O olho grande e os olhinhos apertados

O pessoal que gosta de falar em superstição e coincidências bem que podia estudar o que acontece hoje, nos jornais, com a Petrobras, com a ótica das noticias de 11/11/11, que tanta curiosidade provocaram.

De um lado, a exploração com que os jornais noticiam a queda do lucro da companhia, para “apenas” R$ 6,3 bilhões, 26% menor que o registrado no trimestre anterior, mesmo sabendo que essa queda é quase que meramente contábil, pois foi provocada pela desvalorização cambial, que incide sobre o passivo em dólares da companhia. Como este passivo é de longo prazo – média de sete anos – não quer dizer que os desembolsos feitos pela Petrobras tenham subido na mesma proporção, é obvio. E, com a normalização do câmbio, isso não ocorrerá no quarto trimestre. É, portanto, seguro que a empresa terá, de novo, lucro recorde no exercício de 2011, como teve em 2010.

Mas é curioso que, no mesmo dia em que divulga o balanço trimestral que dá margem a este assanhamento de seus detratores, a Petrobras faça um comunicado de que descobriu petróleo de alta qualidade na área de Abaré, a 290 km do litoral de São Paulo, a 35 km do poço pioneiro do Campo de Carioca, no bloco BM-S-9, vizinho ao BM-S-11, onde estão os campos gigantes de Tupi, Iara e Cernambi.

Será possível que se seja pessimista com um empresa que detém o controle majoritário de áreas que, cada uma delas, iguala ou supera todas as reservas anteriores de petróleo do país?
Porque estamos falando de reservas que podem nos colocar entre as seis maiores províncias petrolíferas do mundo. O Campo de Carioca pode, segundo algumas estimativas, conter mais petróleo que Tupi e Iara, os dois maiores do pré-sal, somados.

Os chineses, que não são otários e prestam quase nenhuma atenção aos nossos “doutos” analistas de mercado, estão comprando tudo, de quem quiser se desfazer de posições nas nossas áreas do pré-sal. Ontem, a Sinopec, estatal chinesa de petróleo, anunciou a compra de parte de tudo que a ex-estatal portuguesa Galp tem aqui de participação – minoritária – em área de petróleo no pré-sal.

Eles, mesmo com seus olhinhos apertados, não tem a visão de horizonte dos nossos “mercadistas”, para os quais o futuro se resume a um trimestre.

Por: Fernando Brito

Redação

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