Porcentagem de militares dos governos ditatoriais é retomada por Jair Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Na história do Brasil, a presença de militares integrantes das Forças Armadas dentro de um governo atingiu o patamar acima de 30% nos governos das ditaduras do regime militar (1964-1985). Com a redemocratização do país, esta porcentagem foi diminuindo, atingindo 14% no governo de Itamar Franco (92-94) e zerado nos governos Lula e Dilma. Mas a partir de 2019, com Jair Bolsonaro no poder, voltará a ser 32% dos ministérios.
 
Um gráfico foi divulgado com dados da Biblioteca da Presidência da República, sugerido pelo leitor Jackson da Viola ao GGN, mostrando a proporção de militares que foram nomeados para o comando de Ministérios em comparação ao número total de ministros no início de cada presidente, desde a ditadura brasileira.
 
Nele, é possível verificar que o ditador Castello Branco (1964-1967) teve cinco ministros das Forças Armadas entre um total de 15 pastas, ou seja 33% de seu governo. Costa e Silva (1967-1969) aumentou essa proporção para 44%. O ditador Emílio Médici (1969-1974) teve 38% de ministros militares. Geisel (1974-1979) teve 33% e João Figueiredo (1979-1985) teve 31%.
 
A queda da presença militar nas principais pastas de comando de um governo do Brasil começou a cair no governo de Itamar Franco (1992), chegando a 14%, e Fernando Henrique Cardoso (1995) reduziu a 13%. Lula e Dilma tiveram 0% de militares em seus governos. 
 
Com a queda da ex-presidente Dilma, Michel Temer assumiu dois anos de poder e adotou 4% de militares em pastas de comando do Executivo. É que de um total de 26 Ministérios, um é militar.
 
Já Jair Bolsonaro, que assume a partir do ano que vem, já nomeou seus 7 ministros militares. E serão um total de 22 Ministérios. Por isso, a presença das Forças Armadas no comando do país voltará a atingir o mesmo patamar da ditadura do regime militar: 33%. 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. Não sei porque, mas de

    Não sei porque, mas de repente me veio à cabeça a hípótese de que este escândalo envolvendo os bolsonaros pode ter um componenete militar a mais. Imaginei que de repente os militares querem o presidência e não a vice-presidência. Imaginei que os homens de verde-oliva “descobriram”,  assim de um minuto para o outro, que o capitão é inepto, pra dizer o mínimo, para a função presidencial. Como não pdem agir agora, pois impedindo o capitão neste momento, abriria espaço pro Haddad. E eles, que preferem o capeta a um petista na presidêcia, estariam qeimando o filme agora do bozo pra depois derrub´-lo solenemente apos a tomada da posse do millitar de baixa patente. Abriria espaço para a alta da vice presidência na figura do Mourão. Mas isto é loucura, porque não brasil, todos sabem, não existe conspiração. que o diga a Dilma, o Jango, O JK, o Teori……

  2. Daí você vê os números do PT

    Daí você vê os números do PT e percebe que sempre foram democráticos (até demais) e nunca baixaram a cabeça para milico entreguista.

    E ainda tem babaca por aí pedindo auto-crítica do partido.. Vai entender.

  3. A tutela militar no governo a ser empossado é bem maior

    Na ditadura, quatro ministérios eram de longa tradição na República ocupados por militares, as três forças mais a casa Militar, eram, por assim dizer, “ministérios militares”, Hoje, os quatro estão reduzidos a dois, a defesa e o gabinete da segurança. 

    Se fizermos as deduções, veremos que a participação dos militares nos “ministérios civis” foi, durante a ditadura, muito menor do que se pensa. Havia aquilo que na época se chamava “híbridos”, milicos que haviam dado baixa, até décadas antes da ditadura, que estavam diluídos na vida política republicana ou na administração pública; vários já tinham exercido mandatos eletivos. Gente como Juarez Távora, Juracy Magalhães, Ney Braga, Costa Cavalcanti, César Cals e, de certa forma, até o Golbery do Couto e Silva. Por este critério, podemos dizer que só havia políticos nos “ministérios civis” do governo Castelo Branco, que durante a ditadura não passou de meia dúzia de militares nomeados para “pastas civis”.

    1. Em tempo:

      Esse ressurgimento de militares tinha me chamado atenção e, por curiosidade, fiz um levantamento para comparação. Recupero o arquivo. A relação abaixo é de ministros de origem militar, ocupantes de ministérios fora da três forças armadas e do gabinete militar.

      Governo Castelo Branco: Juracy Magalhães; Juarez Távora; Ney Braga; Peracchi Barcelos 

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Castelo_Branco

      Governo Costa e Silva: Costa Cavalcanti; Jarbas Passarinho; Mário Andreazza; Albuquerque Lima

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Costa_e_Silva

      Junta Militar de 1969: Costa Cavalcanti; Jarbas Passarinho; Mário Andreazza

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Provisório_de_1969

      Governo Médici: Costa Cavalcanti; Jarbas Passarinho; Mário Andreazza; Hygino Corsetti 

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Médici

      Governo Geisel: Ney Braga; Golbery do Couto e Silva; Euclides Quandt; Dirceu Nogueira 

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Geisel

      Governo Figueiredo: César Cals; Jarbas Passarinho; Mário Andreazza; Golbery do Couto e Silva; Rubem Ludwig

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ministros_do_Governo_Figueiredo

       

  4. Esses militares que compõe o

    Esses militares que compõe o governo do coiso são barra pesada. O presidente eleito só não vai ser assassinado nos 2 primeiros anos de mandato para que não haja convocação de novas eleições. Se o seu governo sobreviver após 2 anos, é provável que o Mourão dê o bote e assuma o governo. No entanto, o mais provável será a renúncia mesmo.

  5. Isso é bom que aconteça, para

    Isso é bom que aconteça, para os que não viveram 64, e que pediram a volta desses coisas, descubram que eles são tão corruptos como qualquer político. Só que eles controlavam com mão de ferro as notícias, seus desvios não chegavam ao conhecimento público. Mas era em 64. Notícias só rádio, jornal e televisão. Hoje é diferente: a internet tá aí, até pra eleger presidente. E derrubar também. E, como em 64, quem derrubou a ditadura foi a crise econômica, em 2019, o tenente, que não é marinheiro, vai pegar de proa uma crise com a CHINA e com O MUNDO ÁRABE, na economia. Ou capitula ou morre. E o grande “aliado” americano? Bem, esse já tem poblemas demais, tanto interno como externo. Pra quê, então, se preocupar com “ESSA PORRA”(?) se já dominam o essencial, que são os recursos naturais, a moeda e mantém agentes públicos sob o seu mais estrito controle?

  6. Nada de Novo no Front

    Nassif: a vantagem disso tudo é que não teremos mais que ficar buscando explicações para as ações de governo. É só buscar no passado, desde 15 de novembro de 1889, um ato político e social que se conseguira enquadrar o fato. Porque, tirando a besta do Guedes, os vangélicos de Salomão e a parceria com os Verdugos, conte algo denovo no reinado dos verdeolivas. Schopenhauer dizia que militar só sabia falar de mulher e cavalos. Assim mesmo, mal. Por aqui tem até deles que prefere o cheirinho do equinio a fazer algo de bom para os vassalos de quem se servem e labuzam. Veja agora, tiraram os petralhas para instalar os metralhas. É como nos morros do Rio. Mandam embora a fação carioca para deixar que a facção mineira se instale. Enquanto isto, na Praia Vermelha…

  7. Ninguém emite cheque nominal com dinheiro ilícito
    O Bolsa Anário afirmou que ninguém repassa dinheiro ilícito através de cheque nominal. Logo, como o motorista do Flávio Bolsonaro emitiu 10 cheques de 4 mil prá pagar o empréstimo concedido a ele por Bolsonaro, no importe de 40 mil reais, e mais um cheque nominal de 24 mil para a Michelle Bolsa Anário, esse dinheiro não é ilícito. A menos que o emitente e o destinatário do cheque sejam burros.
    Bolsa Anário diz que emprestou dinheiro pro motorista do seu filho porque ele estava com dificuldade financeira. Como um $ujeito que movimenta 1.2 milhões em um ano fica em dificuldade financeira?
    Ele disse ainda que as transferencias de dinheiro das contas dos Assessores do Flavio Bolsonaro para a conta do motorista explica-se pela solidariedade entre eles.
    Mas o Bolsonario nao foi solidário com o motorista, pois não lhe doou, lhe emprestou dinheiro.
    Reconheceu que errou ao nao declarar o valor ao fisco mas vai consertar seu erro.
    E bola pra frente. Sai que é sua, Tafarel.
    Acabo de chegar ds feira. Um jovem passa correndo entre a multidão. Dois minutos depois vem 2 policiais de mascara e com armas nas mãos, correndo, ofegantes.
    A Senhora de uma banquinha de café diz:
    Eles não vão pegar o ladrão, pois são gordos demais. Essa gordura toda é porque eles comem nos todo lugar sem pagar nada. São ladrões perseguindo outro.

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