Jornal GGN – A política internacional do governo Jair Bolsonaro tem sido conduzida de forma a manter sua base de militantes mobilizada, mas que não tem o mesmo efeito visto no exterior.
“Atitudes como não parabenizar o novo líder argentino, alegar que Joe Biden venceu as eleições de maneira fraudulenta, atacar a ONU, Xi Jinping, Emmanuel Macron e quem mais aparecer pela frente integram uma retórica cuidadosamente articulada para atiçar os ânimos de sua torcida”, explica Oliver Stuenkel, coordenador da pós-graduação em relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
Contudo, esse posicionamento tem um preço: Bolsonaro comprometeu praticamente todas as relações mantidas pelo país, e a reputação junto aos quatro principais mercados para a economia brasileira (China, Estados Unidos, América Latina e Europa) é a pior em décadas. “Fora os nacionalistas da Hungria, Polônia e Eslovênia, não há um único chefe de Estado da União Europeia que receberia uma visita oficial de Bolsonaro hoje em dia”, diz o professor.
E tudo indica que isso tende a ser ainda pior, com o aumento do risco de boicotes mais amplos contra os produtos brasileiros diante da onda ambientalista na política europeia e, dentro dos círculos europeus da diplomacia, fala-se abertamente que Bolsonaro é o pior inimigo para a confirmação do acordo comercial com o Mercosul. E a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos deve piorar a situação bolsonarista, principalmente com a possibilidade de a política ambiental norte-americana ser conduzida de forma coordenada com a União Europeia.
“A derrota de Trump deixa o Brasil ainda mais isolado em sua política radical e negacionista. Antes ofuscadas pela atuação do colega americano, as patacoadas de Bolsonaro devem ganhar ainda mais atenção negativa dos observadores internacionais”, afirma Oliver Stuenkel.
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