O jazz manouche sul-americano invade Piracicaba

Um dos mais importantes festivais de música do Brasil, o de jazz manouche de Piracicaba, começa nesta quarta-feira, 21 de novembro, no teatro do Sesc da cidade, com o show do violonista Mauro Albert, acompanhado por um trio formado por Gabriel Vieira, Nando Vicencio e José Fernando, a partir das 20 horas. 

Piracicaba já pode ser considerada a capital brasileira do jazz manouche, ou cigano, subgênero “inventado” pelo guitarrista belga radicado na França Django Reinhardt nos anos 30 do século passado, e que se espalhou pelo mundo todo. O festival está em sua sexta edição. E existe por causa da persistência e amor ao gênero de José Fernando, que desenvolve uma carreira artística em paralelo à de juiz de direito – adolescente, ele fez parte do grupo Bombom, que ficou conhecido no Brasil pelo hit “Vamos a La Playa”.

Nos anos anteriores, o palco externo do Teatro Erotides de Campos, no belíssimo complexo cultural do Engenho Central, às margens do Rio Piracicaba, recebeu inúmeros expoentes do jazz manouche do Brasil e do exterior. José Fernando, porém, diz que se sentia a ausência de integração com o pessoal dos países vizinhos, onde também o “jazz gitano” é celebrado. “Depois de uma reunião virtual, pelas redes sociais, entre os organizadores dos festivais latino-americanos, conseguimos nos aproximar deles, e nesta sexta edição, o festival de Piracicaba terá, pela primeira vez, somente artistas sul-americanos, do Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, com exceção do virtuoso violinista romeno Florian Cristea, que vive no Brasil há muitos anos e faz parte da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo”, diz ele.

A escolha dos artistas, explica, “foi justamente pelo contato pessoal que eu e Bina Coquet [violonista brasileiro que participou de outras edições do festival e vai tocar também neste] tivemos nos festivais de que participamos nestes dois últimos anos”. O interessante para o público, destaca José Fernando, é que ele vai poder ouvir, pela primeira vez, ao vivo, o jazz manouche tocado sob a influência da cultura de países da América do Sul, “e aí se fundamenta a riqueza desses encontros”.

O segredo para realizar um festival de música internacional nestes tempos de crise econômica, afirma José Fernando, é organizá-lo da “forma mais simples possível”. Ele conta com colaboração da prefeitura, que cede o palco externo do Teatro Erotides de Campos para um dia de shows com todos os participantes, e, por sua vez, o Sesc organiza os concertos individuais com os artistas brasileiros e estrangeiros,”ocasião em que todos os grupos têm a possibilidade de fazer uma abordagem mais aprofundada de seu trabalho”.

Parte dos artistas, informa José Fernando, viajará com seus próprios recursos, “assim como ocorre em festivais em outros países”. E há apoiadores para o custeio da locação do equipamento de som, alimentação e transporte. “Sobretudo, há muita colaboração de amigos e dos músicos brasileiros e eu e minha esposa patrocinamos boa parte do evento”, diz o músico e juiz de direito.

Os ingressos para os espetáculos de domingo, 25 de novembro, custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). A renda líquida da bilheteria será destinada à Associação Aliança de Misericórdia de Piracicaba. 

 

Programação

 

Teatro do Sesc de Piracicaba – de 21 a 24/11 – 20 horas

 

21/11/2018 – Jazz manouche brasileiro – Mauro Albert Quarteto

22/11/2018 – Jazz manouche argentino – Fran Seglie, Federico Felix e Ricardo Pellican, com Bina Coquet, Nando Vicencio E Sebastian Abuter

23/11/2018 – Jazz manouche chileno – Los Temibles Sandovales

24/11/2018 – Jazz manouche colombiano – Merender Swing

 

Engenho Central – palco externo do Teatro Erotides de Campos – dia 25/11 – das 14h30 às 20h30

 

14h30 – abertura – Hot Club de Piracicaba e Renata Meirelles/Guilherme (lindy hop)

14h50/15h30 – Merender Swing (Colômbia)

15h40 /16h20 – Federico Felix (La Plata/Argentina), com Mauro Albert (Florianópolis),

Nando Vicencio (baixo), Thadeu Romano (acordeão) e Sebastian Abuter (clarinete)

16h30/17h00 – Bina Coquet Trio com convidados

17h10/17h50 – Fran Seglie (Argentina), com Bina Coquet (violão), Florian Cristea

(violino) e Danilo Viana (baixo)

18h00/18h40 – Jazz Cigano Quinteto (Curitiba)

18h50/19h30 – Los Temibles Sandovales (Chile)

19h40/20h20 – Ricardo Pellican (Argentina) e Sandro Haick, com Marcelo Cigano (acordeão) e Seo Manouche (baixo).

 

São Paulo – 23 e 30 de novembro de 2018 (Jazz Nos Fundos)

 

23/11: Vinicius Araújo e Marcelo Cigano (Curitiba)

Ricardo Pellican, Fran Seglie e Federico Felix (Argentina), com a cantora Lucia Zorzi e os músicos Bina Coquet (violão), Ernani Teixeira (violino) e Danilo Viana (contrabaixo)

30/11: Los Temibles Sandovales (Chile)

Bina Coquet Quarteto

 

Campinas

 

28/11 – Los Temibles Sandovales – Alma Coliving (19 horas)

 

Jam sessions

 

20 e 25/11 – Galeria 335 (Piracicaba)

21 e 26/11 – Primo Luiz (Piracicaba)

Redação

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