Poder demais sufoca a própria cabeça

Poder demais sufoca a própria cabeça

Angeline dormiu mal ao pensar que teria cometido uma idiotice quando apontou a Lei de Responsabilidade Fiscal entre os principais responsáveis pela crise penitenciária no Maranhão. “Claro que tem culpa, falou para si mesma. Mas os outros governadores estão sob a mesma lei e a maioria não enfrenta uma situação penitenciária tão degradada”. Incomodada, decidiu recorrer ao professor Galileu para ter uma terceira opinião:

– Você tem razão e não tem razão, disse ele. A lei é uma estupidez, garroteia toda a administração pública estadual e municipal por impedir gastos necessários de custeio, essenciais no serviço público. Mas a contribuição do clã Sarney para a crise é óbvia, pois o estado dos serviços públicos no Maranhão é muito pior que a média nacional. Roseane até se desculpou dizendo que a situação é ruim porque o Estado enriqueceu demais… Isso leva a gente a pensar que ela mede a riqueza do Estado pelo patrimônio do clã!

– Mas os Sarney são muito poderosos. Deviam cuidar melhor do Maranhão, interveio Simplício.

– Os Sarney também são muito justos, disse Angeline. Eles resolvem tudo na Justiça – menos, como se pode ver, a situação do Maranhão.

– Como assim?

– Veja: a Polícia pegou no escritório do Murad, companheiro de Roseane, 1,4 milhão de reais aparentemente de caixa dois para campanha eleitoral. Não deu em nada. Ninguém nem fala nisso mais. O assunto morreu. Claro, os Sarney resolveram a questão na Justiça.

– E daí?

– Sarney Filho foi processado por improbidade. Os Sarney resolveram a questão na Justiça. Ele saiu limpinho.

– E daí?, insistiu Simplício.

– O principal adversário de Sarney no Amapá, senador João Cabiperibe, foi cassado pelo TSE. Sabe qual era a acusação? Ele a mulher, Janete, teriam comprado, cada um, um voto por 26 reais (nem 25, nem 27). Assim se liquidou, pela força do clã Sarney, os mandatos de um senador da República e de uma deputado federal, devidamente submetidos à justiça de Sarney. (Capibaribe anos depois voltou ao Senado nos braços do povo.)

– Coitado do Maranhão, lamentou Simplício. 

– Não adianta se lamentar. Os Sarney são donos de tudo no Estado, da tevê, do principal jornal, de fazendas, de ilha e, aparentemente, de alguns nacos da Justiça. Só não é dono ainda dos lençóis, e nem sei até quando. Sabe como se resolve essa situação?

– Como?

– Com uma Primavera Maranhense, proclamou solenemente Angeline.

Simplício escreveu na agenda vermelha: Confúcio pode ter dito: o poder quando é grande demais pode sufocar a própria cabeça!

Redação

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