Pesquisador elogia estratégia digital das campanhas eleitorais na Colômbia, especialmente a de Gustavo Petro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Na Colômbia, presença nas redes sociais foi aprofundada enquanto debates eleitorais na TV ficaram em segundo plano

Campanha descentralizada e cruzada com o apelo de influenciadores digitais. Esses são alguns dos ingredientes que marcaram o uso das redes sociais pela campanha vitoriosa de Gustavo Petro, o presidente eleito pela Colômbia no último domingo (19).

Petro fez história ao se tornar o primeiro presidente de esquerda na Colômbia desde a década de 1930. Além disso, emplacou na vice-presidência a primeira mulher negra, ex-empregada doméstica e ativista, Francia Marquez.

Petro ganhou da oposição com diferença de 700 mil votos. A votação da juventude fez diferença na última hora. E, para mobilizar a sociedade, a campanha do líder de esquerda aprofundou o uso das redes sociais, em suas variadas plataformas, durante uma eleição em que o debate entre candidatos na TV ficou em segundo plano.

No Twitter, o pesquisador Fabio Malini, que estuda fenômenos políticos nas redes sociais, fez uma thread detalhando o desempenho e as peculiaridades da campanha digital de Gustavo Petro. Para Malini, foi “trabalho fino de comunicação política”. Confira:

Por Fabio Malini

A campanha digital de Petro fez da rua um livestreaming; forte incorporação de influencers; emoji representando o eleitor (um coração); k-popers; instagram como centro difusor das propostas “del cambio” (lindos álbuns e cards). Trabalho fino de comunicação política.

Destaco também a hegemonia do “micro vídeo”, materializados em “gifs” e reels. Bela direção de arte das capas (thumbnails) dos posts, principalmente no Instagram e TikTok. No fim, Vídeos denotaram mobilização social, formação de audiência política e afetividade.

Na vitória de Petro, como tb na vitória de Macron, a campanha digital se despersonalizou. Petro criou o movimento @ColombiaHumana_; Macron, @avecvous. A ideia foi dar + liberdade à com. política, fazendo os eleitores se relacionarem tb com a agenda e com pessoas da candidatura.

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Destaque especialíssimo da estratégia digital de “colab”, dinâmica nascida no Instagram e que significa fazer postagens junto com outro perfil. Isso ajudou sua estratégia de ir pro centro, no 2° turno, fazendo dobradinha com políticos e personalidades públicas mais moderadas.

Em certo momento do 2° turno, Petro foi dormir num bairro pobre. Fez dessa estada, exatamente aquilo que fazem tiktokers nas chamadas houses, produzindo em tempo real e em 24 horas conteúdos p/ internet em q ouvia e debatia com todo tipo de gente pobre. Excepcional estratégia.

Em certa altura, ao ganhar dois bonecos de pelúcia (simbolizando ele e sua vice, @FranciaMarquezM ), adotou-os como ícones da relação com grandes influenciadores, que abraçavam e fazia posts com as pelúcias. Conteúdo fofo e mirado nos jovens, que foram votar.

Não há como não destacar as boas práticas da comunicação de seu opositor, Rodolfo Hernandez, especialmente a linguagem de pastor-coach, em vídeos em que fala diretamente para suas audiências. A pregação, definitivamente, gera engajamento em públicos de centro. Se liguem nisso.

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Agora, Hernandez seguiu a cartilha da extrema direita: plantou dúvida sobre o resultado eleitoral, criando a campanha “testigo electoral”, para q seus eleitores denunciassem casos de fraudes através de um número de Whatsapp. Mera retórica para mobilizar uma base + fanática.

E lá, como tb aqui, parece que debate eleitoral não é algo que a extrema direita adota. Motivo: o eleitor tá de saco cheio de um formato que não debate nada.

@ingrodolfohernandez

El país no se resuelve en debates con politiqueros, mi debate es con los colombianos. 🇨🇴 #RodolfoPresidente #RodolfoHernandez #Elecciones2022 #ligaanticorrupcion

♬ Estoy Aburrido igual – Victorioso Records

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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