Pistoleiros torturam crianças sem-terra em São João do Araguaia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto: CPT
 
Jornal GGN – Na última sexta-feira, dia 4, pistoleiros atacaram um grupo de 10 famílias que acampavam às margens do Rio Araguaia, no município de São João do Araguaia, no Pará. Fortemente armados, os agressores promoveram uma sessão de violência durante quase uma hora.
 
Os pistoleiros, encapuzados, tinham escopetas, pistolas e revólveres. Chegaram ao local em duas caminhonetes. No acampamento estavam, além dos adultos, 11 crianças entre 3 meses e 10 anos de idade, além de uma mulher grávida de 3 meses.
 
Por quase uma hora os trabalhadores foram vítimas de sessão de torturas, e nem as crianças foram poupadas. Os adultos foram espancados a golpes de paus, facões e coronhadas, deixando marcas pelos corpos. Os agressores dispararam suas armas próximo do ouvido de duas crianças gêmeas de 3 meses de idade para aterrorizar a mãe. Além disso, atiraram em redes com crianças dentro, além de derrubarem e pisotearem crianças. Uma das mães, grávida, foi também pisoteada, teve sangramento e pode ter sido vítima de aborto.

 
Depois do horror das torturas, os pistoleiros atearam fogo nos barracos dos agricultores com tudo que estava dentro. As vítimas, além de tudo que possuíam, tiveram documentos pessoais queimados. Dois trabalhadores que chegaram ao acampamento no momento da agressão, retornaram correndo sob tiros disparados pelo grupo. Todos foram obrigados a subirem na carroceria das caminhonetes, com a roupa do corpo, sendo abandonados na Vila Santana, que fica às margens da Rodovia Transamazônica, a 30 quilometros do local do acampamento.
 
O grupo de sem-terra, junto com outras famílias, já havia sido despejado em janeiro desse ano da Fazenda Esperantina, de propriedade da siderúrgica Sidenorte Marabá, por ordem do juiz da Vara Agrária de Marabá. Sem ter para onde ir, as famílias decidiram acampar às margens do Rio Araguaia, a 10 quilometros dos limites da fazenda. Não foi suficiente. Os pistoleiros não deixaram de perseguir as famílias e a ordem foi para que fossem para o Tocantins, e não ficassem mais no Pará.
 
Esta é uma prática recorrente na região, utilizar grupos de pistoleiros para fazerem despejos ilegais e torturarem trabalhadores sem-terra. Nos dois últimos anos, houveram cinco ações dessa natureza. E não há notícia de que a Polícia Civil tenha investigado e responsabilizado alguém por organizar essas milícias armadas na região sudeste do Pará.
 
Com informações da Comissão Pastoral da Terra.
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Covardes.

    Fortemente armados se sentem valentões a torturar mulheres e crianças. Justiça omissa ou conivente com as ações dos marginais.

  2. Fascínoras

    Pulhas fascínoras atuando covardemente, movidos pela certeza da impunidade geral: a deles próprios e a dos mandantes que os pagam. A Amazônia é apenas a face mais cruenta da luta de classes tornada invisível pela mídia corporativa, com a cumplicidade do Estado e sua falta. Brasil, terra de feitores medievais assassinos.     

  3. Ministerio Publico tem que agir
    Diante desta e outras violencias, cabe ao Ministerio Publico autuar o poder publico que está omisso.

    1. Infelizmente

      Infelizmente, em incontáveis casos, o Ministério Público atua na Amazônia para criminalizar os movimentos sociais e entidades que defendem os direitos dos índios e dos sem terra. Tudo isso acontece sem que a população do sul maravilha sequer tome conhecimento.

  4. Espaço
     

    O Brasil tem 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados , que divididos por 200 milhões de habitantes concede a cada um a bagatela de 42.500 metros, ou 42,5 kilômetros, pra ficar lá sozinho, coçando o saco ou plantando suas mudas de couve.

    Por que diabos não haveria lugar para 11 crianças e uma mulher grávida num país desse tamanho, onde quase a totalidade de suas terras é aproveitável e o clima ameno?

    Por que o metro quadrado de algo construido como caixote, um em cima do outro, tem que custar 10 mil reais?

    Quanto vale o brasil? (fora o povo, que paga para nascer e morre devendo nesta terra)

    Nem ouso fazer as contas. 8 milhões e 500 mil quilômetros multiplicados por 10 mil reais o metro quadrado, multiplicado por 10 andares,  sem contar as melhorias (  subsolo, águas ,  riquezas naturais, fauna, flora)

    A miséria é uma doença, dizem os americanos,  e há povos que as transmitem sem nunca te-la experimentado, eu digo.

     

     

  5. Pistoleiros….

    Interessante como o caso da Hydro AluNorte saiu da Imprensa com tanta rapidez. Ou será que o envenenamento do Povo Brasileiro Paraense, suas terras e suas águas é um crime menor? Ou será que matar o Ambientalista Paulo Sérgio Almeida Nascimento não é um caso comparável à morte de Chico Mendes? Não vejo a pressão de Ongs Internacionais nem Nacionais? Ou será que esta Amazônia de Barcarena / PA é uma Amazônia diferente daquela do Agronegócio ou Agropecuária Brasilleira? Ou será que é porque não devemos pisar no calo do Povo da Noruega, nem da sua 1.a Ministra, que envia tantos milhões de dólares de ajuda de custo para salvar a Amazônia do Agronegócio, enquanto ganha outros tantos bilhões de dólares destruindo Nossa Amazônia e tomando posse do Nosso território em Privatarias Entreguistas? Sumiu do noticiário. Por que será? 

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