O ICIJ, dos Panama Papers, é suspeito

Se ainda fossem necessárias mais provas, o ICIJ, associação internacional de “jornalistas investigativos”, seria a demonstração definitiva de por que a imprensa mente sempre, mesmo quando diz a verdade.

O wikileaks, inexplicavelmente, fez uma parcería com o ICIJ para divulgar os “Panama Papers”. Os “jornalistas investigativos” do ICIJ, como era de esperar, sentaram em cima dos arquivos e, com a desculpa de “organizar e analisar” os onze milhões de documentos, liberaram apenas duzentos deles, que eles mesmos selecionaram e “analisaram”, juntamente com uma “análise” das tendências gerais da papelada sem o apoio dos documentos em que se baseia. E prometeram ir liberando os demais (a este ritmo, até 2029, provavelmente) à medida que os forem “analisando”.

Quem precisa da “análise” dos jornalistas?

A seleção tem alguns nomes interessantes, como o do presidente da Argentina e o primeiro ministro da Islândia, mas já está sendo usada principal e maciçamente para fazer campanha contra o Putin, por conta de amigos dele que aparecem nos documentos.

O parceiro do ICIJ no Brasil, o “jornalista investigativo” Fernando Rodrigues, é um exemplo perfeito desse procedimento. De posse exclusiva da lista de contas secretas de clientes brasileiros no HSBC, fechou firmemente a torneira e recusou-se a divulgar a lista toda. Agora, de posse da lista de clientes brasileiros da Mossack & Fonseca, repete o procedimento, divulgando uns quantos nomes manjadíssimos como o do Eduardo Cunha e o do João Lyra, e silenciando os demais.

Nisto está o busílis da questão da imprensa: independentemente da posição política do dono do órgão de imprensa ou dos seus empregados, o jornalismo é uma seleção do que vai ser noticiado e o que não. Nem é preciso ser um sabujo como o Fernando Rodrigues, toda seleção é parcial, é a escolha de uma parte do todo, e essa escolha reflete um posicionamento político. É por isso que digo que os únicos órgãos de imprensa honestos do Brasil são o Estadão e a CartaCapital, que pelo menos declaram abertamente de que lado estão e não pretendem ser “imparciais”. Que depois se dediquem a mentir cada um para o seu lado é natural. Mas pelo menos o leitor está avisado.

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O Wikileaks, que não faz jornalismo, parece ter-se dado conta da besteira que fez associando-se com uma quadrilha de censores a serviço da guerra fria, e pergunta capciosamente no Twitter se deve 1) LIberar geral, ou 2) Deixar a imprensa escolher o que divulgar.

Redação

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