Os investimentos para as Copas de 2014 e 1950

Por Diogo Costa

O BRASIL E AS COPAS – Em 1946 o Brasil apresenta a sua candidatura para sediar a Copa do Mundo de 1950 (as edições de 1942 e 1946 foram suspensas em função da II Guerra Mundial). 
 
A FIFA aceita a proposta verde-amarela e iniciam-se as obras para a referida Copa, que deveriam ser feitas em período exíguo de tempo. 
 
Foram construídos dois estádios para a Copa, o Maracanã e o Independência (hoje a referência é o “caiu no Horto tá morto”, graças aos jogos recentes do Atlético Mineiro). 
 
No total, seis estádios e cidades sede foram palco da Copa do Mundo de 1950. Os outros quatro estádios utilizados passaram por reformas. 
 
Eram eles a Ilha do Retiro, em Recife. O Estádio dos Eucaliptos (antigo estádio do Internacional), em Porto Alegre. O Pacaembu em São Paulo e a Vila Capanema, em Curitiba (poucas reformas foram necessárias pois o estádio fora inaugurado em 1947). 
 
Resumindo, estádios foram construídos e reformados numa época em que a maioria da população brasileira vivia em zonas rurais e em que a economia da Argentina ainda era maior do que a nossa! 
 
Se alguém, em sã consciência, conseguir justificar o secular atraso do Brasil em matéria de educação, saúde, segurança, tecnologia, saneamento básico e outras necessidades históricas, em função da realização da Copa do Mundo de 1950, juro que passarei a criticar com veemência os investimentos para o Mundial de 2014. 

 
Essa tese de apontar a realização de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada num determinado país, como a causa principal dos males desse mesmo país, é amplamente falsa! 
 
Com ou sem Copa do Mundo, os problemas de uma nação permanecem. 
 
A Copa ou Olimpíada apenas acelera obras e investimentos que, se não fosse pela realização desses jogos, talvez demorassem vinte, trinta ou mais anos para serem feitos. 
 
O que muda um país é o investimento contínuo em saúde, ciência e educação, os níveis de emprego e renda, dentre outros. Com ou sem Copa! 
 
Para ficar apenas no campo da educação, lembremo-nos de que nos últimos dez anos foram construídas catorze novas universidades federais, quase três centenas de escolas técnicas, PROUNI, ENEM, FUNDEB, cotas étnicas, sociais e para estudantes oriundos do ensino médio público. 
 
Sem falar que nos últimos dez anos o Brasil foi o terceiro país do mundo que mais cresceu e evoluiu no famoso teste educacional do PISA. 
 
E tudo isso numa época em que vivemos em regime de pleno emprego, com aumentos reais nos dissídios da classe trabalhadora e no valor do salário mínimo. 
 
Com diminuição das desigualdades sociais e regionais e ampla distribuição de renda. O trinômio emprego, renda e salário é que é o verdadeiro responsável pelo sucesso macroeconômico do Brasil atual. 
 
E não esqueçam, estamos no meio da maior crise econômico-financeira existente no mundo desde o Crash de outubro de 1929. Crise essa que irrompeu com a falência do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008! 
 
Vejam o que está ocorrendo na Europa e comparem com o Brasil… 
 
Enfim, culpar a Copa pelos problemas do Brasil ou de qualquer país do mundo me parece um evidente exagero, quase um disparate! 
 
Como é um irrefutável disparate dizer que se o Brasil não tivesse sediado a Copa do Mundo de 1950 seríamos hoje uma Noruega, e não o próprio Brasil que somos.
 
O Brasil está no caminho certo, e o menor dos problemas atuais do país atende pelo nome de Copa das Confederações, Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos.
Redação

14 Comentários

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  1. A Copa que não passa na TV

    Aproveitando a “deixa” do tópico:

    Apoio sul-africano contra remoções no Brasil

    Camila Nobrega – Do Canal Ibase

    11/11/2013

    http://www.brasildefato.com.br/node/26550

     

    Seria só mais um cumprimento comum, não fossem as duas mãos envolvidas. De um lado, Altair Antunes, uma das lideranças da comunidade de Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, cuja família já foi removida duas vezes do lugar onde morava e agora está ameaçada por mais um despejo, em função de interesses imobiliários. Do outro, o sul-africano S’bu Zikode, representante do movimento social em defesa de favelas Abahlali, ícone na luta contra a retirada de pessoas de suas casas para a preparação do país para a Copa do Mundo de 2010. Eles estiveram juntos na última quarta-feira (5) em uma sessão de exibição do filme “Prezado Mandela”, dirigido pela cineasta sul-africana Dara Kell e o norte-americano Cristopher Nizza, na PUC-Rio.

     

    Odocumentário mostra histórias de resistência de comunidades sul-africanas, que reivindicam o direito à moradia, fazendo frente à ação dos governos locais que acabam por priorizar a especulação imobiliária, removendo populações pobres de suas áreas de origem. Os cineastas e os membros do movimento Abahlali estavam no Brasil, semana passada, para acompanhar exibições do documentário. As sessões foram feitas em universidades e também em comunidades que estão passando pelo mesmo processo no Rio de Janeiro. Após as sessões, houve debates. E as falas dos sul-africanos revelam semelhanças claras com situações que os brasileiros também estão vivendo. “Na África, o povo também não foi convidado para a festa da Copa. Ainda há pessoas morando em contêineres, que seriam uma residência temporária para famílias removidas. O governo diz: não somos nós, é um pedido da Fifa. A Fifa diz: não somos nós, é o governo local o responsável pelas remoções. Nós queremos alertar os brasileiros: as pessoas foram removidas em nome do desenvolvimento. E o qual o significado dessa palavra? Nesse caso é beneficiar alguns, piorando a vida da classe trabalhadora. Nossa liberdade não vem de graça por helicóptero, temos que lutar por ela”, disse S’bu Zikode. No mês passado, dois representantes da Fifa estiveram no Rio de Janeiro acompanhando um debate sobre remoções organizado pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas. Foram vaiados e muito questionados pelos presentes sobre as exigências da Fifa para a realização do mundial no Brasil e sobre a quantidade de remoções ocorridas na África do Sul. Diretor de comunicação da Fifa, Alexander Koch respondeu: “Na África do Sul, removiam as pessoas para quilômetros de distância de suas casas. Era péssimo para nós”, admitiu sobre a última Copa, negando, porém, a responsabilidade da Fifa nos impactos negativos das obras de infraestrutura feitas para os mundiais na África e no Brasil – a responsabilidade é do governo local. Nos dois países, a população fica no meio do jogo de empurra-empurra entre os governos e a Fifa. O jeito é organizar a resistência a partir de movimentos da sociedade civil. Foi o que afirmou Bandile Mdlalose, também membro do movimento Abahlali. Na Constituição, temos o direito à moradia. Mas, na prática, isso não funciona para os pobres. Nesse pós-Apartheid, o nosso governo se tornou um grande opressor. Se somos assassinados, ninguém investiga. Por quê? Porque  não levam em conta a nossa morte. Por isso, fechamos ruas, gritamos, somos repreendidos. Enquanto a África do Sul enfrenta altíssimas taxas de pobreza, meu presidente tem cinco mulheres, mora em uma mansão onde a quinta mulher adora fazer festas. Nós temos que impor nossa voz democrática. Mesmo sendo brutalmente atacados e postos nas prisões, temos que lutar. Para os sul-africanos, os protestos que estão ocorrendo no Rio de Janeiro e em São Paulo (as duas cidades que eles visitaram) dão duas lições: uma é o quanto repressor os estados se tornaram. A segunda lição é que muitas comunidades estão descobrindo o poder que têm. As pessoas estão percebendo, que, em um país democrático, elas não podem ser excluídas para sempre das decisões. “Brasileiros são capazes de resistir. São capazes de lutar pela sua cidadania. O que está ocorrendo é um teste e uma oportunidade para colocarem em xeque seus direitos de falar e de decidir”, disse S’ bu. Altair Antunes, liderança no movimento da Vila Autódromo contra as remoções, concordou: “Passei por duas remoções na vida. Fui distanciado de meus companheiros de infância e adolescência. Em função de interesses econômicos, nossos governantes passam por cima dos seres humanos, de suas relações com o território e com as outras pessoas. É muito grave o que está ocorrendo no Rio de Janeiro, disse Altair, ao lado de José Martins, da Rocinha, que acrescentou: “Em termos de justiça social, o Brasil não é diferente da África do Sul. Aqui na Rocinha querem fazer um teleférico que diz não à nossa luta pelo saneamento básico”. A documentarista Dara Kell lembra que o processo de produção do “Prezado Mandela” durou quatro anos e acompanhou as obras para a Copa do Mundo de 2010. A escolha dela em contar a história do Abahlali veio do fato de que o movimento não é um partido político, nem está ligado a sindicatos, nem ONGs, nem empresas. Trata-se de uma reação da população – especialmente de jovens – contra a varredura que estava sendo feita na África do Sul para embelezar e abrir novas áreas para o mercado imobiliário, além de cumprir exigências da Fifa. Milhares de pessoas foram removidas de suas casas. Dara, que cresceu no país durante o regime do Apartheid, conta que o filme foi um aprendizado sobre a cultura e as diversas comunidades especialmente da capital do país: “Como uma mulher branca, eu sequer entrava em áreas onde negros moravam. Então, sabia pouquíssimo do meu país. As notícias não chegavam a nós. Foi só na produção do documentário que descobri quantas pessoas estavam sendo removidas para a realização da Copa em Cape Town. É um assunto muito delicado. Vi o direito humano mais básico, de moradia, sendo completamente violado pelo Estado. E me parece que no Brasil acontece algo muito similar”.

  2. Dentre as universidades

    Dentre as universidades federais que você disse que foram inauguradas está a Universidade Tecnológica do Paraná?

    (essa é que se chamava Centro Federal de Educação Tecnológica e após a ida do “Imperador” tornou-se Universidade e começou a fazer parte das estatísticas oficiais como inauguração).

     

    Obs.: não sou direitista, apenas observei um fato.

    1. Sobre este caso específico do

      Sobre este caso específico do Paraná, nao sei.

      Mas, por exemplo, a UFTM, de Uberaba, antes era FMTM. Virou universidade e foram inaugurados vários outros cursos, a maioria de engenharia.

      Ou seja, a questão é que a estrutura foi sim ampliada e foram oferecidos mais vagas e mais cursos.

      A meu ver, é isso que importa. Não é uma mera mudança de nome, com alguna insinuam.

      Não que tenha sido o seu caso, mas muita gente faz isso nos facebooks da vida.

      1. Só o fato do diploma ser de

        Só o fato do diploma ser de nível superior e não técnico já é um avanço espetacular, entra para classe rica com o primeiro emprego. Se fosse ficar esprendo por qualidade levaria centenas de anos para se criar uma universidade no Brasil.

  3. esse texto é meio sem pé nem

    esse texto é meio sem pé nem cabeça. Começa com uma premissa completamente lunática: “Estão dizendo que a Copa é a causa dos males do país”. Quem raios diz isso?? Coisa completamente diferente é dizer que os investimentos na Copa são irrelevantes para o bem-estar do povo brasileiro e que os supostos ganhos serão todos privatizados e muito do que está sendo construído não servirá para nada (elefantes brancos).

    Depois coloca coisas que não tem absolutamente nenhuma relação com a Copa: “os últimos dez anos…”, Universidades Federais, Escolas Técnicas… a existência destas agora é uma justificativa para que a Copa seja feita no Brasil?

    Agora uma pergunta para o autor: na Copa de 1950 quantas remoções foram feitas? Quantas anormalidades legais foram impostas pela FIFA ao Brasil, como ocorreu na África do Sul e certamente ocorrerá também no Brasil?

    1. Quem não quer, que não se candidate

      As “anormalidades legais”, seja lá o que isto quer dizer, são uma exigência que consta do Caderno de Encargos da FIFA e do COI.

       

      Todos os países que se apresentam para sediar uma Copa ou Olimpíada tem que se submeter a este Caderno de Encargos. Quem não deseja fazê-lo, que não se candidate…

       

      E estas regras valem para qualquer país, não somente para o Brasil ou para a África do Sul.

      1. Anormalidades legais, ou conflitos de legislação

        Diego,

         O termo mais condizente com nossa realidade juridica/tributaria, em vez de ” anormalidades legais”, seria o de dirimir conflitos entre a legislação nacional, e os cadernos de encargos – Não existe “anormalidade”, apenas um tratamento especial, como muitos outros que ocorrem normalmente, entre duas entidades juridicas com presença internacional consentida (tipo ONU, UNESCO, FIFA, COI etc..), no caso FIFA e o País que aceita realizar este evento – no normal são relativas a tributação, entrada e  circulação de pessoas – facilidade de transito de estrangeiros, segurança, acessos a serviços de broadcasting e locs de satélites, etc.., as tão “famosas” benesses tributarias e de segurança cedidas a FIFA ou ao COI, são as mesmas da ECO-92, visita do PAPA, e outras – com as quais o Estado brasileiro se comprometeu.

           

  4. Hipocrisia Brasil

    Digo sempre e repito,será que os politizados sabem quanto o Brasil gastou em saúde,segurança,educação,programas sociais,etc,etc,etc de 2007 até 2013?

    O complexo de vira lata tem que entender,por mais dura que seja a realidade,que os gastos com a Copa do Mundo e Olimpiadas se comparado com o que o Brasil gastou comsaúde,segurança e educação de 2007 até 2013,é a mesma coisa que você chegar na avenida europa e querer comprar uma Ferrari com 15 reais.

     

  5. Comparar a realização de uma Copa do Mundo nos 1950,

    com os dias atuais, é o fim da picada; não dá nem para comparar com as dos anos 1970. São eras muito distintas, negócios comerciais de natureza muito diversa, até as relações do capitalismo com os grandes eventos tomaram rumos, que se desconhecia totalmente naqueles anos. Quem entrar no Maracanã “reconstruído” não reconhecerá o velho estádio, a começar pela elitização: sob as bençãos do governo “popular”, a geral e os geraldinos foram expulsos do estádio e os arquibaldos enfrentam dificuldades no orçamento, para assistirem mais de uma partida por mês.

    O propósito dessa postagem é desinformar, não passa de uma peça de propaganda governamental para mitificar, esconder o verdadeiro jogo de interesses que cercam os grandes eventos, as paradas armadas com empreiteiros, redes de comunicação, publicidade, etc. São mentiras sobre mentiras empilhadas, como a de falar de pleno emprego no país, onde pelos critérios ultraduvidosos do instituto oficial, o desemprego se situa em cerca de 6%; são falácias do tipo:

    “A Copa ou Olimpíada apenas acelera obras e investimentos que, se não fosse pela realização desses jogos, talvez demorassem vinte, trinta ou mais anos para serem feitos”.  

    Quer dizer então, se não fosse os eventos, o governo “popular” adiaria por “vinte, trinta ou mais anos”, os investimento necessários ao bem estar da população? E as cidades brasileiras, a imensa maioria delas, que não receberão os jogos? Vão esperar os investimentos “vinte, trinta ou mais anos para serem feitos”?

    Não consta que Nova York, Oslo, Boston, Toronto, São Petersburgo, Copenhaguen ou Cuba tenham realizado olimpíada ou copa, no entanto, além de não termos cidades com a qualidade de infraestruturas, que essas oferecem aos seus habitantes, ainda estamos importando médicos do paupérrimo país do caribe.

    Em tempo: Em 1950, o Brasil já era a maior economia da América Latina, aquele foi o ano em que a economia brasileira ultrapassou a da Argentina, para até os dias de hoje não ser mais superada. As duas economias se ombreavam desde os anos da guerra. O que trouxe a copa para o Brasil em 1950 foram, o espetacular desempenho em 1938, o fato da Europa estar em fase de recuperação no pós-guerra, o prestígio que então desfrutava o Brasil, por ter sido nação aliada e envolvida diretamente nas operações bélicas contra o nazifascismo, ao contrário da suspeita ‘neutralidade’ argentina.
     

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