Para parlamentares, intervenção decretada por Temer aprofunda Estado de exceção

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil Tropas nas ruas: para deputado, Temer tenta se salvar na busca de apoio a ações populistas na segurança

da Rede Brasil Atual 

Para parlamentares, intervenção decretada por Temer aprofunda Estado de exceção

por Redação 

Segundo deputado, medida significa a ‘bolsonarização’ de um governo fraco para aprovar a “reforma” da Previdência. Gleisi Hoffmann diz que intervenção pode agravar repressão a movimentos sociais

São Paulo – O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse hoje (16) que a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Michel Temer, representa um eufemismo para encobrir uma ocupação com motivações políticas. “O presidente partiu para o tudo ou nada, visando conservar o seu bloco no poder: o governo impopular começará a travar uma nova Guerra das Malvinas. De quebra, arrumou uma saída ‘honrosa’ para evitar a derrota na reforma da Previdência.”

Para o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), a restrição de direitos atingirá as comunidades mais vulneráveis do Rio para criar uma “pseudo sensação de segurança”. “Sempre que você amplia o estado punitivo, você reduz direitos e garantias sociais”, afirma em entrevista ao site Brasil 24/7. O parlamentar também aponta a conexão direta entre o partido do governador Luiz Fernando Pezão e de Temer e o crime organizado no Rio de Janeiro e diz que a saída estrutural para o problema da segurança é o investimento em educação e na retomada econômica.

Ação de Temer aprofunda o Estado de exceção no país e significa a ‘bolsonarização’ de seu governo, na avaliação do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). “Uma medida desnecessária e populista. Bastava baixar um decreto de Lei e Ordem (GLO) e, a partir daí, as Forças Armadas coordenariam a segurança pública no Rio. A atitude do governo foi tomada para dialogar com o populismo na área de segurança pública, foi a ‘bolsonarização’ do governo Temer”, afirmou, em sua página no Facebook.

Teixeira avalia que o governo está desgastado e já não tem forças para levar adiante o projeto de “reforma” da Previdência, que queria ver votado na Câmara na semana que vem. “Temer tenta se salvar na busca de apoio à guerra que agora travará com tropas nas ruas e suspensão de direitos civis. Antecipa o clima de tensão que as greves contra a reforma da Previdência e a ameaça de prisão de Lula vão levar ao país”, acrescentou.

“A autorização de Temer para intervenção militar no Rio de Janeiro pode ser uma brecha para se instaurar um regime de exceção, dando margem para repressão direta, inclusive contra os movimentos sociais”, afirmou a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

4 Comentários

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  1. “o governo impopular começará

    “o governo impopular começará a travar uma nova Guerra das Malvinas.”

    Lembrando que a Argentina passou uma década tentando se recuperar dessa aventura de 3 meses da junta militar.

  2. Militares

    Já pensaram esses milicos burros entrando nas favelas, nesses Jipes abertos, e os traficantes reagirem com os AR 15 e outras armas mais letais, vai ser uma carnificina, quero ver o que os generais de merda e o vampirão e a globo vão dizer.

  3. Qual estado de exceção?

    Não existe o tão falado “estado de exceção”. Saíu do Estado Democrático de Direito, é DITADURA! No nosso caso, uma ditadura midiático-judicial.

  4. Figuração e platitudes

    É claro que essa intervenção militar é apenas figuração. Tal como aconteceu em outras ocasiões no passado, a presença ostensiva dos soldados nas ruas vai apenas afugentar os bandidos por uns poucos dias. Depois volta ao normal.

    Mas se a intervenção é figuração, os argumentos contrários são platitudes. A saída estrutural é o investimento em educação? Quantas vezes já escutamos isso? Investimento em educação resolve o problema de quem quer estudar, o que não é o caso dos bandidos. A dicotomia Mais escolas = Menos prisões pressupõe que o indivíduo se torna bandido porque não teve escola. Podia fazer sentido 80 anos atrás, quando boa parte da população morava longe de qualquer escola, muitos cresciam analfabetos, não encontravam emprego e viravam ladrões de galinha. Os garotos de hoje optam pelo crime por uma decisão consciente, observada a vantagem comparativa: a vida de crimes oferece muitos ganhos e poucos riscos, pois quando vão presos, logo estão soltos novamente. Se o crime compensa, por que não optar pelo crime?

    A solução estrutural é o endurecimento da legislação penal, com o aumento da duração das penas e consequente aumento da população carcerária. Ao invés do choque de uma ação militar que necessariamente deixará muitos mortos, haverá o efeito de uma esponja que aos poucos absorve a água e seca tudo: Mais bandidos na cadeia = Menos bandidos nas ruas. Mas ninguém quer saber disso porque será necessário ampliar em muito o complexo penitenciário, e construir cadeia não dá voto. Soltar o preso é mais barato. E vez por outro botar o exército na rua para dizer que está fazendo alguma coisa.

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