Preocupação recorrente, sempre penso se a democracia que esta aí, se ela esta mesmo dando conta das necessidades e interesses, satisfazendo as expectativas da gente.
Afinal, é correto um modelo ser alicerçado em partidos e homens ? Será que as idéias e pensamentos são assim tão sectarizadas, apartadas no nosso meio e sociedade ? Será que as idéias não circulam por uma fronteira meio que cinzenta, uma fronteira misturada ?
Então ..então porque se priorizar os partidos, dar força descomunal aos caciques ? Afinal, até que ponto uma dada “militância” apita e não é usada ou manipulada também, e será que mesmo ela, em sua insignificância, recheada de interesses menores, será que ela consegue representar tão bem as idéias que ela mesma julga defender ?
E o que dizer da representatividade propriamente dita ? Será mesmo que nossos interesses não se comungam independente da cartografia ? Será possível que nossas vontades e valores respeitam as margens geográficas de rios e montanhas, de lagos e vales ? Não estaríamos aqui também vivendo e sustentando uma forma artificial de poder ? Porque termos um Congresso de duas casas, uma Camara dividida por Estados, e todos não proporcionalizadas pela CIDADANIA indistinta ?
Partido de alguns ou pensamentos comuns ? Estados ou distritos ? Proporção e participação democrática, ou divisão oligárquica ?
Afinal, alguém consegue se explicar porque a imensa maioria de nós abdica de sua cidadania e a delega a UMA pessoa por quatro anos ? ..esta que em tese, sem dar satisfação nenhuma, diz que vai te representar e votar por você, enquanto você se frustra e se abstem de opinar sobre o que efetivamente você acha que seria bom para você até o próximo pleito..
..será mesmo que a “nossa democracia” não estaria aqui representando muito mais a forma de divisão de poder dos antigos clãs, ao invés de estarem partilhando do poder com os nossos atuais milhões de indivíduos espalhados nas milhares de ágoras pelo mundo ?
É justo um homem público, um político, dizer que vai trabalhar pra você e passar a defender apenas os interesses dele e dos deles ? ..inclusive, será que solitariamente ele tem tanta força assim ?
..e será justo também este modelo te dar a chance de rever seus conceitos sobre este ou aquele, só depois de quatro ou cinco anos – ou 8 no caso de senador ?
Em pauta recente, quase que solitário, consegui identificar 4 estágios de comandos seguidos pelos atuais mandatários;
1-seu partido
2-seu lobby
3-sua consciência
4-e seus eleitores/base
Evidente que não precisa ser sábio pra intuir que quanto mais partimos de 1 para 4, menos o canditado dá satisfação, e menos a vontade do eleitor é respeitada ..aliás, neste ultimo estágio, com voto geopolítico e impessoal, desproporcional, podemos concluir que a vontade do eleitor chega a ser quase que desprezível.
Diante desta triste, e aparente intransponível realidade, é que eu propus pra DEBATE que tentássemos “criar” uma nova modalidade de representado (um “novo” estágio de comando), o político comunitário ..este que com as ferramentas de hoje, poderia se viabilizar quase que prontamente pelas redes sociais.
O político comunitário seria aquele cara capaz de abdicar de sua vontade em troca da vontade, de compromissos, de promessas, de projetos ou idéias defendidos e debatidos CONSTANTEMENTE por sua comunidade.
Imagine que o candidato eleito A declarasse ser candidato pela comunidade X ..esta comunidade votaria nele e poderia ser constituída de MILHARES de cidadãos ..seu cadastro, debate e plebiscitos poderiam ser virtuais, dados pelo titulo de eleitor, acompanhado por um comite validador ..imagine agora que sob dado tema a comunidade resolva opinar ..viria o debate, a conclusão e a eleição a qualquer tempo ..diante do resultado, o eleito A (do poder legislativo) seria obrigado a votar tal qual a sua comunidade (que até poderia contemplar de diversas outras comunidades menores).
Claro que o eleito poderia também apresentar idéias próprias, dele (desde que não contrariasse o partido e a comunidade, evidente) ..claro também que pra funcionar bem em questões polêmicas o voto precisaria ser SEMPRE aberto e franco nas casas legislativas.
E então ? ..voto distrital ..com força proporcional IGUAL pra todo cidadão ..voto em candidato comunitário ..isso não lhe parece que faria mais sentido para o exercício da “plena” democracia ? ..uma democracia mais ativa, presente e constante no nosso dia a dia ?
Claro que como todo modelo, o tal candidato comunitário seria meio que espontâneo prum primeiro momento ..mas, vai que a coisa ganhasse força, principalmente com a sociedade se sentido mais presente nas diversas questões em que poderia “plebiscitar” ..não seria difícil imaginarmos que num futuro, que diante da falta ética do eleito para com a sua comunidade – traição – isso poderia vir a representar até a perda de mandato do mesmo, com substituição automática por um suplente tb comprometido com a mesmo grupo de indivíduos.
Sinceramente, eu gostaria de receber críticas e observações sobre este “ensaio” ..e afinal, será mesmo que nossos homens políticos são mesmo pólis, ou será que são monos, monolíticos?