Petrobras: “sabedoria” do mercado engasga o “sabichudo”

Como o “especialista” Adriano Pires tem parcos recursos intelectuais, e ficha graduada na ANP de FHC, O Globo escalou agora um economista da PUC carioca – que, com honrosas exceções é o grande consulado tucano no Rio de Janeiro – para atacar a Petrobras. Rogério Werneck, em artigo publicado hoje, à guisa de “dar conselhos” à nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster toma a si a tarefa de não baixar o fogo de artilharia contra a maior empresa brasileira.

E adivinhem o que ele aconselha, no artigo intitulado “O engasgo da Petrobras” ?

Lógico, abrir o pré-sal às empresas privadas – e estrangeiras – e interromper o ” faustoso programa de favorecimento à produção local de equipamentos”, ou seja, importar navios, sondas, maquinario, etc.

Justiça seja feita, nem o “líder e guia espiritual” da privataria, Fernando Henrique Cardoso jamais foi tão explícito.
A Petrobras, segundo Werneck, por estabelecer conteúdos elevados de produção nacional, teria sido transformada em um “poderoso cartório de distribuição de benesses a produtores de equipamentos”.

Leia-se, à indústria brasileira, aquela mesmo que o tucanato serrista vive falando que está se acabando.
Diz ele que, comprando fora, a empresa será mais eficiente.

E usa como exemplo a contratação, no Brasil, de sondas para águas ultraprofundas, que teria gorado por preços elevados demais.

Ora, sondas têm mesmo preços elevados em todo o mundo. Aqui, para serem feitas pela primeira vez, certamente não atingirão os preços de indústrias que as fazem há décadas e em escala em outros países. Mas podem chegar bem perto, até porque o horizonte de produção destes equipamentos não se encerrará nas primeiras encomendas.

A Petrobras está sendo criteriosa e dando as “freadas de arrumação” que são necessárias para moderar os apetites de lucro dos possíveis fornecedores. E a nova presidente da empresa, pelo seu estilo, teve nisso uma das razões de sua escolha. Porque Graça Foster irá, certamente, endurecer e exigir isso, e até mesmo, pontualmente, recusar um ou outro preço exorbitante comprando lá fora.

Mas a Petrobras e o Brasil não podem abrir mão de criar aqui um parque produtivo da indústria do petróleo para, em lugar disso, simplesmente importar ou alugar lá fora os equipamentos indispensáveis.

Não apenas porque isso seria um crime contra o povo brasileiro, que tem o direito de aproveitar em empregos, renda, impostos e aquisição de conhecimento aquilo que a cadeia produtiva do petróleo tem a dar como, sobretudo, porque é uma estupidez acelerar importações de alto valor agregado – como são os equipamentos petrolíferos – para apressar exportações de petróleo bruto, cujo preço de daqui a dois anos não se pode precisar e dificilmente se sustentará nos atuais patamares.

Mas o professor Werneck é um “fundamentalista de mercado”, parte de uma corrente sectária que acha que a “sabedoria” dos agentes privados irá despejar o maná sobre nós. Ou, pelo menos, sobre o Leblon e os Jardins.

Há muitos anos defende o dogma dos preços absolutamente livres dos derivados de petróleo, na base do “quem pode, paga, quem não pode que se dane”.

E o faz com bravura, em sua duradoura cátedra no Estadão e agora em O Globo. Em 2002, criticava Serra por ser “pouco fernandista”, em 2006, criticava Alckmin por ter “caído na esparrela” de não defender as privatizações de peito aberto. E em 2010, sem mais santos aos quais apelar, madizia o favoritismo de Dilma Rousseff afirmando que se devia a políticas absurdas como as compras no Brasil feitas pela Petrobras e à, como classificava, “custosa” política de “reajuste sistemático do salário-mínimo a taxas substancialmente mais altas que a inflação”.

Mas o cultuador da sabedoria do “mercado” acabou se engasgando, ele próprio, diante do seu Oráculo. A Petrobras ababa de fazer uma captação no exterior de US$ 7 bilhões, às menores taxas de juros já obtidas pela empresa, dinheiro que será usado para acelerar o desenvolvimento da exploração de petróleo em bases racionais e não no esquema “Agnelli” do minério de ferro, o do “arranca tudo depressa, vende logo e o país que se lixe”.

E os US$ 7 bilhões, notem, foram menos de um terço da demanda do mercado por títulos da Petrobras. Porque o mercado sabe que a Petrobras é um dos mais sólidos investimentos do mundo.

E o mercado, que o professor Werneck julga sábio, é mais sabido do que ele.

Por: Fernando Brito

Redação

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