QUATRO revisionismos e um funeral
Falar que o ser humano esquece ou supera seus traumas e fantasmas, pra mim, é uma das mais puras bobagens em que devemos acreditar. No máximo, admito, é que aprendemos a conviver com eles no tempo, só isso.
Claro que é natural constatarmos que muitos de hoje não vêm as coisas passadas como seus colegas mais velhos viram e viveram naquele presente, aonde inclusive, hoje, muitos destes, já se fazem até ausentes, mortos e enterrados, sem chance de nos dizerem e explicarem de todos os seus porques.
Acho que em muitos aspectos progredimos, mas também penso que em muitos casos sempre houve um custo, o custo do se relevar pra recomeçar, o de deixar pra lá, o de acreditar que daqui pra frente seria diferente ..de que vale mais a pena apostar no futuro do que se remoer o passado ..enfim, só se vivendo o suficiente pra se aprender o que de fato importa realmente.
Em sendo assim, baseado em 4 episódios recentes, eu não posso deixar de registrar que, ao meu juízo, todos fazem parte de uma onda de mesma origem, como uma recente moda ou vício, a onda do revisionismo em que alguns estão nos inserindo.
O primeiro deles, e pra iniciar não pela cronologia dos fatos, mas sim pelo mais fácil, foi a recente tentativa de alguns intelectuais quererem JULGAR Monteiro Lobato não dentro de seu tempo e contexto, mas fora ou longe dos fatos, trazendo-o hoje para os valores presentes.
O segundo, de maior dimensão, foi ter visto o pleito retardatário, fora de contexto, via cota racial, pela “reparação histórica” a ser dada ao afro-descendente ..reparação feita por INOCENTES VIVOS (os pobres) pelos pecados de mortos (escravocratas) a vítimas que NÃO sofreram do crime (negros atuais que NUNCA passaram pelas agruras pré abolicionistas).
O terceiro acontecimento que me surpreendeu foi a abertura da discussão de que se devemos hoje, quase 30 anos depois, retomarmos não só as memórias, dores e os castigos, mas também tentarmos punir hoje o que as forças pretéritas, via anistia, tentaram superar, os crimes de tortura e/ou de atentados políticos.
E finalmente, mas não esgotando os casos, talvez no mais grave dos erros, foi ver o STF tolher direitos de HOJE violentado princípios, anteriormente aceitos, neste episódio do FICHA LIMPA (ato jurídico perfeito, anterioridade e anualidade) inclusive apenando, em alguns casos, cidadãos que já não deviam, ou como noutros, por crimes passados que, à época da autoria, nem crimes eram considerados, resultando assim num processo meio que parecido com uma “INQUISIÇÃO democrática moralista”.
Olha ..tô triste, triste e preocupado, pois afinal, por estas minhas palavras, nem sei se daqui a alguns anos eu poderei vir a ser acusado e condenado a centos anos de cadeia, só porque, quem sabe, na cabeça de algum delinquente, eu seja dado como um reacionário, radical ou, um criminoso do tempo ido.
Afinal, o que é se ser direito pro tempo?