Quanto mais tempo populistas ficam no poder, mais radicais se tornam, por Yascha Mounk

Em artigo, cientista social explica danos causados pelos primeiros meses de Narendra Modi em seu segundo mandato como primeiro-ministro na Índia

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – O primeiro-ministro indiano Narendra Modi causou danos consideráveis ao país em seus primeiros cinco anos no poder, comprometendo as liberdades de seus críticos e das minorias religiosas no país. Mas o pior ainda estava por vir.

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, o cientista social Yascha Mounk diz que escritores, acadêmicos e intelectuais da Índia já se mostravam divididos com relação a Modi durante seu primeiro mandato, por conta do impacto que seu governo teria sobre as liberdades individuais.

Ao ser eleito para um segundo mandato no ano passado (e com maioria ainda mais expressiva), o governo de Modi começou a desmontar o secularismo da Constituição indiana. Na visão de Mounk, ele acabou causando mais danos ao país durante os primeiros cinco meses de seu primeiro mandato do que fez nos cinco anos anteriores.

E a reação de Modi à onda de protestos em cidades e universidades tem sido brutal: em alguns estados chegou-se a evocar estatutos coloniais proibindo a reunião de mais de cinco pessoas, enquanto outras localidades fecharam o acesso à internet, sem contar as agressões cometidas por policiais contra estudantes suspeitos de terem protestado contra o governo.

De acordo com o analista, a Índia está seguindo um roteiro considerado previsível do que fazem candidatos a líderes autoritários quando são reeleitos. “Como já vimos em países que incluem a Hungria, Turquia e Venezuela, inicialmente os líderes populistas são limitados em sua capacidade de concentrar o poder nas próprias mãos”, explica Yascha Mounk. “A partir do momento que esses governos são reeleitos, essas limitações à sua ação começam a desaparecer”.

A situação política indiana é um recado claro ao Brasil. De acordo com o analista, com Jair Bolsonaro no poder há pouco mais de um ano, chega a ser tentador supor que os acontecimentos dos últimos 12 meses são um “indício confiável” do que vem pela frente. Porém, a trajetória de outros líderes populistas mostra que essa suposição seria um erro grave – “quanto mais tempo líderes populistas permanecem no poder, mais radicais e perigosos eles se tornam”.

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador