Não quero flores, obrigada!, por Cristiane Alves

Grafite de Panmela

Não quero flores, obrigada.

por Cristiane Alves

Todo dia 8 do terceiro mês do ano recebo flores e cartões de parabenização pelo Dia da Mulher. Quase nunca é pela história relacionada ao dia, pela luta e pelo sofrimento recrudescente.

Dia da mulher é dia de flores por sermos femininas, delicadas, lindas, por sermos mães, por procriarmos, por adotarmos, por sermos as que educam e por sermos merecedoras. Resta saber o motivo de um órgão reprodutor feminino nos tornar merecedoras de um dia memorial.

Às vezes, penso em devolver os cartões, mas na maioria das vezes, apenas agradeço e elogio (quando é verdade). Queria dizer que não quero flores, não pelos motivos que elenquei acima.

Me mandem punhos cerrados ao ar, me mandem relatos de coragem e superação, me mandem cards representativos de um grupo que merece mais e conquista esse mais a cada dia.

Tanto ainda para lutar. Tantas guerras ainda com o machismo que nos pertence e que precisamos exorcizar em nós, mulheres, que precisamos deixar de cultivar em nossos filhos, meninos e meninas.

Precisamos compreender que esse dia não é um presente masculino pela dádiva de terem lindas representantes do gênero feminino, tampouco é uma invenção feminina para mostrar aos homens que eles “não têm um dia mundial” ou que precisam de um “dia do homem”.

É um dia de choro, de morte e de luta. Um dia para mostrar que mulheres foram coisas e coisas descartáveis.

Dia para mostrar que não temos paridade de direitos, ao contrário, temos sobrecargas de cobrança.

Dia da Mulher não é dia para receber bombom ou jantar especial, não é um dia para o vazio ou o fútil. Nesse dia, mulheres morreram queimadas por ousarem exigir, reivindicar, gritar, andar, se mobilizar, lutar.

“Lugar de mulher é em casa”, “mulher tem que usar vestido”, “mulher não pode usar vermelho”, “mulher é tudo vaca!”.

O bombom, o jantar, o presente? Coma, usufrua, pegue e agradeça. Mas, exija tratamento com deferência todos os dias porque você é você.

Hoje, só hoje, pense no todo, pense em nós. Lute por nós

Cristiane Alves

10 Comentários

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  1. Faço uma homenagem especial a

    Faço uma homenagem especial a Klara Hitler e Olinda Bolsonaro. Elas deram a luz aos seus filhos e cuidaram deles, mas não são responsáveis pelo que Adolf Hitler fez ou pelo que Jair Bolsonaro pretende fazer.

     

    1. Sobre o Partido das Mães

      Pensando nisso, o Ângelo Gaiarsa criou o Partido das Mães, uma metáfora para  o papel das mães na construção da espécie…. além disso, temos a problemática advinda do capitalismo e suas estrutura e superestrutura dominante…

      “(…)

      Em todos os seus livros você dá ênfase à atuação das mães e à responsabilidade delas na neurose coletiva da nossa sociedade. Recentemente você criou o partido das mães. Do que se trata?

      GAIARSA:

      Durante muito tempo eu concordei com todos os psicólogos, dizendo que o problema da criança era a mãe, até que percebi que não são as mães individuais que estão erradas. É o modelo de mãe que está errado. Todas as doutrinas psicoterápicas afirmam que a neurose começa antes dos cinco anos, no lar, quase sempre por influência materna.

      Bom, e qual é a influência das mães ?

      GAIARSA:

      Elas são o DNA da transmissão social. A função delas é pôr na cabeça das crianças todo o lixo da civilização, que nós criticamos de todos os lados, mas continuamos transmitindo. Então se não houver uma nova mãe não haverá um novo homem. Daí foi só dar um pulinho a mais e dizer: “As mães são o maior partido conservador do mundo!!!”

      http://www.viverconsciente.com.br/exibe_artigo.asp?codigo=242#.WqFpFOjwYdU

       

      1. Isso não explica

        Isso não explica absolutamente nada, pois nem todas as crianças desenvolvem personalidades semelhantes às de Hitler e de Bolsonaro.

        Além disso, a evolução civilizatória do Direito Penal nos legou algo essencial: a individualização da responsabilidade criminal. Não podemos responsabilizar as mães pelos atos cometidos pelos seus filhos adultos.

        Só aquele que realmente praticou o ato criminoso (um homicídio ou um genocídio), seja na qualidade de mandante ou de executor, deve ser condenado. 

        É por isso, aliás, que a CF/88 expressamente prescreve que a pena não pode passar do condenado. 

        art. 5º…………………………………………………………………………………………………..

        XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 

  2. MARIA ZAKHAROVA UMA MULHER ACIMA DE TODO PODER

    Nassif, a Ministra de Relações Exteriores da Rússia, seria hoje o símbolo de ser mulher acima do poder e relevância de seu cargo, acho que hoje de todas as representantes com cargos relevantes na política internacional nenhuma outra representa a mulher com tanta desenvoltura sem perder a beleza, a delicadeza e acima de tudo mostrar inteligência sem necessidade de estereótipos clichês como é comum, essa senhora por sinal muito bonita passa despercebida na imprensa brasileira, mas com certeza seria uma criatura a ser espelhada por muitas mulheres pela imposição de simplesmente ser uma MULHER no mundo pesado da política internacional. Não se iludam, poderá ser a próxima presidenta da Rússia após a era Putin. Vai algumas de suas muitas aparições.

    Resultado de imagem para Maria Zakharovahttps://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRXKCX0NrhQgyvJ-tPS24M9yFaOjWrApsKojR0-V2_edUaPee9QImagem relacionada

    Resultado de imagem para Maria ZakharovaImagem relacionada

     

    [video:https://youtu.be/GSv1lRIrLrc%5D

  3. Dia da mulher pra quê, né?

    A cada 10 minutos uma mulher é assassinada pelo parceiro ou ex-parceiro no mundo. Uma realidade aterradora que na América Latina, com uma taxa altíssima de feminicídios, é ainda mais grave. 

     

    https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/07/internacional/1520452960_137452.html

     

    Diferentes países, um mesmo grito contra a desigualdade

    Organizações feministas convocam mobilizações em mais de 170 Estados pelos direitos da mulher

     

  4. Patriarcado, por Ana Roxo e Fernando Morais

    [video:https://youtu.be/lenFqZ8mpSk%5D

    No programa de hoje, Ana Roxo e Fernando Morais falam de patriarcado, feminismo, as origens do 8 de março, Olga Benário. E tem também o resultado do concurso de canecas. Não perca. Semana que vem tem mais, às 17h pelo blog e pelo facebook do Nocaute.

     

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