Plenário vazio da Câmara debate consequências de venda da Embraer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

A Embraer tem papel importante na indústria da aviação e setor de Defesa brasileiro, estratégico para a autonomia nacional – Foto: Sgt Batista/Agência FAB
 
Jornal GGN – Apesar do Plenário quase vazio na Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira (01) foi realizada uma comissão geral sobre a fusão da Embraer com a norte-americana Boeing, para debater entre os deputados as consequências da negociação em andamento.
 
“Todo mundo quer saber o que está acontecendo de fato, em que ponto está essa transação e se vão ter essa segurança de que trabalho e emprego serão mantidos”, afirmou o deputado Flavinho (PSC-SP), um dos poucos que compareceu ao Congresso neste primeiro dia de volta aos trabalhos legislativos.
 
Apesar do esvaziamento das sessões, o objetivo da reunião foi debater a possível venda da terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a brasileira Embraer, à norte-americana Boeing, como a falta de transparência sobre os termos do acordo comercial.
 
De acordo com o parlamentar Flavinh, existe uma grande preocupação sobre os impactos dessa possível fusão para a economia brasileira e, também para os cerca de 18 mil trabalhadores da empresa nacional, sobre a manutenção destes empregos no país.
 
Até agora, ambas as empresas anunciaram que uma negociação está em andamento para criarem, juntas, uma terceira empresa em um sistema denominado joint venture, que ficará responsável pelas atividades e produções de aviação comercial que hoje competem à Embraer no Brasil. Para isso, a Boeing quer pagar US$ 3,8 bilhões para obter 80% do controle da nova operação.
 
Ainda estão sendo estudadas negociações para a empresa dos Estados Unidos também controlar o setor de defesa da Embraer, que produz aeronaves militares. 
 
Presente na sessão, representando o governo de Michel Temer, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (MDB-SP), manifestou apoio à medida econômica. Para ele, a fusão da Embraer com a Boeing poderá trazer resultados posivitos para que a brasileira permaneça competitiva no mercado internacional de aviação.
 
Para ele, a criação da joint venture, com uma terceira empresa que será predominantemente controlada pela norte-americana, não deve impactar em demissões no Brasil. “Não acredito que uma empresa como a Boeing vai querer eventualmente demitir funcionários brasileiros que conhecem com profundidade da tecnologia de construção e produção de aeronaves”, disse.
 
A comissão geral sobre a venda dos controles das atividades da Embraer na Câmara, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (01), foi a principal agenda do Plenário da Câmara nesta semana, que conta com um esvaziamento diante das prévias das eleições.
 
Acompanhe a íntegra da Comissão Geral na Câmara:
 
https://www.youtube.com/watch?v=qLbUS9mkGek width:700 height:394
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Se os milicos um dos maiores
    Se os milicos um dos maiores interessados não estão nem aí, que se dane.

    Os babacas estão preocupados que o STF mantenha o Lula preso.

    Quero que esses babacas virem força auxiliar do USA.

  2. Pois é. Enquanto isso, o

    Pois é. Enquanto isso, o Parlamento alemão aprovou uma lei que proíbe a venda de empresas consideradas estratégicas a estrangeiros, e o Governo Merkel acaba de vetar a venda da metalúrgica Leifeld, que atende a indústria nuclear, a investidores chineses. Só mesmo países de “elites” viralatas como o Brasil permitem a venda de uma empresa como a Embraer, ainda mais, por uma quantia risível como a anunciada, menos de US$ 4 bilhões (inferior à atual carteira de pedidos firmes da empresa).

  3. Alguém me esclareça

    Se for criada uma terceira empresa, as ações existentes seriam então de qual empresa? A nova estaria inclusa?

  4. O império contra-ataca
    Mudando de assunto, mas ainda no grande tema da influência das multinacionais em setores estratégicos nacionais, uma reportagem recente sobre a política de banimento de perfis do Facebook, agora nos EUA, visando às eleições intermediárias naquele país – esse é o álibi.
    Como sempre, do excelente Democracy Now!, com Amy Goodman e Juan Gonzales.
    Vídeo com opção de legenda em português.

    [video:https://m.youtube.com/watch?v=XwXffKw73jA%5D

    Para entender a estratégia global da empresa ao fazer exclusões massivas de certos perfis enquanto outros, lucrativos, são mantidos intocáveis.

    Sampa/SP, 01/08/2018 – 18:26

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador