Foto: AFP
Jornal GGN – Em uma sentença histórica, a Justiça argentina condenou civis que colaboraram com a ditadura militar (1976-1983). Dois executivos da Ford foram sentenciados como cúmplices de sequestro e tortura de 24 trabalhadores. A empresa não teve envolvimento no processo.
Segundo informações do El País, Héctor Sibilla, ex-diretor de segurança da Ford, e Pedro Muller, ex-gerente industrial, foram condenados a 12 e 10 anos de prisão, respectivamente.
Os dois condenados participaram de um “plano repressivo da ditadura”. Eles “marcavam” os empresados que confrontavam o regime e, posterioremente, eles foram sequestrados e torturados numa academia de ginástica dentro da fábrica da Ford que ainda hoje funciona em Pacheco, na cidade de Buenos Aires.
Dissimuladamente, a Ford emitiu telegramas demitindo os funcionários alegando que eles não compareceram para trabalhar. Depois de torturados, os sindicalistas eram levados a prisões comuns.
Por causa da idade avançada dos executivos, ambos cumprirão pena em casa. O ex-general Santiago Riveros, chefe de centros ilegais de detenção no regime militar, também foi condenado no processo, a 15 anos de prisão.
“Foi o primeiro julgamento na democracia que dá como provado de forma indubitável que a empresa Ford participou com a ditadura de crimes contra a humanidade. Dois gerentes foram condenados. É uma conquista histórica na Argentina, que confirma que se tratou de uma ditadura civil-militar”, diz ao EL PAÍS um dos advogados das vítimas, Tomás Ojea Quintana.
A defesa dos réus promete processar a Ford numa próxima etapa. “Investigar quais são suas práticas de produção e se respeita os direitos humanos.”
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