Peço desculpa às próximas gerações

Acho que o maior fenômeno destas eleições é muita gente se achando especialista em política com diploma de Facebook. Falam de “Governabilidade”, “Voto Útil” e defendem candidato sem nem ter lido seu programa de governo. Pior, se você argumenta com ciência, te chamam de doutrinado pela USP ou qualquer derivado. Você se empenha para manter um debate equilibrado, envia fontes e referências, mas como uma criança mimada o indivíduo abertamente declara que nada mudará sua opinião e prefere ofender sua pessoa, dizer que você é bancado pela CUT ou Lei Rouanet, pois é direito dela pensar aquilo e pronto. Dizem, ainda, que se você não quer o coiso presidente é porque seu amor a partido X ou Y é maior do que o amor pela nação, quando na verdade você só não quer materializar a tese de Thomas Hobbes no século XXI, mas eles também não leram isso. Pedem a definição de Fascismo em curtas linhas, sem qualquer disposição de ler um livro ou documentários sobre o assunto, pois mesmo a Alemanha declarando que “Fascismo não é de Esquerda”, a Alemanha, para eles, é doutrinada. Acham que “afeminados” merecem uns tapinhas mesmo, “aliás seria um absurdo seus filhos verem cenas de afeto nas ruas”. Considera mulher “fraquejada” e classifica negro em arroba, em referência ao período de escravidão, “mas ele não quis dizer literalmente isto”. Em casos mais profundos, defendem a tortura e argumentam com o Papa no Twitter, alegando que ele não entendeu a Bíblia, já que “bandido bom é bandido morto”, esquecendo que bandido também é quem prega morte. Levam arma para votar e mesmo com diversas ocorrências, alegam que foi isolado do apoio ao líder que também prega uso de armas sem ter lido a regulamentação nacional perante porte e posse de armas que já existe. Mas o pior, é que certas vezes estas pessoas não são más, elas de fato querem o melhor para o país e seus filhos, mas por nunca se interessarem por política, sendo o debate exceção em suas vidas, não diário, caem aos contos de salvadores da pátria e se cegam à história da humanidade. Mas quando vem um, vem em monte, para despejar meme, piada, ofensa pessoal, como se política fosse isto. Tem ficado cada vez mais difícil acreditar na inocência destas pessoas, de que estão cegas pelos anos de desacordo com o PT. Mas o que sei é que lamento muito às próximas gerações por terem de nos estudar como a geração do meme, da lacração, da ausência do debate e da política e da geração que deu visibilidade a um cara que prega tudo isto sem debater uma linha do rumo econômico e político de nosso país fronte a um dos maiores desafios do século. Pois é no ano que o Brasil fica em segundo lugar no “ranking da ignorância da realidade”, que o candidato da FakeNews ganhou amores dos que guardavam por muito tempo seu ódio no armário.

Redação

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