Pesquisa revela percepção feminina no mundo corporativo

Elas conquistaram o mercado de trabalho, são chefes de Estado e, mesmo com uma rotina agitada, conciliam a maternidade com os objetivos profissionais. Não é a toa que as mulheres estão presentes em todos os setores da economia. Suas habilidades de liderança e inteligência estratégica têm feito com que sua presença seja cada vez mais forte no mundo corporativo.

Entretanto, nem tudo são flores. Apesar das conquistas, ainda há um longo caminho pela frente para que o reconhecimento do trabalho das mulheres seja realmente satisfatório. Dados do Corporate Women Directors Internacional (CWDI) apontam que em aproximadamente 50% das 100 maiores empresas latino-americanas não há mulheres no comitê executivo.

Apesar do número expressivo de empresas listadas no relatório, o Brasil possui baixa representação. São apenas 6,3% de mulheres na diretoria de companhias nacionais. Essa participação feminina precária também foi verificada pela Grant Thornton. São menos de 5% das mulheres em cargos de CEO no Brasil e apenas 18% estão em posição de liderança em uma organização.

Outra pesquisa, realizada pela empresa Robert Half Brasil em fevereiro de 2016, elaborou relatório com uma radiografia sobre a percepção das mulheres brasileiras no universo corporativo. Foram entrevistadas 293 profissionais brasileiras e a proposta do levantamento é encontrar soluções possíveis para que as disparidades entre homens e mulheres sejam amenizadas gradualmente.

Uma das conclusões mostradas no estudo é de que, mesmo com a melhoria nos programas de treinamento e capacitação, quase 90% das empresas não possuem programa de incentivo à liderança feminina. Para anular essa defasagem, os pesquisadores afirmaram que seria preciso enfatizar programas de mentoria e estímulo ao potencial das funcionárias.

Exemplos de excelentes iniciativas seriam eventos com a participação de executivas de sucesso e palestras sobre temas mais densos, como a conciliação entre trabalho e vida familiar, as angústias em relação à maternidade e a importância do equilíbrio das tarefas do lar.

A falta de treinamento adequado faz com que haja problemas na rotina de trabalho. De acordo com a grande maioria das entrevistadas (83%), as instituições não preparam os homens para lidar com o público feminino no ambiente de trabalho.

Isso reflete no modo com que as profissionais são tratadas por colegas de trabalho, chefes e encarregados. Mais de 65% delas afirmou já ter sofrido discriminação no trabalho e 60% ouviram comentários preconceituosos. Além disso, 47% já tiveram sua competência questionada em momentos de crise.

A maioria das mulheres entrevistadas (51%) também afirmou que homens e mulheres não recebem as mesmas chances de crescimento profissional. E, mesmo quando são cogitadas para cargos iguais aos de colegas do sexo masculino, 64% disse que é comum que a mulher receba salário menor.

Essa disparidade salarial vem sendo questionada frequentemente dentro do mercado de trabalho. A boa notícia é que o problema vem diminuindo progressivamente. O Global Gender Gap Report 2015, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, indicou que a diferença de remuneração para homens e mulheres caiu na última década.

Neste quesito, a América Latina é uma das regiões com desempenho excelente: houve avanço de 70% na equiparação salarial. Contudo, os brasileiros não mostraram progresso positivo no último levantamento. O país perdeu 14 posições na classificação geral.

Outro ponto importante em relação ao tratamento dado às mulheres pelas grandes corporações é relativo à maternidade. Mesmo com a indicação do governo de licença maternidade com duração de seis meses, grande parte das empresas não legitima a prática. A pesquisa demonstrou que 67% das profissionais ficou licenciada por apenas quatro meses. Dessas, 53% retorna integralmente à função após a licença.

Todavia, há desafios a serem transpostos nessa retomada do trabalho. Para 27% das mulheres pesquisadas, há uma dificuldade em voltar da licença maternidade e, em muitos casos, a corporação acaba optando pelo seu desligamento após o período de estabilidade.

Para os pesquisadores, não é justo que a mulher perca o que conquistou profissionalmente por ter optado pela maternidade. Segundo o estudo, apesar dos avanços que já ocorreram, ainda é necessário que haja um reconhecimento institucional de que a mulher possui fases que não são iguais às do homem.

Por fim, a pesquisa aponta que a igualdade dos gêneros no mercado de trabalho ainda passará por grandes desafios. No mais, o que se espera é que no mundo corporativo não ocorra apenas a equiparação salarial, mas deve haver um incremento nas oportunidades de crescimento, desenvolvimento e de respeito ao potencial profissional das mulheres.

O reconhecimento do poder feminino vem crescendo a cada dia, prova disso é o infográfico “Mulheres poderosas: porque esse é o século delas”.

Redação

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