O golpe que era sólido desmanchou no ar

Há uma semana a Câmara dos Deputados aprovou o Impedimento de Dilma Rousseff. Esta decisão é ilegítima, pois a presidenta não cometeu nenhum crime de responsabilidade e a Constituição do Brasil não permite o afastamento do presidente só porque ele não tem maioria parlamentar ou porque uma maioria parlamentar não gosta do chefe de governo eleito pelo povo brasileiro.

A decisão da Câmara foi comemorada pela imprensa brasileira. Mas a imprensa internacional denunciou a existência de um golpe de estado. Quase todos os veículos de comunicação norte-americanos e europeus admitiram que Dilma Rousseff está sendo injustamente deposta e a própria presidente reforçou isto ao discursar na ONU.

Esta disputa em torno da representação pública e publicada do golpe ficou evidente na carta enviada pelo dono da Rede Globo ao jornal Guardian, reclamando do jornal inglês ter chamado o golpe de golpe e não de Impedimento como ele gostaria. O “autoritarismo sem fronteiras” do dono da maior rede de TV brasileira foi exposto ao ridículo, pois o Guardian publicou a carta dele na caixa de comentários da matéria que ele impugnou.

O golpe do Impedimento não era sólido e desmanchou no ar em menos de uma semana. Dilma Rousseff continua sendo respeitada fora do Brasil e o apoio a ela tem crescido exponencialmente nas ruas brasileiras.

A respeitabilidade da Câmara dos Deputados, contudo, foi irremediavelmente destruída pela imprensa internacional. Eduardo Cunha, protegido pela imprensa brasileira, ganhou na Europa e nos EUA a imagem que ele merece: o presidente da Câmara não passa de um gangster procurado pela justiça que comanda uma quadrilha de parlamentares. O Brasil não é visto mais como uma República. Nem poderá ser visto como uma “república de bananas”. De fato, o Brasil se tornará um “sindicato de ladrões” se o golpe não for derrotado.

O Senado ainda não apreciou o golpe do Impedimento e deverá levar em consideração três coisas ao fazer isto. A primeira é a Constituição em vigor que foi desrespeitada pela Câmara. A segunda é a possibilidade de sua própria imagem ficar comprometida caso se alie ao golpe de estado desencadeado pelos bandidos liderados por Eduardo Cunha. E a terceira é se tornar irrelevante caso sua própria decisão seja contestada e revogada pelo STF.

A credibilidade do próprio STF também está derretendo rapidamente. O Tribunal auxiliou indiretamente o golpe de estado na medida em que se recusou a afastar do cargo o bandido que preside a Câmara e comandou o golpe de estado. A imprensa internacional, com justiça, já começou a questionar o STF. Isto também tem sido feito dentro do nosso país por jornalistas de renome como Janio de Freitas.

Se houver uma guerra civil, o sangue dos brasileiros irá respingar nas malditas togas dos juízes que permitiram ao “sindicato de ladrões” comandado por Eduardo Cunha controlar a presidência? Esta pergunta não precisa ser respondida. Todos já sabem a resposta. Quando a política entra no Tribunal por uma porta, a Justiça sai dele por outra como disse Guizot.   

Fábio de Oliveira Ribeiro

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