“Primavera de Manaus” – uma análise do autoritarismo na capital da Zona Franca

No país em que os monopólios e os oligopólios da comunicação reinam soberanos, sem que o Estado e a sociedade possuam instrumento para contê-los, foi preciso a compressão do espaço/tempo do mundo contemporâneo para que o poder informacional sofresse importante deslocamento com o advento de modernas tecnologias, entre eles a internet.

É bem berdade que ainda estamos longe da democratização desse espaço. É visível a reorganização dos referidos monopólios e olipólios face à retração da capacidade de representar um mundo de novos interesses e discursos.

Neste mundo encurtado por satélites, fibras óticas, TV a cabo, samartphones, a grande midia, escorada na força do capital, reforçou seus aparelhos privados de hegemonia. Com isso ela continua traduzindo interesses privados em públicos, intermediando-os, a começar pelos seus próprios.

O caso da CBN é emblemático. Uma rede de radiodifusão se espalhou pelo país em nome dos interesses do monopólio da Rede Globo de Comunicações. No Amazonas, seu preposto deu um colorido paraquiano, ao dar guarida para o coronelismo político, segundo demonstra numa série de artigos postados na rede mundial de computadores por Luiz Nassif, respeitado jornalista brasileiro, achincalhado num recente programa matutino da emissora em Manaus como “aquele jornalista que recebe uma ponta da Fiesp para falar mal da Zona Franca. Tudo porque Nassif, que inaugurou o primeiro portal interativo no Brasil, deu abrigo a uma cidadã amazonense, sobre quem a mídia ignorou a obscena perseguição de foi vítima pela referida emissora. 

O destempero verbal do proprietário da CBN local, atingindo a honra do jornalista Luis Nassif, deu-se por conta da rumorosa imposição de um castigo público que foi transformado em notícia, depois de suprimida a conexão entre as relações de poder e os interesses mercantis. A médica Bianca Abinader, durante quase dois anos não apenas sofreu assédio moral, como a espetacularização radiofônica omitiu a relação com a mercantilização da notícia. 

Envolta na mais deslavada teatralidade, o ouvinte foi literalmente manipulado por meias informações que subtraíram o fato de que Bianca Abinader compunha um grupo de cidadãos que antecipou em dois anos a Primavera de Manaus ao enfrentar o autoritarismo do poder público local.

Com esse título – Primavera Manaus – o Portal de Luis Nassif realizou um verdadeiro Raio-X das relações entre o poder e o mundo da informação, onde impera a promiscuidade de interesses nada republicanos. Uma lição que seria impossível socializar sem o advento da internet, instrumento precioso da democracia radical que queremos, sem monopólios, nem oligopólios, que expresse a pluralidade das vozes qeu compõem a  sociedade civil e política brasileira. 

Bianca Abinader nos deu uma lição de cidadania, num tempo que se reclama transparência na construção do público, liberdade de expressão na constituição dos novos meios de comunicação, e de novas formas de existência e exercício da cidadania.

Em 1987, quando fiz uma greve de fome no hospício da cidade – que encerrará as atividades no ano que vem -, o caso foi discutido na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas. Com a proliferação de faculdades em Manaus suponho que o caso de Bianca, pela sua importância do ponto de vista do Direito, também está sendo discutido. “Primavera de Manaus” é o tipo de texto que deveria ser adotado em outros curso, pelo seu conteúdo informativo. Boa leitura.

Redação

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