O País que virou suco

A história recente do Brasil se parece com a de Deraldo, poeta popular que, recém-chegado do Nordeste a São Paulo, sobrevivendo de suas poesias e folhetos, é confundido com o operário de uma multinacional que mata o patrão e recebe o título de operário padrão.

Essa é a sinopse do filme O Homem que virou suco, de João Batista de Andrade com protagonismo de José Dumont. O filme, de 1981, aborda a resistência do poeta diante de uma sociedade opressora, esmagando o homem dia-a-dia, eliminando suas raízes.

O Brasil viveu recentemente um dos melhores períodos de sua história, para muitos o melhor, onde havia uma brisa poética nos relacionamentos tão carimbados e envelopados de hoje; Havia um toque refinado de concupiscência, de cobiça natural sem pecado, sem causar desordem no sentido da razão.

O país saiu de um período onde em cada esquina havia um Galileu com um telescópio apontado para cima, procurando uma estrela nova para dar seu nome a ela. Pulsava no território, pelo menos a sensação de que pulsava, a oportunidade de subir e brilhar, possibilitando a formação de constelações sólidas e bem definidas.

As manhãs musicais de antes saíram de cena e as bombas passaram a ser a trilha sonora dos dias. Como pode um campo tão verde, um céu tão azul, um oceano tão vasto, florestas tão densas, montanhas tão alterosas, se curvarem diante do desfile de camundongos montados em ratazanas?

A sinopse não pode ser essa, não foi para isso que o universo sobre o Brasil proporcionou o brilho das luas de júpiter, dos satélites de saturno, do cinturão de Orion.

A Sociedade brasileira tem de se banhar nas águas da democracia, vestir as roupas da luta e travar um combate justo, que expurgue a escuridão das nuvens deprimentes que deixam os dias pesados e tristes.

Ricardo Mezavila,  Escritor, Pós-graduado em Ciência Política

Redação

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