Oposição precisa sair da janela, diz Luiz Fernando Vianna

Para articulista da revista Época, falta visão global à oposição; reação precisa ser tão ampla quanto a capacidade destrutiva de Bolsonaro

Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em operação interestadual na Bahia; segundo Sergio Moro, ele não esteve na lista dos mais procurados do Brasil pois seu caso não era interestadual. Foto: Reprodução

Jornal GGN – Para quem não se assusta com o Brasil de hoje, os últimos acontecimentos deveriam ter reforçado a necessidade de se estruturar um esforço amplo contra a barbárie. Contudo, não se vê movimentação por parte da oposição, que quer que o poder volte a eles por inércia, caso o governo Bolsonaro se autodestrua.

A visão é do jornalista Luiz Fernando Vianna, em artigo publicado na revista Época. E os eventos ocorridos nos últimos dias explicam a necessidade de a oposição se estruturar e se movimentar o quanto antes.

O assassinato do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega é só um exemplo disso. Nóbrega manteve relações próximas com a família Bolsonaro ao menos de 2003 a 2018; ele também era parceiro de Fabrício Queiroz que, assim como Nóbrega, tem ligação com a prática de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

“O silêncio dos dois ex-policiais – mas não só deles – é fundamental para que não se explicitem as relações entre os Bolsonaro e as milícias do Rio. Queiroz está escondido. Adriano está morto”, aponta o articulista, lembrando que um dos vizinhos do ex-policial é Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Nóbrega sabia quem mandou matar Marielle, e por quê.

Ao mesmo tempo, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, que não incluiu Nóbrega entre os fugitivos mais procurados por alegar que não era um caso interestadual. Porém, Nóbrega foi morto em uma operação interestadual.

Entre outras maldades, devem ser destacadas as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamou funcionários públicos de “parasitas” e considerou que o dólar alto é bom pois “(era) todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada”.

Enquanto isso, a oposição encontra-se em uma situação complicada. “Se todos caíssem em si e resolvessem dialogar, alimentariam o discurso nós-contra-todos que excita o bolsonarismo. Mas está claro que o isolamento não vem dando resultados”, diz Vianna.

Para o jornalista, falta uma visão global à oposição, uma vez que “um projeto amplo de barbárie pede uma resposta ampla, não episódica. Se fosse fácil fazer isso, já teria sido feito. A meta soa inatingível hoje, mas convém começar”.

Redação

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