Polícia investiga pichação nazista em igreja no Rio

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução/Twitter

Da Agência Brasil

Pichações com a cruz suástica nazista em uma capela histórica de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, indignaram moradores e se tornaram objeto de investigação da Polícia Civil fluminense. Os símbolos foram pintados entre a noite de sábado (13) e a madrugada de domingo (14) na fachada do templo católico, que tem mais de 150 anos.

Segundo a Polícia Civil, a 151ª Delegacia de Polícia (Nova Friburgo) registrou o caso e já foi ao local coletar provas. A Agência Brasil não conseguiu contato com a Paróquia de São Sebastião, em Lumiar, da qual a capela faz parte. 

A capela é a mais antiga igreja católica do município e tem um sino de bronze doado pelo imperador Pedro II. Localizada em São Pedro da Serra, distrito rural famoso como destino de ecoturismo, a igreja é considerada um dos principais pontos turísticos do distrito. 

A lei brasileira considera crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada para fins de divulgação do nazismo. 

Ideologia autoritária de extrema direita, o nazismo levou à morte de milhões de judeus, estrangeiros, homossexuais, deficientes físicos e integrantes de outros grupos minoritários quando Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, na primeira metade do século 20. O expansionismo do regime nazista também culminou na Segunda Guerra Mundial.

Dono de uma pousada em São Pedro da Serra, João Carlos Leal disse que ficou surpreso com a pichação porque o clima na cidade continuava tranquilo, apesar da polarização política ser a mesma verificada em outras partes do país com a eleição presidencial.

“Embora a gente estivesse polarizado, o clima na vila era amistoso”, afirmou Leal, que estava organizando uma partida de futebol com times formados por simpatizantes dos dois candidatos que disputam o segundo turno da eleição presidencial: Jair  Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Depois da pichação, a partida foi suspensa.

Outro morador que concedeu entrevista e pediu para não ser identificado discordou de que o clima na cidade seja amistoso e destacou que a intolerância vem levando a divisões familiares, brigas entre amigos e ameaças de represálias.

O músico Ricardo Vilas, dono de uma casa de veraneio em São Pedro da Serra há mais de 30 anos, conta que estava na cidade no domingo e foi até a igreja para ver as pichações. “Muita gente foi lá para olhar. Inclusive foi um fim de semana com muita gente de fora porque tivemos um feriado prolongado e a cidade estava lotada.”

Para Ricardo, o ato preocupa porque se soma a outras manifestações de intolerância política que vêm sendo registradas em algumas regiões do país. “A existência de um ato como esse incentiva a existência do seguinte.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. EUA querem fascismo, guerra civil e desintegração do Brasil.
    Se o fascista vencer, a coisa vai piorar. Não vão apenas pichar a Igreja. Vão espancar os padres aos gritos de “morte aos comunas”, como fazia o velho CCC durante a Ditadura Militar.

    As mílicias “carnice nere” e “sturmbateilung” estão nas ruas. Eu ví, no dia do primeiro turno, grupo de neonazistas na Avenida Paulista. Nem escondem mais dos transeuntes as tatuagens “88”. Desfilam mostrando suas “identidades” nazistas em frente ao policiais sem serem molestados.

    É evidente que BOÇALnaro é descartável. Duvido que chegue vivo ao final de janeiro. O general Mourão está louco para tomar o seu lugar.

    Tudo em meio a tentativas de amordaçar a sociedade civil. O anúncio da adoção da “cura gay” foi um balão de ensaio para que saibam como reagiria a sociedade civil. O Conselho de Psicologia marcou posição firme. Se não conseguirem calar os muitos descontentes vão partir para o assassinato em massa de dissidentes. O astrólogo Olavo de Carvalho já “cantou a bola”.

    Defendí em muitos comentários que o Golpe era dirigido de fora. Mas, subestimei as intenções distópicas dos EUA. Considerava que Geraldo Alckmin seria o candidato ideal para os interesses estadunidenses no Brasil.

    Foi um grave equívoco. Jair Bolsonaro sempre teve um presença na internet que jamais poderia ser creditada apenas aos fanáticos que o seguem. “Tea Party”, fundações como a dos Koch Brothers (que também estão por trás do MBL), NED fizeram um trabalho muito profissional de intoxicação do debate público com o alarido das “fake news” que impulsionaram o “mito”.

    Agora, às portas de eleger o fascista, figuras como Steve Bannon e a Cambridge Analytica estão deixando o “rabo de fora”, revelando a profunda influência estadunidense na eleição brasileira.

    A distopia é caos e fragmentação. A guerra civil parece inevitável no Brasil Daí, a desintegração do território nacional.

    Para os EUA seria ótimo. Afinal, o Brasil é ainda o único país que poderia desafiar o domínio estadunidense nas Américas.

  2. O principal jornal local, o A

    O principal jornal local, o A Voz da Serra, não noticiou o fato no até segunda-feira ao meio dia. E mesmo assim a manchete no site não trazia a foto da igreja, só o título “Polícia investiga pichação de suásticas na Capela de São Pedro da Serra”

    Achei curioso uma notícia da cidade aparacer na página principal de todos os principais jornais do país, mas não no jornal da própria cidade, mas tem explicação: Nova Friburgo foi uma das cidades onde Bolsonóia teve a maior votação no estado, 63%, comparável com a média de estados do Sul.

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