O problema não é a corrupção mas da ruptura do destino, por J. Carlos de Assis

O problema não é a corrupção mas da ruptura do destino

por J. Carlos de Assis

Temos, sim, um Presidente corrupto. Faz mal? Não, não faz. É que temos por contrapeso um ministro do Supremo que protege bandidos como Aécio. Faz mal? Não, não faz mal. Mais de metade da Câmara ganhou ministérios, cargos públicos e emendas parlamentares para proteger o Presidente corrupto. Faz mal? Não, não faz mal. Afinal, nove dos principais auxiliares do Presidente em atividade no Planalto estão sendo denunciados pela Lava Jato por recepção de dinheiro sujo. Faz mal?

Desapareceu no país a noção de decência. Não há nenhuma instituição da República que possa se apresentar como de mãos limpas? Lembram-se da lei da ficha limpa? Era destinada a impedir que candidatos corruptos disputassem cargos eletivos. Por que só cargos eletivos? E o Judiciário? O Ministério Público? Seus integrantes decoram uma apostila e se tornam as personagens mais poderosas da República. E se insurgem, sintomaticamente, com a possibilidade de uma lei de abuso de autoridade.

A condenação de dezenas de empresas pelo juiz Sérgio Moro terá sido uma coisa boa? Lembro-me de ter feito  palestra no Clube de Engenharia, no início de 2015, sustentando que,  para preservar empregos de inocentes, a justiça deveria separar empresa de empresário. Em outras palavras, não faz sentido condenar empresas por corrupção; corrupto é o empresário, e só este deve ser condenado penalmente.  O fato é que, nas contas do economista Luís Gonzaga Belluzzo, a Lava Jato já custou ao Brasil entre 5 e 7 milhões de empregados. Faz mal?

A Nação foi degradada. Duvido que algum leitor dessa coluna, mesmo o mais inteligente, tenha a mais remota ideia do que acontecerá ao país no próximo mês, nos próximos seis meses, no próximo ano.  Não é uma questão de corrupção. É uma questão de destino. Temos uma equipe econômica vassala do sistema financeiro, a qual se revela incapaz de apresentar um plano que não seja a repetição monótona da estupidez neoliberal, e que já nos custou o maior desemprego de nossa história e três anos de contração do PIB.

Lembrando Cícero, cabe perguntar: Até quando, Meirelles, abusarás de nossa paciência? Até quando, Temer, brincarás com o país em desgraça? Acaso estar mergulhado na corrupção é desculpa para liquidar com nossas perspectivas de vida? Sabemos que tendes um plano. É simples. Vosso propósito é liquidar com o setor público, em todos os níveis, a fim de abrir espaços de ganho, em todas as áreas, para os vigaristas do setor financeiro. Por enquanto vamos engolir nossa revolta. No momento oportuno, veremos se valeu a pena, e para quem.

 
Redação

5 Comentários

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  1. Destinos

    O “Destino Manifesto” dos EUA imposto pela politica do “Big stick” ( cf se lêem no google, e agora imposto pelo GOLPE) o dominio de outros povos para consumir suas riquezas;o o DESTINO do Brasil seria (ou será) integrar uma “America Latina, berço de uma nova civilização” baseada esta na solidariedade entre os povos. Porem enquanto houver uma “Rede Golpe de Televisão” persuadindo o povo no seu “complexode viralatas” e a ela não se contrapor uma midia que ensine o povo a pensar; aquele destino não será alcançado. O povo deve fazer jus ao destino…..

  2. O tema mais desafiador hoje é

    O tema mais desafiador hoje é o silencio constrangedor da classe média, seja ela a esclarecida, a conservadora ou mesmo a hipócrita. Há a tese da desesperança que relacionada o silêncio da classe média à total desesperança e descrétido com todas as instituições. Ou então, segundo a teoria do choque, ainda sofremos o estopor da sequência de choques. Pode ser apenas que a crise financeira ainda não pegou a classe média. Pode ser apenas medo, como um bicho acuado ou apenas torcida para que se ficando quietinho, ela escape. Pode ser a falta de lideranças à direita ou à esquerda. Ou simplesmente uma formação política ruim. Ou arrependimento…  um arrependimento tão grande que dá vergonha de fazer qualquer coisa e ser enganada novamente. Pode ser apenas remormo, mas tão doído que deixa mudo.

  3. O raiar de uma nova era

    Com a América Latina e particularmente com o Brasil o arcabouço politico baseia-se principalmente num paternalismo oportunista privilegiando as elites econômicas. A colonização da região gestou as características que estruturam as instituições e mudar esta realidade é mais complexo do que se possa imaginar. Vem dai a apatia dos povos qdo percebem que mudar o poder vigente por outro similar é a mesma coisa que trocar seis por meia dúzia.

    Todos tiveram a oportunidade para dizer a que vieram, tanto as esquerdas como as direitas do espectro politico, tiveram sua chance, a historia não mente e a situação continua a mesma. A exclusão social e a distribuição da renda continuam sendo o maior flagelo da região.

    Os acontecimentos históricos se movimentam como num pendulo, ora favorece um lado do espectro politico dos grupamentos humanos, ora outro. Com a América Latina e particularmente com o Brasil, desde a colonização e atingindo o ápice deste movimento pendular, as duas forças se impuseram no governo e chegamos agora numa espécie de limbo, de cansaço, de onde se espera que o movimento traga um novo paradigma de comportamento antropológico, um novo mundo.

    O que é certo e visível é que o velho mundo se encontra em escombros.

    Tanto o paternalismo feudal, qto o oportunismo socialista, se exauriram em si mesmo.

    Uma nova era se apresenta. A aurora de uma nova civilização irradia no horizonte o novo mundo, livre do terrorismo e dos discursos demagógicos.

    O que vigora no mundo em economia é o capitalismo. O capitalismo selvagem característica do brasileiro chegou ao fim. O que importa são os resultados que permitam ao povo inserir-se no mercado de consumo, aquela estória de prometer as benesses para o futuro não tem mais qualquer repercussão na alma dos povos. O que importa é o aqui e agora. O governo que permita o mínimo de estabilidade econômica que favoreça o consumo garante seu lugar no Poder.

    A principal dificuldade do Brasil é a necessidade de desmontar todo arcabouço populista e implantar novas condições estruturais que permitam segurança jurídica para as empresas que traga estabilidade econômica que favoreça as pequenas empresas crescerem de forma sustentável. Um novo ciclo virtuoso de crescimento. Um novo mundo.

  4. E pur si muove

    Calma é bom nos momentos de crise. E calmaria indica que tempestades virão. A perplexidade vai passar e a ação vai voltar, É preciso certo tempo para amadurecer. Portanto, enquanto os ovos continuam a voar contra os golpistas desnudando seu bom mocismo enfatiotado de grifes, as placas tectônicas sociais se movem. Algum dia virão os terremotos. É interessante verificar que a grande imprensa comprometida até a medula com o golpe começa a mostrar fissuras.

    1. Quando os terremotos vierem,

      Quando os terremotos vierem, será tarde para rasgarmos os contratos do pré-sal; Convenhamos, não tem desculpas para a passividade do povo Brasileiro mais.

       

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