Programa de formação cultural mostra caminho alternativo para capacitação de agentes culturais na periferia de São Paulo

Em parceria com o projeto Criando Criadores, a Ocupação Cultural Mateus Santos, gerida pelo Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, está potencializando oportunidades de formação técnica para agentes culturais, reforçando a importância das ocupações coletivas na periferia de São Paulo.

 

Com uma grade diversificada de encontros e oficinas culturais oferecidas pelo programa de formação técnica Criando Criadores, a Ocupação Cultural Mateus Santos, localizada no distrito de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, está gerando oportunidades de capacitação para agentes culturais, descentralizando conhecimento e potencializando a atuação dos coletivos da região e de outras partes da cidade.

O programa de formação técnica em gestão cultural foi construído a muitas mãos, por meio de uma parceria firmada entre os coletivos integrantes do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, que administra a ocupação; a Cingulado, consultoria com foco em investimento social; e a ArcelorMittal, que patrocina o projeto por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

Empolgados para conhecer, aprender e aplicar metodologias inovadoras em seus projetos, os participantes das formações são impactados de forma direta pela troca de conhecimento vivenciada durante as oficinas. “Nós que trabalhamos na periferia com cultura temos muito interesse em aprender pra fortalecer o movimento cultural. Então, quanto mais informação a gente tiver, mais preparado estaremos pra seguir nessa luta”, diz a moradora do bairro de Itaquera, Geovana de Souza, relatando que o curso está sendo fundamental para agregar conhecimento à sua atuação como divulgadora e organizadora de eventos de Hip Hop.

O curso oferecido pelo Criando Criadores é dividido em quatro módulos: por meio da oficina de mapeamento colaborativo, o primeiro módulo “Reconhecer o Território” visa levantar artistas e empreendedores locais para participar da mostra cultural; o segundo módulo “Empreender na Periferia” apresenta ferramentas que auxiliam os alunos na produção de um negócio ou atividade cultural; com a apresentação da história e experiência de coletivos culturais da região, o terceiro módulo “Agir em Rede” visa o compartilhamento de referências e inspirações para a realização da mostra; no quarto módulo, “Mão na Massa”, os participantes do curso terão acesso a workshops com especialistas sobre sonorização de eventos, comunicação criativa e produção de eventos.

Na primeira fase do Criando Criadores, realizada em novembro de 2016, mais de 100 agentes culturais participaram de quatro palestras inspiradoras com ícones da cultura periférica. Agora, mais 40 agentes, que integram coletivos de diversas partes da zona leste e de outras regiões da cidade, vêm tendo a oportunidade de participar de uma nova fase do projeto, focada em construir de forma prática e colaborativa uma mostra cultural ao final do curso técnico.

Para Aluizio Marino, membro da equipe idealizadora do projeto e educador do módulo “Reconhecer o Território”, o Criando Criadores está possibilitando o acesso a metodologias que permitem a articulação coletiva entre equipamentos culturais, fazedores de cultura e comunidade. “Além de propiciar acesso a técnicas e ferramentas que auxiliam os agentes na construção dos seus projetos, o Criando Criadores vêm para esse território para estimular a articulação e as ações coletivas, porque é assim que a gente vai transformar a realidade em que estamos inseridos. E para começar a fazer isso é fundamental que os participantes conheçam o espaço onde nós estamos atuando”, finaliza.

Articulação comunitária e investimento de impacto social

Para mostrar o potencial das ações culturais que acontecem na zona leste de São Paulo, a participação de articuladores comunitários foi fundamental para estreitar e alinhar o diálogo do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo com a Cingulado, que durou cerca de 2 anos até a consolidação do Criando Criadores. Essa interlocução aperfeiçoou o aproveitamento e a distribuição dos investimentos realizados pela ArcelorMittal no patrocínio do projeto.

De acordo com Gustavo Soares, integrante do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, o formato colaborativo e inovador adotado para pensar, elaborar e executar o programa de formação cultural justifica o sucesso da iniciativa.  “Desde a formulação da proposta pedagógica até o conteúdo e os horários das oficinas foram construídos de forma colaborativa. Sempre houve espaço para sugestões e elas foram de fato aceitas e incorporadas ao longo do curso”, ressalta o articulador cultural, lembrando que o espaço da Ocupação Cultural Mateus Santos é um lugar de resistência e de luta pela garantias dos direitos culturais dos moradores da periferia.

A partir da vivência estabelecida com os coletivos que integram o Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, a Cingulado, consultoria de investimento de impacto social, passou a ter um melhor entendimento sobre as reais demandas dos agentes culturais que atuam na zona leste da cidade. Com isso, a aplicação do investimento no projeto passou a ser mais bem empregada, pelo fato de atender a lacunas na cadeia cultural apontadas pelos próprios agentes da região.

Redação

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