O Vira-Casaca

Tinha um ar pretensamente aristocrático. Gostava que se referissem a ele como “o Príncipe”.

Foi fundador de uma legenda que se dizia “social e democrática”.  Mas, mudaram.

Envelheceram,  ficaram conservadores. Ele até pediu que “esquecessem” o que escreveu.  Tem sido atendido,  a cada período de quatro anos, um número menor de pessoas se lembram deles.

Escondeu um filho. Depois, muito depois, revelou a paternidade. O teste, que deveria comprovar e encerrar toda a história, dizia o verdadeiro pai era “um outro”.  Triste.

Lá fora, as homenagens, o reconhecimento, os prêmios, agora são sempre para “o outro”. Em sua defesa, uma ex-súdita ainda tentou argumentar em seu favor: -Por quê não “o esquecido”?

Amam e falam cada vez mais de “um outro”. Isso dói. A última jóia da coroa foi perdida recentemente. Parece que “um outro”, escondido atrás de um “poste” orquestrou tudo.

Agora, ele surpreende pregando a renovação e o atendimento das causas sociais, causas que nunca abraçou e que sempre o diferenciavam de “o outro”.

Uns dizem que ele trocou de time . Outros, mais atentos, lembram que quem assumia torcer por um time, do esporte mais popular do Reino, era “o outro”. Historiadores divergem neste ponto.

Na verdade, ele hoje queria mesmo era ser “o outro”.  A sorte é que se ele começar mesmo a acreditar e repetir  que ”o outro sou eu” todos hão de se compadecer do velho príncipe… “é coisa da idade, coitado”.

Por mais que antigos arautos do Reino ainda continuem fiéis ao seu “eterno príncipe”, e acreditam que em breve ele retornará, seu reinado acabou. Vivemos “um outro” tempo.  FIM.

Redação

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