O movimento ambientalista mundial quer um acordo consistente para o mercúrio!

O movimento ambientalista mundial quer um acordo consistente para o mercúrio!

 

 

[Estocolmo, Suécia, 7 de junho de 2010]

 

Como delegados de mais de 100 países nessa reunião em que se inicia a negociação de um tratado para controlar a poluição global de mercúrio, uma coalizão de ONGs e representantes de nações indígenas de todo o mundo exige que se reduzam os níveis de mercúrio, um poluente global que contamina os alimentos em todas as partes do mundo colocando em risco a saúde humana e expondo os fetos em desenvolvimento e as crianças à exposição de metilmercúrio. 

 

“A exposição a metais tóxicos, especialmente o mercúrio, está a nossa volta e continua aumentando, não importa se você é rico ou pobre, ou em que país você more, o mercúrio não conhece fronteiras. A Suécia é o primeiro país do mundo que proíbe o mercúrio em produtos. Agora os outros países devem fazer o mesmo,” disse Mikael Karlsson, Presidente da Sociedade Sueca para a Conservação da Natureza.

 

“O desenvolvimento de um tratado consistente é o primeiro passo importante para resolver a crise global do mercúrio”, disse Michael Bender, co-coordenador do Zero Mercury Working Group.

 

“O Brasil é o maior país da América Latina, e um dos maiores do mundo. Tem um papel de grande responsabilidade para ajudar a comunidade internacional a reduzir os níveis de mercúrio no ambiente global e precisa desenhar suas estratégias para agir com rapidez. Temos sérios problemas com contaminação de mercúrio causada por vários tipos de atividades (lâmpadas fluorescentes, termômetros, indústria de cloro-álcali, garimpo de ouro, mineração de metais, aparelhos eletro-eletrônicos, amálgamas dentárias, etc.) em praticamente todo o território e a falta de uma política nacional de segurança química implementada para o mercúrio e outras substâncias tóxicas impõe riscos, incertezas e em muitos casos, danos graves à saúde da população brasileira,” disse Zuleica Nycz, da APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente, Estado do Paraná.  

 

“Nós, da sociedade civil brasileira, esperamos que as autoridades do Brasil se interessem concretamente pelo fortalecimento da gestão adequada desses problemas, assim como criem canais eficientes de comunicação,  informação e participação da população e das ONGs na discussão e consulta sobre os riscos da exposição ao mercúrio,” completou.

 

O mercúrio é um metal tóxico que nunca se degrada no ambiente, mas ao contrário acumula-se na nossa atmosfera, água e alimentos, concentrando-se continuamente à medida que se move através da cadeia alimentar envenenando os povos de todo o mundo.  De acordo com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, o mercúrio é transportado por todo o mundo e pode se depositar tanto longe como perto do local onde foi liberado. Realmente, muitos países pequenos que não têm fontes significativas de poluição também estão expostos à poluição de mercúrio cuja origem pode estar a grandes distâncias.

 

Os povos indígenas e as comunidades insulares e ribeirinhas que dependem dos pescados como sua fonte principal de proteínas, estão particularmente expostos a esse risco.

 

“Da mesma forma como acontece em muitas outras culturas insulares, nós, habitantes do Pacífico Sul, não podemos interromper a crescente contaminação por mercúrio de nossos alimentos tradicionais, tais como os peixes dos quais somos dependentes,” disse Imogen Ingram, da ONG Island Sustainability Alliance, Ilhas Cook e membro de IPEN. “Com mais de 60% da população mundial dependendo significativamente da proteína dos peixes, está claro que a comunidade internacional deve agir com bastante urgência.”

 

“Antes de qualquer outra coisa, precisamos de um tratado que reduza os níveis de mercúrio encontrados no ambiente até chegarmos a um ponto em que as pessoas e as próximas gerações possam consumir pescados e outros alimentos com segurança,” disse Elena Lymberidi-Settimo, co-coordenadora do Grupo de Trabalho Mercúrio Zero.

O movimento ambientalista quer que o tratado de mercúrio reduza a disponibilidade global de mercúrio através das seguintes ações:

          A eliminação progressiva da mineração de mercúrio, restrições à oferta e comércio de mercúrio,  

          Armazenamento final seguro do mercúrio que está em circulação,

          A eliminação progressiva de mercúrio em produtos e processos, 

          Impedir as crescentes emissões de mercúrio provenientes da combustão de carvão,

          Todos os países precisam agir e auxiliar os países em desenvolvimento através de conscientização pública e capacitação, e para isso o fornecimento de recursos técnicos e financeiros será essencial. 

“Sem uma ação urgente e coordenada pela comunidade internacional, os níveis de toxicidade em peixes e de casos de contaminação por mercúrio entre as comunidades podem aumentar, prejudicando as populações vulneráveis no futuro,” disse o Professor Jamidu Katima, da Tanzânia, Vice-Presidente da rede IPEN.

 

 

Redação

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