Partidos de centro perdem maioria absoluta no Parlamento Europeu

Siglas de extrema direita e eurocéticos venceram na França, Itália, Reino Unido e Hungria; esquerda radical perdeu 11 eurodeputados caindo para 41

Jornal GGN – Começou na última quinta-feira (23) e terminou neste domingo (26) as eleições gerais para o Parlamento Europeu – uma das três principais instituições políticas da União Europeia, criada para defender os interesses comuns do bloco.

O processo de escolha dos membros que vão compor as cadeiras determinadas para cada um dos 28 países que compõem o bloco, de acordo com o tamanho de sua população, acontece a cada cinco anos e, neste ano, a adesão foi de quase 51% dos eleitores em todo o continente – a maior das duas últimas décadas.

Atualmente, existem 751 cadeiras no Parlamento Europeu. A ocupação dessas vagas não funciona, exatamente, da mesma maneira que a composição dos partidos em cada país isso porque, uma vez no Parlamento Europeu, os membros aderem a um dos oito grupos políticos formados por parlamentares europeus de toda a União Europeia que compartilham a mesma tendência política.

O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, continuará sendo a maioria, com 175 do total de 751 eurodeputados, segundo informações preliminares divulgadas na noite deste domingo.

Os tradicionais aliados do PPE, os partidos social-democrata e centro-esquerda caíram de 185 para 149. Por outro lado os liberais democratas aumentaram o número de cadeiras de 69 para 105, e os ambientalistas – dos partidos verdes – avançaram de 19 para 69. A esquerda radical perdeu 11 eurodeputados caindo para 41.

Os partidos de extrema direita e eurocéticos (ligados à ideologia do “euroceticismo”, descrentes acerca a integração econômica e política da União Europeia) venceram na França, Itália, Reino Unido e Hungria. Entretanto, proporcionalmente, o volume de parlamentares dessas frentes cresceu pouco em relação a configuração atual, segundo resultados preliminares divulgados no final da noite deste domingo.

Reunidos, o grupo dos eurocéticos e da extrema direita passou de 20% para 23% dos 751 assentos do Parlamento alcançando 173 cadeiras. A meta almejada era chegar a 30%.

Esse grupo se divide atualmente em três no Parlamento Europeu sendo dois ultradireitistas e um conservador cético à UE. Separadamente, a direita eurocética obteve 58 cadeiras, enquanto os dois outros movimentos de extrema direita somaram 115 vagas.

Resultados na França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Hungria

Em relação à representação francesa, o Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen (França) derrotou o Em Marcha, partido de centro e pró-europeu do presidente do país, Emmanuel Macron, embora por uma margem de 1%, segundo resultados preliminares divulgadas na BBC.

Na Alemanha, o AfD (Alternativa para a Alemanha), da extrema direita, ficou atrás de dois partidos tradicionais do seu país, a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD) passando de 7,1% nas eleições parlamentares de 2014 para 11% nestas eleições.

A Liga Italiana, de Matteo Salvini, assumiu a liderança com 30% dos votos em seu país, na frente do Movimento 5 Estrelas, com quem forma um governo de coalizão, acabou em terceiro. Com o resultado, a Liga poderá se tornar o segundo maior bloco do Parlamento se conseguir reunir outros aliados.

No Reino Unido, o Partido do Brexit, lidera a apuração dos votos e está na frente dos tradicionais partidos Conservador e Trabalhista.

E, na Hungria, partido Fidesz, de Viktor Orbán, conquistou 52% dos votos – o que corresponde a 13 das 21 cadeiras do país.

*Com informações dos jornais BBC News Brasil e O Globo

Imagem: Reprodução de O Globo e Le Monde
Redação

4 Comentários

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  1. O fato é que os votos nestas eleições de 2019 foram bastante pulverizados, com resultados díficeis para os partidos de centro. Tanto o PPE, de centro-direita, quanto os S&D, de centro-esquerda, tiveram uma perda significativa de cadeiras no Parlamento.

    Esses dois partidos, que juntos controlaram o governo europeu por décadas, agora já não tem mais maioria formada, de modo que terão que negociar novos acordos com outras forças políticas, a fim de poder alcançar a governabilidade. E pode significar também que um divórcio amigável entre PPE e S&D pode estar iminente.

    O PPE de Angela Merkel, com seus 180 deputados continua tendo a maior bancada entre as familias europeias – como são chamados os partidos transnacionais -, mas ao contrário de 2014, nada garante que o “Spitzenkandidat” – o candidato do partido mais votado – suceda a Jean-Claude Juncker na presidência da instituição.

    O “cabeça de cartaz” do PPE é o líder parlamentar alemão Manfred Weber, uma figura considerada sem “peso político”, que muito dificilmente reunirá a unanimidade no Conselho.

    Os demais partidos podem exigir que se apresente outro nome – o francês Michel Barnier é bastante cotado – mas é certo que a Europa já não é mais a mesma e liberais e socialistas podem estar, como dizem por aqui, cozinhando ‘uma geringonça à moda de Bruxelas’, com António Costa explicando a Emanuele Macron e a Frans Timmermans como se prepara a receita.

    Por fim, que se registre, Portugal foi o único país da Europa que se safou de eleger algum candidato da extrema-direita e de quebra elegeu um ‘verde’ pelo PAN, partido da nova geração, cujas temáticas atendem o anseio da juventude europeia. A terrinha segue dando bons exemplos ;-D.

  2. Se a Marine Le Pen vencer as próximas eleições na França poderá representar o fim da União Europeia. Ela já se manifestou publicamente ser contrária a organização. Também a Itália segue pelo mesmo caminho com Matteo Salvini. Uma União Européia sem França e Itália deixa de fazer sentido. Outros países como a Hungria e a Polônia também tem forte tendência a abandonar a União Européia. A ascensão da extrema direita na Europa significa o fim da União Européia.

  3. nascimento,
    gostei do que escreveu. e muito dificil aos monoglotas deste lado do atlantico encontrarem textos claros que fujam do lugar comum e do obvio a respeito de tema tao complexo. e voce conseguiu. por favor, se possivel prossiga com suas analises.
    afinal, como notou paulo cesar de souza na traducao brasileira de Alem do Bem e do Mal, “embora morto, deus esta nos detalhes” e -isto souza nao disse – talvez antonio costa consiga cozinhar “uma geringonca a moda de bruxelas” neste fiozinho de esperanca que ainda nos resta.
    abraco

  4. Caro Carlos A.

    Obrigado pelo comentário; que bom que gostou, porque tentei ser o mais sucinto e objetivo possível. Vou tentando contribuir sempre. Outro abraço.

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