Palocci pede para ser ouvido novamente na Lava Jato

Preso desde 2016, ex-ministro que ameaçava acusar empresários e nomes do mercado agora diz que está disponível a cooperação ‘espontânea’ 

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Jornal GGN – A defesa de Antonio Palocci Filho apresentou nesta quarta-feira (07) uma petição ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), onde aguarda julgamento, para ser ouvido novamente no âmbito da Lava Jato e, assim, viabilizar um acordo de delação premiada. 
 
O ex-ministro foi condenado pelo juiz Sérgio Moro em junho passado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, mas está detido desde setembro de 2016. Seus advogados chegaram a tentar um acordo de delação antes, mas em vão.
 
Nesta semana, a defesa pede para seu cliente voltar a ser ouvido “a fim de cooperar na elucidação dos fatos criminosos – relacionados na denúncia – dos quais participou, detalhando com exatidão todos os meandros de sua atuação criminosa”, dizem na peça apresentada.
 
No ano passado, o ministro ameaçou arrastar políticos com foro e nomes do mercado financeiro e de empresas para o centro das investigações da Lava Jato. Entretanto, os procuradores de Curitiba e o juiz Sérgio Moro não mostraram interesse em ampliar mais ainda os fatos além daqueles que poderiam incriminar Lula. 
 
No despacho onde escreveu a condenação do ex-ministro, Moro afirmou que a oferta de delação feita pelo ex-ministro aparentava mais uma “ameça” ou um pedido de socorro a algum poderoso do que uma “verdadeira” tentativa de colaborar com a Justiça. 
 
Segundo informações da Folha de S. Paulo, os advogados de Palocci tentam agora um acordo com a equipe da Procuradora-Geral da República (PGR), Raquel Dodge. Na gestão anterior da PGR, com Rodrigo Janot, as discussões estavam mais avançadas, mas com a troca, em setembro passado, foram paralisadas levando a defesa a retomar os trabalhos, praticamente, a partir do zero.
 
Na petição enviada nesta semana, os advogados de Palocci dizem que o ex-ministro está disponível “a cooperação imediata e espontânea” para resolver o quanto antes seus débitos com a justiça, arrematando que o ex-ministro já tinha demonstrado a intenção em colaborar em depoimentos prestados a Moro no ano passado.
 
Na época, em setembro de 2017, Palocci acusou Lula de aprovar um “pacto de sangue” com a Odebrecht para pagar R$ 300 milhões em propinas ao PT, ele ainda foi testemunha de ação que investiga a suposta tentativa da Odebrecht de doar um terreno de R$ 12,4 milhões para uma nova sede do Instituo Lula – negócio que nunca foi concretizado. 
 
Na nova petição, Palocci afirma também que está disposto a falar da criação da Sete Brasil que, supostamente, teria sido possível a partir de um esquema de propinas. 
 
Segundo informações da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicada em junho do ano passado, a força-tarefa da Lava Jato “fez um pedido explícito” para fechar a negociação de delação de Palocci: que era preciso citar Lula e o BTG Pactual, de Andre Esteves. 
 
O ex-ministro, por sua vez, teria prometido colaborar, foi quando se deu a ameaça de indicar nomes de políticos com foro e do mercado financeiro e empresários. “Na delação, há anexos sobre a Caoa, Cosan, BVA e o Carf”, apontava Jardim. 
 
Meses depois, em dezembro, logo após Moro decretar a sentença contra Palocci, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, afastou o interesse da cúpula da força-tarefa de Curitiba em abrir novo espaço para o ex-ministro afirmando, em entrevista a Piauí, que a Lava Jato estava na “maturidade” e o que Palocci teria a dizer sobre políticos sera problema da PGR. 
 
*Com informações da Folha de S.Paulo
 
 
Redação

6 Comentários

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  1. Ele está numa prateleira…

    Na verdade ele não está preso.

    Está guardadinho em uma caixinha de plástico numa prateleira, para ser usado se for preciso.

    A lava jato fez um enorme depósito de gente, em certa época, para usar quando e se necessário.

    Quem não for ou não se fizer necessário, com boas ofertas de delação, fica na prateleira.

    O Palocci e ou seus advogados estão percebendo que a festa está acabando e o risco de ser esquecido em uma prateleira poeirenta e escura, para sempre, existe.

    Coitado, é capaz de oferecer a venda da mãe a retalhos. E com entrega a domicílio…

  2. Palocci farejando a direção do vento

    Diferentemente do Dirceu, nada em Palocci indica que este tenha participado do Governo com convicção, mas apenas aproveitando oportunidades. Palocci percebe que o Judiciário vai proteger a lava-jato, por conta da supervivência do próprio judiciário (“com Supremo, com tudo”), e que o único prêmio que será dado aos delatores é delatando Lula. Cunha, Geddel, Rocha Loures, etc. não abrem o jogo (e nem sequer são pressionados a fazê-lo) não porque são mais corajosos do que Palocci, mas porque sabem que estão do lado que por agora parece ser o ganhador: o Golpe. No moimento em que a opinião pública tender a reprovar a lava-jato e apoiar Lula majoritariamente, os ventos poderiam mudar. Daí a importância da mobilização.

  3. Não há o que se discutir em

    Não há o que se discutir em se tratando de um preso sujeito a tortura,seja ela física ou psicológica.

    O que precisa ser discutido é essa “prerrogativa” arbitrária dos togados em trancafiar quem quer que seja até que falem o que ele quer

    Na ditadura militar,onde aquele delegado morto em Ilhabela fazia e desfazia,descobriu-se,”por acaso”,que a tortura tinha limites,que após um momento o sujeito fala tudo aquilo que você quer que ele fale.

    Na ditadura militar isto acobou esgotando porque o objetivo era encontrar “terroristas”.

    Hoje,com a Ditadura Judicial,a tortura parece não ter fim já que,diferentemente dos porões do DOI-CODI,traveste-se  da legalidade e da moralidade para continuar com sua violência sem limites.

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