O lobista de Dantas

Publicado inicialmente em 15.11.2012

Atenção; a voz grampeada não é de Elvira Lobato, como está mencionado no relatório. É de Janaína Leite, que entrou de cabeça nos ataques pessoais.

Na série “O caso de Veja”, um dos capítulos tinha por título “O lobista de Dantas”.

Começava assim:

Na longa noite de São Bartolomeu, tudo foi permitido à direção da revista Veja. Poucas vezes se assistiu na imprensa brasileira a tal festival de violência gratuita, de deslumbramento, de demonstração de força, de ataques generalizados contra a honra de terceiros, atropelando normas básicas de jornalismo como novos ricos do poder.

Assemelhavam-se a um bando de alucinados armados, atirando contra qualquer vulto que se mexesse à sua frente.

Muitos episódios ficarão na lembranças dos leitores. Não apenas as capas – de uma agressividade incompatível com uma grande publicação -, mas as matérias estranhas de assassinatos de reputação em disputas comerciais, a manipulação da lista dos livros mais vendidos para beneficiar um diretor da revista.

Dentre todos os assomos de anti-jornalismo, quando todos os detalhes forem conhecidos, a herança que terá desdobramentos , será os motivos que levaram a direção da revista a permitir que o colunista Diogo Mainardi praticasse o mais escancarado lobby empresarial que a grande imprensa brasileira tida por séria já produziu. E em defesa do mais polêmico empresário brasileiro, Daniel Dantas, preso pela Polícia Federal sob a acusação de formação de quadrilha.

O episódio é relevante para se aprofundar sobre o papel da mídia nesse jogo, dos jornalistas que, sob a batuta de Dantas, manipularam informações com o claro intuito de influenciar o Judiciário.

A série começou a ser escrita antes de se saber da Operação Satiagraha. Sua divulgação comprovou os fatos levantados.

A gravação de número 319 do dossiê Satiagraha – disponibilizado esta noite na Internet – comprova as suspeitas que manifestei na época. Dantas acertava por cima com os donos de veículos; mas a operação era conduzida diretamente por ele, através de pessoas de sua confiança na redação.

A conversa é entre Daniel Dantas e uma jornalista que cobria o setor (o arquivo diz que é Elvira Lobato; pensava ser Janaína Leite).

Dantas recomenda à jornalista que saia do tema “com elegância”. Diz que o risco jornalístico é muito grande, que os jornalistas se expõem muito. Recomenda cautela. E mostra preocupação com o fato de seu homem na Veja – Diogo Mainardi – estar perdendo espaço.

–       Em vez de atacar no pessoal, na briga, em que cada um deles tem munição suficiente. Brigar com munição precária é precário. É melhor dar um acabamento institucional em relação ao assunto e pronto. (…) Eles não têm limite. Diogo mandou esse negócio para os procuradores, não sabe onde isso acaba.

–       Se a Veja fosse continuar…, diz a jornalista.

–       Tudo bem, mas ela já recuou. Ela tem algum motivo e ela teve algum recuo. A página do Diogo já não está no local normal. Alguma coisa aconteceu que ele está descolado. Depois, já não vai continuar. O outro me liga de lado preocupado. Sabe quando você junta essas pedras todas? (…) O Diogo na segunda feira está dizendo que não vai abordar mais, tem coisa aí. Nao dá para você ficar. Se eu soubesse que era dessa dimensão, eu teria tomado um caminho diferente. Não tem nada que eu saiba. Sabe quando você sente?

Na gravação, recomenda que deixe de lado a Telecom Italia e se concentre no caso Telemar. Diz ter intuição de que vem algo muito grande pela frente (certamente a Operação Satiagraha).

A murdochização da mídia

Estão comprovadas todas as teses que levantei em “O Caso de Veja”, nas palestras e artigos posteriores e na cobertura da Satiagraha.

Utilizou-se o macartismo como biombo para jogadas comerciais da pior espécie. Valeram-se de assassinatos de reputação, de um poder mais mortífero que o da própria Foxnews – porque a partir de um pacto dos quatro maiores grupos jornalísticos do país. Inibiram jornalistas com ataques a reputações.

Para fortalecer o esquema, houve um pacto entre os jornalistas do esquema para levantar a bola de Diogo Mainardi (o Estadão chegou a compará-lo a Carlos Lacerda) de maneira a aumentar a efetividade de seus ataques. No Blog da Veja, recorreu-se a um blogueiro de esgoto para os ataques mais abjetos da história do jornalismo brasileiro.

Leia aqui “A cara da Veja”, que deixa de maneira explícita o método adotado por Roberto Civita para repetir o estilo Murdoch.

Pensaram que todos seriam intimidados. Muitos foram. Mas houve os que resistiram. E não esperavam que a Internet abrisse espaço para a reação.

Por Guilherme Hanesh

Nassif, não precisa colocar em observação. É A JANAÍNA que aparece nesse grampo. A coitada da Elvira não tem nada a ver com isso. Foi confusão do Protógenes com certeza. A voz da Elvira é completamente diferente e pode ser ouvida aqui (http://www.youtube.com/watch?v=e7QoK-es1Xw). Já a voz da Janaína não consegui em lugar nenhum, mas que é ela, isso é.

Luis Nassif

8 Comentários

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    1. Essa “resposta”(q não respondeu) é para outro crime de Mainardi

      Na realidade nem é uma resposta… esse vídeo é pura ameaça e descontrole contra o jornalista que simplesmente reproduziu o que o delator falou..

      Mainardi diise que a reunião NUNCA aconteceu e que ele não teria problema algum em se reunir com Aécio e Accicioly. Mas no site “o Antagonista” ele afirma atacar a todos sem distinção… ué, mas se ataca a todos… como não haveria problema em se reunir com Aécio??? Depois vieram acusações sobre o site Antagonista ter ligação com marketeiro de Aécio…

      O jornalista que ele ataca simplesmente reproduziu as afirmações do delator… Mainardi deveria atacar o delator… o que o jornalista tem a ver com isso?

      Sobre a acusação de ser lobbysta de Dantas, eu já vi ele se defendendo da mesma forma em vídeo no youtube: a Polícia Federal inventou tudo.

      Esse site “Antagonista” é a personificação de tudo que há de errado na imprensa brasileira e esse caso expõe muito bem isso… jornalistas partidários, agressivos… fingindo “atacar a todos”… trabalhando às margens da legalidade… ficando sempre do mesmo lado. Não me admira que faça sucesso entre um bando de idiotas alienados… basta dar uma lida nos comentários do site.

       

  1. Essa revista morreu,
     
    nunca

    Essa revista morreu,

     

    nunca mais reverterá a decadência, não só porque o papel perdeu espaço, muito pela decadência jornalística, já era…….ademais, basta prestar atenção para notar as jogadas da midia, matérias pagas disfarçadas, jogadas publicitarias para pegar otários, e agora comprovada a promiscuidade e a leniencia dos orgãos repressores e fiscalizadores com a mídia, nada muito secreto, quantos filmes e livros existem falando sobre isso??? Milhares……..

  2. O sujeito participa de jantar

    O sujeito participa de jantar onde foi distribuido propina , é delatado  e ainda quer processar o jornalista que apresentou a noticia. Isso mostra o carater desse rapaz. Poderia aproveitar , ja que seu nome foi para o lixo do jornalismo brasileiro e delatar seus coleguinhas da imprensa e judiciário , que por enquando estão sendo blindados por alguem . Ai sim cai todos e quem sabe a democracia no Brasil fica restaurada.

  3. Será que o site do Mainardi
    Será que o site do Mainardi recebia propina dá Odebrecht via marqueteiro de Aécio? Se Mainardi aparece delatado aí tem coisa…
    Quando Lula é citado Mainardi grita que tem que ser preso. Mainardi gritaria enfurecido, que ele Mainardi tem que ser preso?
    Esse canalha foi tosquiar e saiu tosquiado!

  4. ”’O jornalista que ele ataca

    ”’O jornalista que ele ataca simplesmente reproduziu as afirmações do delator”

    Concordo plenamente com vc.

    Ataque o delator e não o jornalista que reproduziu a matéria.

    Pela indignação do Mainardi,deve até ter razão.

    Mas o alvo foi errado.

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