R.I.P Cristovam Buarque, por Roberto Romano

De Roberto Romano, professor de Filosofia da Unicamp

É triste constatar que um senhor que poderia ir até o final de sua carreira de modo altivo prefere o papel nada edificante de coveiro dos ideais que sempre defendeu, ou fingiu defender.

Segui sua trajetória desde as reuniões da SBPC no período ditatorial. Ele sempre pareceu (ah, a distinção platônica entre ser e parecer…) imbuído dos mais elevados propósitos, sempre no espectro da esquerda.

Ninguém é obrigado a seguir um ou outro campo ideológico. Conhecemos pessoas retas e de respeito na direita, na esquerda, no centro. O ruim é quando alguém sempre beneficiado por um setor passa a outro de modo tranquilo, sem maiores cautelas ou preocupações.

Fazer uma crítica da esquerda ou direita é prerrogativa cidadã. Agora, dançar sobre um suposto caixão funerário de uma tendência, quando ela ainda mostra sinais de vida, é macabro. Tenho pena de tal pessoa. Será conhecida mais por seu adesismo final do que pelo aparente empenho em aprimorar a educação no Brasil.

A última vez que estive com Buarque foi em encontro feito na cidade de Brasilia, onde a tônica do evento era a recuperação dos valores democráticos na educação. Comigo na mesa estava, além dele, Luisa Erundina. Esta manteve sua coerente honestidade intelectual e moral.

Quanto a ele, bem, só posso dizer: “aproveite os minutos de tolerância que o fascismo lhe reserva. Depois, bem, depois é depois”. RIP. RR

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Há homens que lutam um dia e são bons
    Há homens que lutam um ano e são bons
    Há quem lute 10 anos e são melhores ainda
    Há aqueles que lutam a vida inteira. Esses são os imprescindíveis

    Brecht

    Fui na padaria do Mala 100 alça que me fornece maconha vencida e ainda por cima sem nota fiscal. Viatura policial tráfega em sentido contrário. Pára é manda eu botar as mãos, cruzadas, na nuca e abrir bastante as pernas. Contra a força não existe argumento. Então eu obedeço. Um deles, de arma em punho, aponta prá mim e outro se aproxima, segura minhas mãos, cruzadas atrás da nuca, bate fortemente o coturno no meu ossinho gostoso, afastando ainda mais as minhas pernas, pergunta onde eu moro, de onde venho, prá onde vou, se porto algo ilícito, advertindo-me que, se eu portar algo ilícito e negar pra eles, pior prá mim, enquanto isso, me apalpa, mete as patas nos meus bolsos, abre os meus cabelos, mas tudo o que eu portava de ilícito tava na mente. No peito, estampado na blusa, Iron Maiden, supremo. Aí o sujeito que tinha a arma apontada prá mim pergunta se eu curto metal. Pergunto a ele se ele acha que é à toa que eu tô usando aquela blusa e ouvindo Napalm Death. Ele me pergunta se eu curto Linkin Park
    Eu digo que não
    Porque? – ele quer saber
    Eu digo que acho a banda fraca (pra me vingar, é claro)
    Cai fora enquanto eu tô me lembrando
    Eu segui meu curso, pelo sol da manhã, ao lado de um esgoto a céu aberto, chapado de lixo
    Polícia, Títãns/Sepultura

  2. Eu nasci com um estigma ,mas não gostaria de ter vindo ao mundo com esse verdadeiro castigo que Deus me concedeu.É ter a primazia de conhecer um cabra safado no olfato ou no num piscar de olhos.
    Cristovam Buarque é um dos milhares que conheço,ressaltando entre eles,Fernando Gabeira,Robertos Barroso e Freire,Sergio Moro,Augusto Nunes etc.
    Mas confesso,esses Cristovam Buarque e Fernando Gabeira são figuras verdadeiramente abjetas,desprovidas de caráter,indignos de pertencerem a raça humana.Barroso não é muito diferente,mas a ganancia por grana e o falseamento ao corpo mudaram completamente a vida dele.Tenho certeza que nesse aspecto,merecia melhor sorte.

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