PGR estuda romper acordo de delação de Delcídio

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Geraldo Magela /Agência Senado
 
Jornal GGN – O acordo de delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral corre riscos de ser invalidado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa romper a colaboração homologada em 2016, após depoimentos de ex-executivos da Odebrecht revelarem a participação de Delcídio em outros esquemas de repasses a campanhas eleitorais.
 
A sequência de depoimentos dos funcionários e ex-funcionários da empreiteira trouxe à tona a possibilidade de alguns depoimentos de delatores serem questionados. É o caso do ex-gerente de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco, das companhias Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, e do ex-senador Delcídio.
 
A primeira conclusão da Procuradoria sobre o ex-parlamentar é que nos 29 anexos de depoimentos prestados entre 11 e 14 de fevereiro do último ano, Delcídio não repassou informações dadas pela Odebrecht. 
 
Em um dos pontos, Delcídio negou o recebimento de qualquer propina relativa à Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e afirmou que nunca participou de reuniões sobre as obras. Entretanto, o ex-diretor da empreiteira, Rogério Araújo, desmentiu Delcídio, relatando uma reunião, em 2006, na qual a UTC Engenharia prometeu pagar R$ 4 milhões ao ex-senador, como contrapartida na participação da empresa na ampliação da refinaria. O caso teria ocorrido na presença do ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque. 
 
Em outro depoimento, Araújo afirmou que o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, pediu um pagamento de contribuição à campanha de Delcídio, em 2010, em contrapartida a “eventual aprovação de projeto de gasoduto” na Argentina. O ex-parlamentar não mencionou este caso em seus depoimentos.
 
Outro delator, Benedicto Júnior, o ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, também mencionou repasses ao ex-senador. Delcídio do Amaral, por outro lado, também não mencionou esses recebimentos aos investigadores.
 
Diante das controversas, uma vez que o acordo de colaboração exige que o delator se comprometa com a verdade e apresente todas as informações sobre o caso investigado, Delcídio pode perder a colaboração junto à PGR.
 
Como consequência, as informações prestadas por ele podem ser invalidadas como indícios ou meios de provas na Operação Lava Jato. Entre os dados repassados por Delcídio, estão as acusações contra o ex-ministro Antonio Palocci e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Confusão

    A farsa-jato começa a se enrolar nesse novelo maluco de ficar forçando delações no sentido de confirmar o enredo pré-concebido.

    Ora, se os delatores simplesmente afirmaram isso sobre o Delcídio e ainda não provaram, como saber se estão falando a verdade? Eles apresentaram alguma prova, algum depósito na conta dele? Se não o fizeram, aí rompem hoje a delação do Delcídio, e se depois não for provado, aí vão ‘estornar’ o rompimento da delação? Como administra essa confusão toda?

    A LJ não está conseguindo administrar nem mesmo as contradições existentes entre os delatores e no depoimento de um mesmo delator, vide Marcelo Odebrecht falando que a “conta do Lula” seria de 35 milhões e logo depois já era de 40 milhões.

    Esse arremedo de justiça praticado nesta operação será objeto de estudo em um futuro próximo, e todos se perguntarão como o ódio permitiu que o país chegasse a esse ponto.

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