Prova usada contra Lula no caso Atibaia foi fabricada durante acordo de delação premiada

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Delação de Pedro Barusco - o delator que aponta pagamento de propina ao PT - foi validada com planilha que ele mesmo produziu no decorrer da Lava Jato

Foto: Ricardo Stuckert

Jornal GGN – Para condenar Lula por corrupção passiva pelo recebimento de vantagem indevida da Odebrecht, no caso Atibaia, a juíza Gabriela Hardt utilizou uma seleção de delações premiadas. Uma delas, feita pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, indica que “provas” apresentadas à 13º Vara Federal para “corroborar” as falas de delatores foram fabricadas ainda durante a fase de negociação com os procuradores de Curitiba.

O caso de Barusco está registrado a partir da página 133 da sentença assinada por Hardt na semana passada. O delator afirma no depoimento que produziu, “no período da minha colaboração”, uma planilha que contém, “de memória”, alguns contratos da Petrobras com a Odebrecht e os valores de propina que ele acredita que foram negociados entre a diretoria da estatal e a empreiteira.

Barusco é o delator da Lava Jato que, pego recebendo propina por meio de off-shores (provas dos pagamentos foram obtidas por meio de cooperação internacional), acabou condenado e, depois disso, recorreu ao acordo de colaboração.

No acordo, ele confirmou a tese desenhada na Lava Jato: metade da propina paga por empreiteiras à Diretoria de Serviços ficava com a “casa” (ou seja, com diretores da Petrobras, que recebiam em contas no exterior) e a outra metade teria sido destinada ao PT.

Durante o julgamento da ação penal envolvendo o sítio de Atibaia, o Ministério Público Federal perguntou a Barusco se ele se recordava da tabela que continha contratos de consórcios integrados pela Odebrecht, anexada aos autos como prova de sua delação.

“Sim”, respondeu Barusco, “essa planilha foi feita durante, no período da minha colaboração. Acho que foi novembro ou dezembro de 2014”, afirmou.

“E a gente tem que ver como é que eu fiz essa planilha. Eu peguei todos os documentos de contratação desses pacotes da refinaria e fui pela memória lembrando quais os que tinham havido combinação de propina ou não e fui montando a planilha”, disparou.

A juíza Hardt classificou a planilha de Barusco como “prova complementar produzida a respeito do pagamento de propina.”

Pelos trechos destacados pela magistrada, o depoimento de Barusco, ainda que validado por uma planilha, só confirma o recebimento de propina por parte do delator. Não há ligação direta com Lula ou explicação, na fala dele, sobre como o PT recebia uma parte.

Para arrastar o PT para a questão, Hardt utilizou depoimento de outros delatores, como Ricardo Pessoa, que afirma ter pago contrapartida sobre contratos com a Petrobras ao PT por meio de doações eleitorais declaradas à Justiça Eleitoral.

Quanto a Lula, Hardt supervalorizou o depoimento de Marcelo Odebrecht, que afirmou à Lava Jato ter criado, junto com Antonio Palocci, um fundo de despesas que supostamente eram combinadas entre o ex-presidente e o patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht.

Movimentações desse “caixa geral de propinas”, também batizado de “conta-corrente”, foram registradas por Marcelo na chamada “planilha italiano”.

No decorrer dos processos contra Lula, a “planilha italiano” foi alvo de perícia. O relatório apontou que o documento foi aberto em 2010 e editado em 2015, também durante o andamento da Lava Jato.

Lula foi condenado a um total de 12 anos e 11 meses de prisão no caso Atibaia. Além de corrupção passiva, Hardt enxergou crime de lavagem de dinheiro.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. E o pior é que essa juizite continuará “mandando” lavas-rápidos contra o Lula, pois, duvido-e-de-o-dó que o agora titularizado vá mexer numa linha dos processos. Aliás, creio que o mesmo foi mandado pra lá exatamente para que tudo continue hardtiano e desMoronado. Pobre (in)justiça a grassar este país de merrecas.

  2. Ggn não desiste. Quando a punição chegar para aqueles que não aceitam a aplicação da lei, aí sim, entenderão que a lei é para todos. Sem exceção.

    1. De que planeta você veio? Por acaso é o Bestal, da galáxia do Imbeçol ou da galáxia lunática? Se esse nome seu é verdadeiro, admiro a sua coragem em se mostrar tão vil, imbecilizado, canalha e cínico.

    2. Tá. Isso quando chegar. E se não chegar, continuarás com este discurso de catão de qualquer coisa? Ou tu fazes parte do esquema ou és um iludido. Sei não…

    3. Não entendi……..

      Quer dizer que aplicação da lei é ajustar e fabricar uma peça probatória durante o processo para se adequar a uma condenação previamente acertada?

      Isso já houve na historia com o nome de inquisição, macartismo, fascismo e outros ismos………….lavajatismo?

  3. Somente com uma revolta armada para vocês terem justiça de verdade. Porque a patética e ridícula “justiça” brasileira é a mesma das repúblicas bananeiras africanas, só existe no papel.

  4. Esses exemplos comprova que, se necessário, a justiça continuará se lambuzando de delinquentes arranjos jurídicos, mesmo que precise continuar corrompendo a lei e mesmo que continue a ser criticada veementemente por grandes juristas brasileiros e pela decente comunidade internacional. É muito estranho o comportamento quase marginal de um grupo da justiça, que sempre e de alguma maneira conseguem estar coligados no mesmo objetivo, na mesma linguagem e no acompanhamento do voto. A força que os comanda é tão poderosa, mesmo ao se declararem contra tanta barbaridade seguirão com a maioria dos bárbaros.

  5. Não acredito nessa sentença. A gama de prender Lula apresentada pelos juízes federais, MPF, TRF4, STJ e STF, desmorona todo o sistema jurídico brasileiro. Este judiciário não possui mais qualquer legitimidade. Está absolutamente impregnado de suspeição, devido ao lawfare grotesco, nos processos eivados de nulidades, desconfiança e falta de vergonha na cara de quem foi o responsável por esse embrólio jurídico, claramente mentiroso, injusto, desonesto e podre. Tudo o que um processo não pode ser. Lula foi grandioso demais para os insetos minúsculos, vermes na verdade, que o aprisionaram tão leviana e injustamente.

  6. LEMBRANDO, QUANDO QUEBRARAM TODOS OS PROTOCOLOS E RESPEITO A DIGNIDADE HUMANA AO EXPOR CONVERSAS DE UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA E DE FAMILIARES DO LULA, EM CONVERSAS PARTICULARES; O QUE OCORREU TAMBÉM COM GRAVAÇÃO ONDE O MIN. GILMAR MENDES, TEVE SEI DIÁLOGO PARTICULAR COM UM AMIGO, EXPOSTO NA MÍDIA.
    AS DENUNCIAS DO SR. TACLA DURAN, SÃO GRAVÍSSIMA..
    O QUE ACONTECE É QUE PESSOAS POR ÓDIO, PRECONCEITO E INVEJA, NÃO RECONHECE ÀS BARBÁRIES COMETIDAS PELA LAVA JATO, QUE PRENDE E DEIXA A PESSOA PRESA ATÉ CONFESSAR UM CRIME: ISSO É DITADURA JUDICIÁRIA. CADÊ OS MEMBROS DO JUDICIÁRIO DA PARTE DO BEM, DO RESPEITO A CONSTITUIÇÃO DESTE PAÍS.

  7. É a maior circadiano quê essa lava jato está fazendo com o maior líder político o melhor presidente uma safadeza porquê não ver como foi gasto o dinheiro da apai organização quê Rosângela mouro era responsável e o caso Banestado e o grupo Bozzano e o caso Furnas

  8. Lula em liberdade faz toda a direita (ditatorial) desse país tremer pois sabem que a esquerda ficou mais forte e ele é diferenciado. Lula merece sucesso na anulação dos processos do triplex e do sítio Atibaia. Digo isso não por fanatismo político, mas sim por questão e com base processual. O primeiro porque realmente todos sabem da parcialidade escancarada de Moro, que condenou Lula pra ser ministro de Bolso. O segundo porque todo delatado deve oferecer alegações finais depois dos delatores.

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