A Petrobras divulgou os resultados do primeiro trimestre: prejuízo de R$ 48,52 bilhões, resultado de uma baixa contábil de R$ 65,3 bilhões. Sem a baixa contábil, teria um resultado positivo de R$ 16,78 bilhões.
Em 2015 houve perda similar, decorrente de dois fatores. Um, a queda nos preços do petróleo; outro, a imagem afetada pelo barulho da Operação Lava, muito mais do que pela corrupção em si – grande, em termos de pessoas físicas beneficiadas, inexpressiva, perto da dimensão da companhia.
Em janeiro de 2015, a opinião pública tratou essa reavaliação contábil – denominada de impairment -de R$ 88 bilhões como se fosse o valor dos desvios, sem que a gestão da Petrobras conseguisse explicar de maneira minimamente compreensível a lógica da operação.
O impairment é um recálculo do valor dos ativos da companhia, em cima da projeção de resultados daquele ativo.
Suponha o seguinte, bem grosso modo para entender a lógica do “impairment”.
- O custo de extração do barril do pré-sal é de US$ 40,00.
- A cotação internacional do barril estava em US$ 120,00.
- A cotação cai para US$ 50. Nesse caso o teste do “Impairment” iria definir uma baixa de quase 88% nos ativos do pré-sal.
- Aí o mercado se recupera e a cotação vai para, digamos, US$ 70. Nesse caso, o teste iria exigir um aumento de 200% no valor dos ativos.
Por isso mesmo, nenhuma grande empresa lança de uma vez todo o ajuste do “Impairment” no balanço. Simplesmente chama o auditor interno e o externo, discute com eles e definem em conjunto uma maneira gradativa de incorporar o “Impairment” ao balanço, levando em conta o fato de que os cenários futuros são voláteis.
Em 2015, quando as cotações de petróleo despencaram e agora a Petrobras decidiu lançar toda a perda contábil no balanço.
Há diferenças entre um período e outro. Em 2014, com as cotações de petróleo explodindo, os preços da Petrobras foram contidos, afetando seus resultados. Agora, tem-se uma empresa menos robusta, com a venda da BR Distribuidora, unidades de refino e de gás.
Toda a lógica das estatais de petróleo reside na integração na cadeia de produção e distribuição. Isso devido ao fato da prospecção ser a etapa de maior risco. Por isso mesmo, em momentos de queda das cotações, compensa-se o prejuízo com ganhos no refino, distribuição e transporte.
Os próximos meses serão complicados, com as cotações internacionais de petróleo em queda, excesso de produção, em relação à queda de consumo, e a valorização do dólar, impactando o caixa da empresa.
E enfrentando o maior risco, o político, com um governo que não dispõe de uma estratégia sequer de recuperação da economia.
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Cadê o deputado 5ª Kategoria (DEM-SP)?!
Não seria um futuro brilhante para a empresa?!
E o fator ideológico, Nassif??? mostra prejuízo pra justificar a venda total… aos pedaços já deixaram a petrobras…
Nassif, você podia ter destacado que o balanço mostra 83 bilhoes de reais em caixa.
E tentado entender o porquê de precipitar um impairment dessa magnitude, quando nem Shell nem Exxon nem outras assim o fizeram.
Quem ganha com a divulgação de
resultado tão desastroso ? Os que querem depreciar a empresa ?