Operador entrega em sigilo esquema que envolve caciques do MDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Fabio Rodrigues/ABr
 
Jornal GGN – A garantia que o juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, cobra dos delatores que fecham acordo da Operação Lava Jato vem sendo bem demonstrada por Mário Ilineu Miranda, apontado como um dos operadores de propina do MDB e ex-executivo da Petrobras. Até agora, ele entrega o esquema de um contrato que rendeu, pelo menos, R$ 170 milhões de propina ao partido em negociação de Temer, Cunha e Henrique Alves. Para ser solto, pagou fiança de R$ 11 milhões.
 
Inicialmente, a prisão do ex-executivo foi determinada em abril, durante a 51ª fase da Lava Jato, denominada Dejà vu. Como ele estava em Portugal, se apresentou aos investigadores no dia 14 de maio e confessou crimes em depoimento à Lava Jato. 
 
A fase, em si, foi deflagrada para investigar propina de R$ 200 milhões ao MDB, ao PT e a ex-funcionários da Petrobras, por meio de fraudes em contratos e contas no exterior. Uma das contas, inclusive, era de Ilineu Miranda. Mas, até agora, apenas confessou crimes envolvendo o MDB. 
 
Dos R$ 200 milhões inicialmente suspeitos pelos investigadores, o operador anunciou que US$ 40 milhões, que equivale a R$ 170 milhões em valores atualizados, foram diretamente para o partido de Michel Temer, de Henrique Eduardo Alves e de Eduardo Cunha, em acordo negociado entre a Odebrecht e os próprios então parlamentares em 2010.
 
A reunião para acertar os repasses ocorreu dentro do escritório de Michel Temer em São Paulo, segundo os investigadores, e partiu de um acordo quando a Odebrecht fechou um contrato com a área Internacional da Petrobras no valor de US$ 825 milhões, que renderam as propinas aos membros do MDB, então PMDB. O operador teria atuado neste contrato juntamente com outro investigado, Sérgio Bocaletti.
 
A suspeita é que os operadores receberam US$ 31 milhões por meio de contas mantidas no exterior para intermediar os políticos do MDB, entregando valores em espécie a um terceiro interlocutor que repassava os montantes aos agentes políticos.
 
As declarações de Miranda, contudo, foram mantidas em sigilo. Desde que começou a colaborar com os investigadores, foi solto da prisão no dia 1º de junho. Em troca, Miranda aceitou bloquear US$ 7,2 milhões de suas contas na Suíça, que seriam de origem ilícita e pagou uma fiança de R$ 11 milhões. 
 
A prisão dos investigados foi determinada pelo juiz Sérgio Moro após as autoridades da Suíça enviarem todos os dados da apuração aberta e iniciada naquele país. 
 
Além de Mario Miranda, também são apontados de integrar o esquema os ex-funcionários da estatal Aluisio Teles Ferreira Filho, Rodrigo Zambrotti Pinaud e Ulisses Sobral Calile; o operador Ângelo Tadeu Lauria, que intermediava repasse de recursos ilícitos a políticos do MDB; e quatro executivos da  Odebrecht.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Por acaso este é o contrato

    Por acaso este é o contrato que a Dilma reduziu o valor em 40%?

    Se for, está explicado mais um  dos motivos do seu impeachment.

    Um bando de ladrões com apoio da lava jato derrubou uma presidenta honesta.

    Também prova que quem roubava na petrobrás era o pmdb e não o PT.

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