Presidenta Dilma: os aliados não temem conciliadores

Tempos atrás, em conversa com um dos construtores do movimento dos trabalhadores da Caixa, discutíamos a hipótese de chapa de composição para a eleição à diretoria de uma entidade sindical. A conclusão foi óbvia: a composição evitaria o desgaste da campanha e eventual perda no processo eleitoral. No entanto, imporia desgaste na gestão que tornaria a entidade, em extremo, ingovernável.  A opção foi pela disputa e a chapa que apoiávamos venceu.

Assim é. Conciliação pode significar pouco risco, mas em regra desvirtua de tal maneira nossos projetos que nos torna  apenas conciliadores. E mais e mais conciliadores ante mais e mais exigências.

O governo Dilma enfrenta crise e alguns pretendem transformar a crise em afastamento. Não sei nada das agruras que a presidenta passa, embora imagine. Mas, no lugar dela, ouviria as bases e seria idealista.

Dar entrevistas aos meios que funcionam como partidos de oposição não a colocará no debate e, pior, tampouco o próprio debate que a sociedade merece e precisa ser feito. Por isso, se bancários querem discutir a posição do governo ante a especulação quanto à abertura de capital da Caixa, creio que ela deveria recebê-los e ser franca, clara. Se os sem-terra têm tanto a questionar, que os receba e os ouça. Se os industriais estão temendo a perda de suas fábricas, converse diretamente com eles. Faria assim com qualquer grupo interessado no desenvolvimento do país.

Conciliar com a tal base aliada e seus porta-vozes que, ao que parece, colocam seus produtos em oferta para quem se dispuser a pagar mais por eles, não conduzirá o país ao que se pretende. 

Sem a base poderá perder até o próprio cargo? É o risco. Com os aliados poderá ganhar? Talvez se mantenha no cargo, mas certamente não ganhará. Aliás, nem ela nem o país. O processo de destruição que se impõe ao pouco que se construiu desde 1988 não se intimidará com conciliação, tampouco temerá conciliadores.       

Redação

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