A América Latina tinha uma antiga tradição futebolística: Brasil, Uruguai e Argentina sempre foram considerados favoritos na Copa América. O Chile era considerado um patinho feio, mais belo apenas que o Paraguai e a Venezuela.
Na Europa uma tradição também era objeto de culto nos gramados. Os favoritos a ganhar a Eurocopa eram quase sempre os mesmos: Alemanha, Itália, França, Espanha e Inglaterra. Portugal estava num grupo intermediário Irlanda, Holanda, Dinamarca, Noruega e Bélgica. Grécia era um patinho-feio superado em feiúra apenas pelo Liechtenstein.
Em 2016 as coisas o mundo virou de ponta cabeça. Em nosso continente o Chile sagrou-se bicampeão da Copa América. Na Europa, o esforçado time de Portugal levou a Eurocopa após 4 empates e 3 vitórias.
O que esperar de um jogo entre Portugal e Chile?
Se os craques dos dois times estiverem em campo a disputa será grande. Com ou sem craques, a pancadaria é garantida, pois os zagueiros de Portugal e do Chile nunca perdem a viagem. Se a bola passar o atacante adversário ficará no chão.
A violência venceu a arte em 1982, quando a Itália derrotou o Brasil. A arte voltou a dominar os gramados com a seleção da Espanha e, em menor grau, com o futebol vistoso da Alemanha. Na fase atual, a violência coexiste com a arte. As seleções de Portugal e Chile tem craques (Cristiano Ronaldo e Alexis Sanchez e Eduardo Jesús Vargas Rojas), mas também tem jogadores que descem o sarrafo.
Uma partida entre o campeão Europeu e Latino-Americano será inevitavelmente bela e trágica. Assim é a vida. Desde que os gregos produziam magníficas obras de arte enquanto não estavam se matando uns aos outros nas batalhas de Antípolis, Mantinéia, Egospótamos, Leuctra e Queronéia, a civilização ocidental não consegue dissociar beleza e violência. O amálgama entre ambos também foi uma característica do violentíssimo Império Romano.
A Lusitânia foi conquistada pelos romanos em 29 a C. Como o Brasil, o Chile também pode ser considerado um rebento tropical tardio do Império Romano. A partida futebolística entre ambos evoca, portanto, a essência duradoura de uma civilização que ainda ecoa nos gramados. Não por acaso os estádios de futebol europeus e latino-americanos são herdeiros arquitetônicos do Coliseu romano.
“Ave, Caezar, morituri te salutant” gritarão os jogadores de Portugal e Chile no início da partida. Depois, por 90 minutos, poderemos ver uns e outros se dedicarem à sofisticada arte de esfolar as canelas, quebras as costelas e esmagar os tornozelos e joelhos dos craques adversários. Cristiano Ronaldo e Alexis Sanchez e Eduardo Jesús Vargas Rojas conseguirão terminar inteiros a partida? Esta é uma questão que deve ser respondida pelas empresas de seguros.
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