“Não existe futuro sem partilha, nem Messias de arma na mão”: o samba que o Brasil de Bolsonaro precisa ouvir

Enredo da Mangueira resgata os ensinamentos de Cristo em oposição ao avanço do conservadorismo e intolerância no País

Jornal GGN – “Será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque, de novo, cravejaram o meu corpo, os profetas da intolerância. Favela, pega a visão: não tem futuro sem partilha, nem messias de arma na mão.”

Com essas palavras, a Mangueira, campeã do Carnaval no Rio em 2019, retorna à avenida em 2020 com mais um enredo político. Dessa vez, a escola de samba resgata os ensinamentos de Jesus Cristo, em defesa do oprimidos, pelo “amor sem fronteiras” e contra a intolerância.

O tema foi decidido há meses, mas calha com um momento em que o País vive, de um lado, atentados à liberdade das religiões de matriz afro e, de outros, ataques à liberdade de expressão de artistas que criticam a intolerância de alas conservadoras, caso do coletivo Porta dos Fundos.

Em “A Verdade Vos Fará Livre”, a escola afirma que Jesus já nasceu de “punhos cerrados”, com “rosto negro, sangue índio, corpo de mulher”.

Na Sapucaí, promete levar Maria Madalena barbada e vestida com as cores LGBT, e Nossa Senhora das Dores de luto, segurando uma bandeira que diz “estado assassino” no lugar de “ordem e progresso”.

A proposta já gerou protestos entre conservadores, que organizam um abaixo-assinado contra o desfile e ameaçam com processos judiciais.

Abaixo, o enredo com legendas:

[Enredo: A Verdade Vos Fará Livre]

Senhor, tenha piedade
Olhai para a terra
Veja quanta maldade
Senhor, tenha piedade
Olhai para a terra
Veja quanta maldade

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré
Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher
Moleque pelintra no buraco quente
Meu nome é Jesus da Gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado
Meu pai carpinteiro, desempregado
Minha mãe é Maria das Dores Brasil

Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira
Me encontro no amor que não encontra fronteira
Procura por mim nas fileiras contra a opressão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado
Em cordéis e corcovados
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque, de novo, cravejaram o meu corpo
Os profetas da intolerância
Sem saber que a esperança
Brilha mais na escuridão

Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem messias de arma na mão
Favela, pega a visão
Eu faço fé na minha gente
Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir
O desabafo sincopado da cidade
Quarei tambor, da cruz fiz esplendor
E ressurgi pro cordão da liberdade

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré
Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher
Moleque pelintra no buraco quente
Meu nome é Jesus da Gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado
Meu pai carpinteiro, desempregado
Minha mãe é Maria das Dores Brasil

Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira
Me encontro no amor que não encontra fronteira
Procura por mim nas fileiras contra a opressão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado
Em cordéis e corcovados
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque, de novo, cravejaram o meu corpo
Os profetas da intolerância
Sem saber que a esperança
Brilha mais na escuridão

Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem messias de arma na mão
Favela, pega a visão
Eu faço fé na minha gente
Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir
O desabafo sincopado da cidade
Quarei tambor, da cruz fiz esplendor
E ressurgi pro cordão da liberdade

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também

Redação

4 Comentários

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  1. Mangueira foi na raiz…
    amar a Jesus, sempre, e muito, não nos impede de dedicar algum tempo para odiar, desmascarar e combater o demônio, os tiranos, os torturadores, os racistas ou todos os seus iguais

  2. O samba vem resistindo, desde o ano passado, vários enredos vem marcando terreno. Não é fácil para um carioca “legítimo”, ter um Crivela, Bolsonaro e um Witzel. Tínhamos vários problemas, mas sabemos que esses não são a solução. esse ano temos outros sambas forte, tais como:
    Portela
    “Índio pede paz mas é de guerra
    Nossa aldeia é sem partido ou facção
    Não tem bispo, nem se curva a capitão”

    Grande Rio
    “Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
    Eu respeito seu amém
    Você respeita o meu axé”
    Mocidade imdependente Falando da maravilhosa Elza Soares
    “Brasil, esquece o mal que te consome
    Que os filhos do planeta fome
    Não percam a esperança em seu cantar
    Ó nega, “sou eu que te falo em nome daquela”
    Da batida mais quente, o som da favela
    A resistência em oração”

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