Antes, a direita metia medo.
Ai de quem afrontasse o seu desatino.
Havia a voz virulenta dos lacerdas
(hoje tem tio-rei e constantino,
mainardi, merval e outras merdas),
o silêncio dos generais era funesto
(hoje ele é indiferente,
recolhido, com pinta de honesto),
mas havia também uma eficácia triste:
os reaças contavam com um arsenal,
fuzis apontados para você.
Havia algo além do verbo radical
dos jornais, do rádio e da tv:
a direita caçava sem piedade,
as tropas matavam fácil.
Com brucutu, canhão e baioneta,
perfilados, tomavam palácios.
Quando urdiam, mudavam a realidade,
O golpe dava certo, não havia treta.
Hoje tudo mudou.
No golpe contemporâneo,
o revoltado branquelo
deixou de meter medo,
virou gelatina, virou farelo.
Como se fosse espontâneo,
põe na globo logo cedo,
folheia a revista veja,
veste tom verde-amarelo
e parte pro descarrego,
com sua lata de cerveja.
A tv esquenta o pessoal,
os demônios vêm pra rua,
enquanto na rede social,
rimos do mundo da lua.
Eles dizem não ter chefe,
batem continência, batem no peito,
mas seu tiro é festim, mequetrefe,
não merecem respeito.
Hoje, na cara dura,
o discurso do bem e do mal
canta Vandré e a ditadura,
perdeu o que tinha de eixo.
Hoje mulher mostra a teta,
tira selfie com milico,
japonês joga playstation
e musculoso paga mico.
Pra animar a micareta,
o que antes era tanque,
virou carro de som gigante
financiado nos states
com dinheiro de mutreta.
Neste moedor de conceitos
que é nosso mundo atual,
na era fluida dos memes
em que tudo virou nada,
o golpismo tomou pau,
é motivo de piada.
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