Reaquecimento: o 2º passo é o investimento público

Os dados econômicos mais recentes provam que, longe de ser precipitada a decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros ela foi, isto sim, atrasada.

Não tanto quando, com Henrique Meirelles, resistiu quatro teimosos meses em fazê-lo, quando os sinais enviados pelas economias ricas eram de profunda recessão, ainda que, naquela ocasião, os tesouros estatais podiam – e o fizeram largamente – evitar a insolvência do sistema financeiro provado.

Embora haja inequívocas semelhanças entre os dois momentos, há diferenças que tornam ainda mais evidente que o corte nos juros interno brasileiros deva ser mais rápido e profundo.

O primeiro deles é que, como os riscos de solvência das obrigações financeiras agora é dos Estados, não haverá socorro generoso. Do sistema privado, nem pensar, e mesmo a assistência intergovernos é sempre mais limitada e condicionada a fatores mais complexos do que a simples fixação de taxas de remuneração destes empréstimos.

Não haverá dinheiro fácil como em 2008/09.

Será, portanto, uma crise mais longa do que aquela, com reflexos mais complexos e duradouros sobre as economias, inclusive a brasileira.

O primeiro movimento, o de baixar alíquotas de impostos sobre o consumo – e o crédito a ele vinculado – foi feito. Além dele, o corte no Imposto sobre Operações Financeiras sobre aplicações em ações ou títulos de longo prazo (superior a quatro anos) de empresas brasileiras – em 2% e 6%, respectivamente) visa a atração de financiamento externo que se reflita para o setor produtivo, embora permaneça taxada a aplicação destes recursos em derivativos cambiais, como “hedge” (proteção) feito através de contratos futuros em dólar.

Mas isso, se isso significa um fôlego extra para aproveitar um trimestre (dezembro-janeiro e fevereiro) onde haverá grande entrada de recursos para o consumo (13º e aumento de 14% do salário mínimo), não o é para enfrentar a maratona de um ano de provável estagnação na economia mundial.

O passo seguinte só pode ser um: o aumento dos investimentos públicos.

Esse é o grande desafio do governo Dilma para 2012 e será o teste para verificar-se se a estrutura de controles e gestão da máquina pública ao qual ela dedicou boa parte de sua atenção este ano vai tornar o Estado brasileiro ágil o suficiente para responder com rapidez a esta decisão de governo.

Ao que tudo indica, sim. Porque, com a restrição de gastos imposta este ano, projetos e ações têm tudo para estarem prontos para deslanchar.

Mas para reacender a confiança e as expectativas positivas dos agentes econômicos, é preciso que o salto provocado pela expansão do consumo reverta os indicadores negativos dos últimos meses.

A economia é, lembremos, uma ação humana, que não se rege apenas por fórmulas e equações matemáticas.

A confiança pode não ser o combustível da produção, mas é um catalizador das reações econômicas.

Por: Fernando Brito

Redação

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