Ódio do agronegócio a Marina vem do “empate”

Uma das primeiras atividades políticas da presidenciável Marina Silva foi se reunir a dezenas de seringueiros e suas famílias e impedir nos seringais o trabalho de “broca” (remoção de pequenas árvores antes da derrubada das árvores maiores) para atender ao agronegócio, e preservar as chamadas “colocações” (áreas) onde se exerciam o trabalho de extração do látex da seringueira dentro da floresta. O empate foi um movimento tipicamente de seringueiros no Acre nas décadas de 1970 e 80.

A organização do agronegócio União Democrática Ruralista (UDR) era a maior inimiga da ação. Um dos mais ativos membros do grupo na época foi o ultradireitista Ronaldo Caiado, hoje deputado federal, um dos líderes da bancada ruralista no Congresso e inimigo número 1 de Marina.

De acordo com relatos de 1986, no livro “Caminhando na Floresta”, de Gomercindo Rodrigues, que participou de vários empates, a então dirigente da CUT Marina Silva integrou, por exemplo, o empate no seringal Nazaré, um dos mais importantes já realizados em Xapuri (AC), com a presença de quase 100 pessoas. A Bordon, na ocasião um dos maiores frigoríficos exportadores de carne do País, pretendia desmatar 700 hectares na região. Os empates proporcionaram a discussão da preservação sustentável da Amazônia Legal.

O agronegócio tem pavor de Marina já daquele período. Enquanto o regime militar incentivava a ocupação do Norte do País com o lema “Integrar para não entregar”, o conflito de terra começava a se estabelecer. A ideia do governo era abrir eixos rodoviários para facilitar o acesso – a Transamazônica foi a mais conhecida delas, mas teve dezenas de outras cortando a selva.

A ocupação desordenada daquelas terras é algo ainda muito desconhecido dos brasileiros. Índios, ribeirinhos, migrantes, pequenos agricultores, madeireiros, garimpeiros, ambientalistas, ruralistas, grupos empresariais e traficantes travam luta silenciosa, que já levou a morte de milhares deles, que até hoje nenhum presidente conseguiu deter. Se Marina voltar às origens caso seja eleita presidente, terá um grande desafio pela frente.

www.augustodiniz.com.br

Redação

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