O eleitorado tucano não quer Alckmin, por Marcos Soares

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Marcos Soares

O saldo das pesquisas dessa semana consolida as tendências de crescimento de Bolsonaro e Haddad e apontam para a disputa entre os dois candidatos no segundo turno. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, o capitão reformado cresceu 4 pontos desde a semana anterior e o petista manteve o crescimento mais acentuado entre os candidatos, subindo em média um ponto por dia desde o anúncio de sua candidatura.

Considerado o histórico e a preferência pelo ex-presidente Lula nas sondagens anteriores, pode-se afirmar que Haddad ainda tem potencial de crescer nos estratos considerados lulistas a ponto de alcançar Bolsonaro, embora a resiliência do deputado mereça destaque. O candidato do PSL ainda empata nos seguimentos de menor renda, menor escolaridade e na região nordeste.
 

Fonte: Agregador de pesquisa Jota

Outro dado que corrobora a impressão de que o segundo turno será entre os dois candidatos que lideram a disputa é o grau de convicção dos eleitores. São de Bolsonaro e Haddad os eleitores menos propensos a mudar o voto até o dia da eleição. Apenas 25% dos eleitores de cada um admite a possibilidade de mudar de candidato. Muito diferente da situação de Ciro, Alckmin e Marina, que vêem a maioria dos seus eleitores afirmar que ainda podem mudar de candidato.

Destaque também para a manutenção dos índices de eleitores propensos a anular o voto ou indecisos. Embora em queda, esses índices estão em patamares acima do que se via em eleições anteriores. Há exatos 4 anos, o mesmo Datafolha apresentava índice de brancos/nulos e indecisos de 13%, hoje são 17%. Ainda é um eleitorado em disputa, dado que esses índices tendem a cair ao longo da campanha.

Um dado que chama a atenção e que pode ajudar a explicar o desempenho frustrante de Alckmin em contrapartida ao supreendente de Bolsonaro são as semelhantes características do eleitorado do ex-capitão e do então candidato tucano em 2014, Aécio Neves. Naquela ocasião, as vésperas da votação do primeiro turno, o tucano tinha seus melhores desempenhos entre os eleitores de maior renda, maior escolaridade, do gênero masculino, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, além de liderar a disputa no estado de São Paulo. São nesses mesmos estratos onde o ex-capitão lidera a disputa com maior distância.
A estagnação de Alckmin e a liderança de Bolsonaro nesses estratos sugerem que esse eleitorado, onde o anti-petismo é mais presente, migrou para o candidato do PSL já no primeiro turno, tornando remota a possibilidade de recuperação do candidato tucano.
 

Marcos Soares é cientista social e especialista em Opinião Pública, Mídia e Estratégias de Comunicação Política na instituição de ensino IUPERJ

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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