e de lá trouxe uma cruz enorme de madeira que chegou ao Rio de Janeiro de avião e seguiu em peregrinação para São Paulo trafegando lentamente pela via Dutra, com uma parada simbólica em Aparecida. Nas proximidades da capital foi içada por um helicóptero e suavemente depositada no Vale do Anhangabaú em meio a multidão convocada pelo rádio e pela TV para orar junto à cruz pelo país. Episódio esquecido que, no entanto, se articula com as marchas religiosas e golpistas do período, insufladas pela mídia.

    Como depois as pesquisas do Ibope mostraram, essas multidões arregimentadas pelo conluio igreja-meios de comunicação representavam parcelas minoritárias da população. A maioria apoiava o governo Jango e a sua política reformista. Mas até hoje, passados 50 anos, o golpe ainda é apresentado pela mesma mídia como tendo sido respaldado pelo povo. Foi apenas por aqueles que se deixaram levar pela insidiosa campanha midiática do início dos anos 1960.

    Apesar do desfecho trágico que levou o Brasil a uma ditadura sanguinária, em termos de mídia estávamos melhor naquela época do que hoje. Nas bancas, a Última Hora era a alternativa aos jornais reacionários, a TV Excelsior abria espaço para o contraditório e algumas emissoras de rádio mantinham-se alheias as pressões golpistas, como a 9 de Julho de São Paulo, cassada pela ditadura.

    Hoje nem isso temos possibilitando que apenas uma versão, a dos golpistas, continue circulando pela mídia tradicional. O “esquecimento” de figuras como a de Mário Wallace Simonsen e de episódios como a da cruz que veio de Jerusalém são propositais. Se lembrados poriam em cheque a ameaça comunista e o apoio espontâneo das massas ao golpe.

    Versões distorcidas, bem ao gosto do Instituto Millenium que está ai como um fantasma a lembrar alguns traços assustadores dos antigos IPES e do IBAD.
    – See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/04/21/cadernos-especiais-da-midia-nao-contaram-historia-da-tv-excelsior/#sthash.ljm2V2lr.dpuf

  4. A história de uma das maiores vítimas da cruel ditadura de 64

    Depoimento de Marylou Simonsen, filha do falecido empresário Mário Wallace Simonsen, na “Audiência da Comissão da Verdade”, realizada no dia 23/03/2013, no Teatro Maison de France, no RJ .

    Nesta “Audiência”, a herdeira relatou as ações covardes e criminosas dos golpistas contra o grande empresário, proprietário da Panair do Brasil, TV Excelsior dentro outras empresas .

    ( O trecho deste depoimento mais emocionante, foi quando ela falou sobre o quanto o pai dela foi inocente ao ter total confiança na justiça brasileira) 

    [video:http://youtu.be/HYQy2KWZmj4%5D

     

  5. Ataulfo Alves, eternamente samba

    Por Tamára Baranov – Rio Claro/SP

    “Sei que vou morrer, não sei o dia. Levarei saudades da Maria. Sei que vou morrer não sei a hora. Levarei saudades da Aurora. Quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita de um samba.”

    Ataulfo Alves (Ataulfo Alves de Souza)
    (Miraí, 02 de maio de 1909 – Rio de Janeiro, 20 de abril de 1969)

    Educado, gentil e refinado, vestia-se com elegância. Chegou a ser eleito um dos 10 mais elegantes em famoso concurso. O mineiro Ataulfo Alves foi um dos mais bem sucedidos sambistas compositores dos anos 1940 e 1950. Quando chegou ao Rio trabalhava para um médico, durante o dia entregava recados e receitas, à noite fazia faxina na casa do doutor. No emprego seguinte lavava os vidros de uma farmácia, depois aprendeu o ofício de prático de farmácia. Na época, morava no bairro do Rio Comprido, onde passou a frequentar rodas de samba e já mostrava habilidade com o violão, cavaquinho e o bandolim. Com 20 anos passou a compor, e se tornou diretor do bloco ‘Fale Quem Quiser’. Foi apresentado ao diretor de uma gravadora e começaram a surgir intérpretes para suas obras. Disposto a dar voz as suas próprias músicas, Ataulfo gravou ‘Leva meu samba’ em parceria com Abel Neto.

    Também em parceria, dessa vez com Mario Lago, compôs uma de suas mais famosas composições, ‘Ai que saudades da Amélia’, surpreendentemente recusada por vários cantores que alegaram ser um samba desinteressante. Com dificuldades financeiras gravou ele mesmo a canção. E criou o grupo ‘Ataulfo Alves e suas Pastoras’, que regia com um lenço branco. Na década de 1950, Ataulfo Alves retratou o fim do casamento de Dalva de Oliveira na música ‘Errei, sim’. Nessa mesma época, com o surgimento da bossa nova, Ataulfo continuou em destaque. A vida dura na infância e algumas desilusões amorosas contribuíram para que suas melodias fossem saudosas e tristes, que falavam de dor de cotovelo, tema que caracterizava a época. Em 1965 passou o seu título de General do Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior. Em 1967 voltou a aparecer com várias gravações do samba ‘Laranja Madura’; com Carlos Imperial compôs ‘Você passa, eu acho graça’. Poucos dias antes de completar 60 anos faleceu vítima de uma úlcera que o acompanhou e o atormentou por quase 20 anos.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=9tc4WW5baYk align:center]

  6. Salve Tira!

    Antes lúgubre do que lúdico

    Le Grand Van Gogh

    Combalidos,

    Com balidos

    São banidos

    Os bandidos

    Pastores de outrora

    Motim

    Ovelhas em traição

    Festim

    Ô velha tradição

    Festim de classe?

    Não

    Motim de classes?

    Talvez

    Talvez outrora, quem sabe…

    Nasce a expectativa

    Jaz a tentativa

    Esperam

    Os mais ousados esperam mudanças

    Mas esperam

    Vivemos na Meca do conformismo

    Vivemos na merda do conformismo

    Vivemos no que chamo de “coliformismo”

    Uma sociedade doente

    Não, decrépita

    Ou melhor, de cripta!

    Cava fundo a própria vala

    Cava fundo uma vala rasa

    Longe de Valhalla

    Terra onde os heróis não tem vez

    É o ventre de Gaia

    Padece de hipocondria?

    Antes fosse

    “Hipocrisia” é a chaga desse cadáver que definha

    A chaga que definha esse cadáver

    A chaga que dá fim a esse estimado cadáver

    Créditos:

    Poema – publicado pelo blog Devaneios Infundados

    Imagem – foto de uma das esculturas de bronze da série Les Voyageurs de Bruno Catalano que estão expostas em Marseille.

    [ Tributo a Tiradentes ]

    1. Bárbara de Alencar

      A belíssima e melancólica canção de Ednardo

      É um tributo a Bárbara de Alencar a heroína da Confederação do Equador.

      Hoje ao passar pelos lados
      Das brancas paredes, paredes do forte
      Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos
      Ganidos de morte
      Vindos daquela janela
      É Bárbara, tenho certeza
      É Bárbara, sei que é ela
      Que de dentro da fortaleza
      Por seus filhos e irmãos
      Joga gemidos, gemidos no ar
      Que sonhos tão loucos, tão loucos, tão loucos
      Tão loucos foi Bárbara sonhar
      Se deixe ficar por instantes
      Na sombra desse baobá
      Que virão fantasmas errantes
      De sonhos eternos falar
      Amigo que desces a rua
      Não te assustes, não passes distante
      Procura entender, entender
      Entender o segredo
      Desse peito sangrante

      [video:http://youtu.be/B67dlCgahTc%5D

      Sobre Bárbara de Alencar:

      http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2013/10/barbara-de-alencar-1-mulher.html

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