Um dos grandes enigmas da música brasileira é sobre o verdadeiro autor da letra de “Rosa”, música de Pixinguinha. A música está reiostradas em nome de Otávio de Souza, ao que consta um mecânico que morreu muito jovem.
Mas, devido ao rebuscamento da letra, parte dos historiadores atribuem a Cândido das Neves, autor de canções românticas, rococós e inesquecíveis. A prova seria outra música de Cândido das Neves, uma suposta parceria com Pixinguinha, mas registrada apenas em nome de Cândido. Seria a prova da troca que fizeram.
Tenho cá para mim que essa hipótese é profundamente desrespeitosa para com Otávio de Souza, mas, principalmente, para com Cândido das Neves.
Este era rococó, mas suas letras mantinham coerência.
O non sense da letra de “Rosa” lembra muito mais um poeta menor que se encantou com os volteios de Cândido das Neves, copiou seu estilo, mas sem diospor de seu talento.
O que vocês acham? Confiram mais embaixo as letras de “Rosa” e de outras musicas de Cândido das Neves, o Índio.
Aqui o programa “Pixinguinha Cantado”, de uma excelente série sobre Pixinguinha gravada pela Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles.
(Independentemente de “Rosa”, há preciosidades, como a valsa de Pixinguinha na qual Vinicius colocou uma letra em francês).
Rosa
Pixinguinha
https://www.youtube.com/watch?v=1IIt1aoWQr4 ]
Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito teu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral. Oh, alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer
Cinzas
Cândido das Neves
https://www.youtube.com/watch?v=bHd1m8YTTuY ]
Álgida saudade me maltrata
Desta ingrata
Que não me sai do pensamento
Cesse o meu tormento
Tréguas à minha dor
Ressaibos do meu triste amor
Atro é o meu grande martírio
Das sevícias tenho n’alma a cicatriz
Deus, tem compaixão deste infeliz
Mata meus ais
Por que sofrer assim, se ela não volta mais?
Esse pobre amor que um dia floresceu
Como todo amor que é sem vigor, morreu
Ai, mas eu não posso esquece-la, não
A saudade é enorme no meu coração
Versos que a pujança deste amor cantei
Lira de poeta que a sonhar vibrei
Cinzas, tudo cinzas eu vejo enfim
Esta saudade enorme que reside em mim
Morto ao dissabor do esquecimento
Num momento ebanizado da paixão
Está um coração que muitas dores padeceu
Um pobre coração que é o meu
Dentro de minha alma que se aflige
Tem uma esfinge emoldurando muitas fráguas
Deus, por que razão que as minhas mágoas
A minha dor
Não fogem da minha alma
Como fugiu o amor?
Página de Dor
Cândido das Neves
https://www.youtube.com/watch?v=AhND5PC4Xp4
exibições
650
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor
Infeliz de quem
Amando alguém
Em vão esconde
Uma paixão
A Última Estrofe
Cândido das Neves
[video:https://www.youtube.com/watch?v=l0okctYf1bI
A noite estava assim enluarada, quando a voz
Já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia, ele em
Lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo aapaixonado, de um amor
Desesperado, que tão cedo teve fim
E, dos seus gritos e lamentos, eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:
Lua, vinha perto a madrugada, quando, em ânsias, minha amada
Em meus braços desmaiou.
E o beijo do pecado
Em seu véu estrelejado
A luzir glorificou
Lua, hoje eu vivo tão sozinho, ao relento, sem carinho
Na esperança mais atroz,
De que cantando em noite linda
Esta ingrata, volte ainda, escutando a minha voz
A estrofe derradeira merencórea revelava toda a história
De um amor que não morreu. e a lua que rondava a natureza,
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu.
Cantor! que assim falas à lua, minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu. disse a ele em ais convulsos
Ele então entre soluços toda a estrofe repetiu
Lua …
Lágrimas existem
Que rolam na face
Há outras porém
Que rolam no coração
São essas que ao rolar
Nos vem uma recordação
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor
O amor que faz sofrer
Que envenena o coração
Para a gente esquecer
Padece tanto
E às vezes tudo em vão
Seja o teu amor o mais
profano delator
Bendigo porque vem do amor
Tendo o pranto amenidade
De aljofrar minha saudade
Glórias tem o pecador no amor
Lágrimas existem (…)
Apoteose do Amor
Cândido das Neves
[video:https://www.youtube.com/watch?v=K6dOQDYzSA4
Deus, só Deus
Sabe que os olhos teus
São para mim
Dois faróis clareando o mar
Na fúria do mar
Onde naufraga uma barca
Que o leme perdeu
Coitada, essa barca sou eu
A naufragar
Na existência que é o mar
Socorre-me com a luz desses faróis
Que são teus olhos azuis
São dois lírios os teus seios alabastrinos
Quase divinos
Parecem feitos para o meu beijo
Muito almejo dos lábios teus
Por um som
Pela glória do nosso amor
Musa dos versas meus
Inspira-me por quem és
Minha alma, bendito amor
Curvada aos teus pés
Rosa opulenta
Que o meu jardim ostenta
A queima em dor
Inspiração do meu amor
Eu nem sei por que foi que te amei
Pois tudo em ti é formosura e singular
Amei teu perfil
Amei teus olhos azuis
Eu amei teu olhar
Por fim nem tens pena de mim
Que sofro e choro
Na ânsia de te amar
Ah, triste de quem
Vive a chorar por alguém
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Lindas
Ao que parece, a letra de “Última Estrofe saiu trocada por outra. O áudio está correto. É uma das favoritas nas serenetas famosas lá de Conservatória. Um lugar pequenino e simpático, no interior do Estado do Rio de janeiro, com muitos eventos musicais. Uma atmosfera encantadora, quem ainda não foi, vale a pena.
E além…
E alem das Serenatas há ainda a Casa do Poeta… Moa que recebe num espaço aconchegante, casinha com os artefatos culturais e turísticos, próprios da vida simples, feitos pela esposa do poeta. Os saraus, momentos de poesia declamada pelo próprio. Às vezes comparece às serenatas e também por lá declama.
O MOÇO
Moacyr Sacramento, o MOA
Conservatoria
Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim, quantas cartas mandei e recebi.
Se mais jovem,se mais velho…
o que importa,
se ainda sou um fervilhar de sonhos,
se não carrego o fardo da esperança morta!
Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim, quantos beijos troquei – Beijos de amor!
Se a juventude em mim ainda é festa,
se aproveito de tudo a cada instante
e se bebo da taça gota a gota…
Ora ! Então pouco se me dá que gota resta !
Não me perguntem quantos anos tenho:
mas…
queiram saber de mim se criei filhos,
queiram saber de mim que obras eu fiz,
queiram saber de mim que amigos tenho
e se a alguém, pude eu, tornar feliz.
Não me perguntem quantos anos tenho
mas…
queiram saber de mim que livros li,
queiram saber de mim por onde andei,
queiram saber de mim quantas histórias,
quantos versos ouvi, quantos cantei.
E assim, somente assim, todos vocês,
por mais brancos que estejam meus cabelos,
por mais rugas que vejam no meu rosto,
terão vontade de chamar-me: O MOÇO !
E ao me verem passar aqui… ali…
não saberão ao certo a minha idade,
mas saberão, por certo, que eu vivi !
Difícil saber. Parece que o
Difícil saber. Parece que o autor da letra, como ela própria passa, estava tomado por primeiro amor. Isso pode ter influenciado e resultado nessa letra, verdadeira avalanche desordenada de sensações de um primeiro amor. Mas, mesmo fora dos padrões de hoje, conjugada com a contagiante musicidade, ainda passa magia a qualquer um de qualquer idade que ouvi-la.
Última Estrofe
A letra é de outra música, que desconheço
Esta música já foi muito
Esta música já foi muito gravada, sendo inclusive grande sucesso com a Marisa Monte.
Sempre quis saber para quem vai os direitos autorais do autor desconhecido.
Coerência
A coerência nem sempre é percebida por todos. Rosa é tão brilhante que passa por uma canção romântica não o sendo. Engana o desavisado que ouve esperando uma lamúria comum com polidez formal, para irradiar a essência do amor que não é pessoal, mas o amor primeiro, aquele do qual fala Paulo e cujo objeto não és tu, uma moça qualquer, mas Tu, A Rosa, símbolo que possui enorme profundidade.
Subestimar a ostra não faz mal, o pior é não reconhecer a pérola,
Comentário de acima.
Esperando que seu comentário não tenha direcionamento específico a quem quer que seja, me congratulo e concordo plenamente com você, Philippe.
Sou Cantor Lírico (Tenor Spinto) e, desde que entendo por gente, tenho apreço especial por essa peça que considero não um Clássico da MPB, mas um Clássico da Música Erudito Mundial, a despeito do que os técnicos e críticos da área falem. Desde meu início musical, ainda aos 15 anos, em minha cidade natal (Igarapé-Mirí/PA), quando a ouvia no Rádio – ah, o Rádio! -, a interpreto; quando já adulto, comecei a cogitar sobre a quem/que o autor queria se referir com o texto; gradativamente, fui notando que não se refere ao amor sentimental ou carnal por uma criatura do sexo feminino, mas Amor incondicional à Natureza na forma da ROSA; talvez até faça uma alusão às Mulheres, à sua delicadeza, firmeza e pujança, pois a ROSA, mesmo delicada e frágil, nos espinha quando merecemos; e por essas razões eu interpreto essa peça, hoje de forma semi lírica, em ocasiões especiais e o farei agora, no dia 21/07/2018, durante a Cerimônia em comemoração dos 90 Anos de minha Mãe Grande, a quem devo muitos beijos e espetadas acariciadoras na Vida. Em tempo: hoje, tenho 60 anos (em 10/08/2018).
Obrigadíssimo por pensarmos bem próximos!
Abraço fraterno.
Edelmiro Soares – Belém/PA.
Comentário Perfeito
Existem os que enchergam com a mente e os que enxergam com o coração…
Essa música não é para os primeiros. É sobre o primeiro… Que esquecemos, mas devemos um dia retornar…
Teu coração junto ao meu lanceadoPregado e crucificado sobre a “rósea cruz”Do arfante peito teu… Há braços para os colegas!
Me parece que o nome do amor dele é Rosa, que seria o primeiro amor. Uma mulher, sim, mas o lirismo foi feito com a comparação à flor rosa por causa do nome.
Belíssima canção.
Alguém tem informações sobre Otávio de Sousa, quem seria, etc? Porque na internet há poucas referências… e dada a qualidade de sua escrita, seria bom conhecer mais dele, ou se produziu outras letras… (21-982076334)
Pelo q me consta Otávio de Souza era mecânico faleceu muito jovem há quem diga q Orlando Silva trabalhou com ele.
Era a música preferida da mãe do cantor depois que ela faleceu não cantou mais a valsa Rosa.