Por acusar sem provas, Ministro da Justiça é alvo de ação

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Alexandre de Moraes, o hoje ministro da Justiça, é personagem em mais de uma matéria nos jornais. A primeira diz respeito ao montante que seu escritório recebeu de empresa alvo da Operação Acrônimo, de R$ 4 milhões.

A segunda abordagem é sobre uma acusação que o então Secretário de Segurança de Geraldo Alckmin fez em rede nacional de TV: de que um policial militar era o responsável por uma chacina. Acontece que Moraes falou sem provas, e o soldado em questão move uma ação contra tal declaração.

O soldado Douglas Gomes Medeiros foi preso, em setembro de 2015, sob a suspeita de ter matado quatro jovens em uma pizzaria na Grande São Paulo. Bastou para que o secretário de Geraldo Alckmin concedesse uma série de entrevista afirmando que o PM havia, de fato, praticado o crime. A justificativa seria de que o grupo de jovens tinha roubado e agredido a mulher do soldado.

Acontece que não é verdade, e é a Folha quem estampa a matéria em suas páginas. Em maio, a Folha disse que a polícia nunca encontrou a bolsa na casa dos jovens, mas que foi encontrada oito dias antes da chacina na casa de pessoas sem ligação com as vítimas em endereço longe da rua em que elas moravam. A bolsa foi achada por acaso, em meio a objetos roubados, armas e drogas.

A defesa do PM levou tais detalhes à Justiça na instrução processual e o Ministério Público concordou que não havia provas para manter a acusação. Então, em abril, o PM foi colocado em liberdade.

A chacina desses jovens em Carapicuíba aconteceu menos de um mês após os ataques de Osasco e Barueri, que teve o triste saldo de 23 mortes. E uma nova chacina tão pouco tempo depois deixou a polícia pressionada. A prisão do soldado foi para propagar a agilidade da polícia na gestão de Moraes.

A ação ajuizada pelo PM pede R$ 60 mil de indenização. Na peça, o advogado usa trechos de obras publicadas por Moraes, que é professor de direito e autor de obras sobre o tema, para mostrar que ele feriu a presunção de inocência.

A advogada do PM, Flávia Artilheiro, disse que as afirmações de Moraes contra o policial, e sua prisão, abalaram toda a estrutura familiar do acusado sem provas, que teve que se mudar de Carapicuíba. Com tudo o que aconteceu, o policial ficou com dívidas e perdeu a vaga na escola do subcomandante da PM.

O ministro da Justiça de Michel Temer, Alexandre de Moraes, não quis comentar a ação movida contra ele pelo soldado e limitou-se a dizer que não tinha conhecimento da ação. O mesmo aconteceu quando a Folha o procurou em maio, quando era Secretário de Segurança Pública de Geraldo Alckmin.

O policial nunca recebeu explicações ou desculpas pela ação de Moraes e da própria PM.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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    1. $$

      Além de isso ser uma merreca a responsabilização  legal tem que ser forte, e aplicar o domínio do fato no  Alckmin (fala JB).

      Mishell sabia disso e  botou o cara no M J.   Os platelmintos se entrelaçam.

  1. Equívoco e desprezo

    Hoje, o ministro da Justiça está em duas notícias apontando condutas nada coerentes com o seu cargo no governo. Dos dois fatos desabonadores , o mais chocante é ver o desprezo que Moraes, quando secretário da segurança pública de São Paulo, manifestou pela presunção da inocência. Não obstante o grave equívoco, jamais veio a público pedir desculpas ao PM caluniado e destruído pela falsa acusação. Esse comportamento lamentável e o  apego a atitudes midiáticos do atual ministro da Justiça faz prever dias assustadores para o Brasil.

  2. No nosso FEMEAPÁ (Festival de

    No nosso FEMEAPÁ (Festival de Mediocridades que Assola o País), o kojak ocupa lugar de honra.

    Afinal, é o homem certo no lugar certo.

    Para ser ministro do Magno Temer, são básicos dois requisitos: Ser incompetente e ser corrupto.

    Dois quesitos em que, pelo menos até agora, ninguém alcança a excelsa perfeição do kojak.

  3. O (in)judiciário tem por

    O (in)judiciário tem por hábito não “enriquecer” o autor de pedido de indenização. Mas, houve um desembarga em palegre, que andou transitando pelo pt e outros que, ao não ter mais publicado no jornal zerohora (em minúsculas) suas crônicas colunísticas, entre na justiça e obteve cerca de UM MILHÃO de reais de indenização… Quanto ao des(ministreco), são tantas as estórias, histórias, causos et caterva sobre ele que só mesmo num desgoverno golpista se sustentaria. Contam que cada vez que o temerista chama esse dito para dar-lhe pitos ele (o ministreco) já chega de dedo em riste no nariz temerista e grita: cê sabe com que tá falando? É o que basta para o amarcelado abrir aquele sorriso transilvânico e se oferecer para servir o cafezinho (já que demitiu o copeiro anterior)…

  4. Vai ser descartado, está

    Vai ser descartado, está pesado demais para o governo Temer.

    As notícias no PIG sobre esse sem vergonha provam isso. Já deu !! Mete o pé !! Vai embora !!

  5. Para que provas?

    Isso era antigamente.

    Agora elas podem ser substituídas pela convicção da autoridade judicial.

    Afinal, se o Ministro da Justiça tem a convicção de que o suspeito cometeu o crime, é por que de fato o suspeito é culpado.

    Para tempos excepcionais, medidas excepcionais.

    Desculpem o transtorno, estamos passando o Brasil a limpo. É necessário tirar o Brasil do vermelho.

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