Reforma agrária na terra de corruptos

história do MST se confunde com a história da luta de classes no Brasil. Em 1984, os trabalhadores rurais que protagonizavam as lutas pela democracia da terra e da sociedade se convergem no 1° Encontro Nacional, em Cascavel, no Paraná. Ali, decidem fundar um movimento camponês nacional, o MST, com três objetivos principais: lutar pela terra, lutar pela reforma agrária e lutar por mudanças sociais no país.

Eram posseiros, atingidos por barragens, migrantes, meeiros, parceiros, pequenos agricultores… Trabalhadores rurais Sem Terra, que estavam desprovidos do seu direito de produzir alimentos.

O 1° Congresso do MST, organizado a partir do 1° Encontro Nacional em Cascavel, no Paraná, em 1984, aconteceu durante os dias 29 a 31 de janeiro de 1985. Dele foi tirado como orientação a ocupação de terra como forma de luta, além de ter sido definido os princípios do MST: a luta pela terra, pela Reforma Agrária e pelo socialismo.

O Movimento teve a clareza política de que era necessário ser uma organização autônoma a partidos e governos. O congresso de 1985 é um marco histórico do MST. Foi dada uma nova característica da luta pela terra. Os militantes saíram de lá convictos de que teriam que partir para as ocupações, e construiram o lema “Terra para quem nela trabalha” e “Ocupação é a Única Solução”. Em maio do mesmo ano, em menos de três dias o Movimento obilizou mais de 2500 famílias em Santa Catarina, em 12 ocupações. Em outubro, o Rio Grande do Sul ocupou a Fazenda Anoni. Todos os estados começaram a fazer ocupações.

O MST ocupou recentemente a Fazenda Esmeralda, atribuída ao Michel Temer e seu amigo Coronel Lima, dando um exemplo de luta e resistência. O Movimento também divulgou uma carta aberta sobre a ocupação, segue a íntegra do documento:

“Reforma Agrária nas terras dos corruptos!!”

“O MST ocupa pela terceira vez a Fazenda Esmeralda, entre os municípios de Lucianópolis e Duartina-SP, desde a manhã da última quarta-feira (7). A Fazenda Esmeralda é registrada como propriedade da empresa Argeplan, do ex-assessor e amigo pessoal de Temer, o Coronel Lima, mas na região até as pedras sabem que a área na verdade é de Temer.

Temer e Lima são cúmplices de longa data, na década de 1990 a Argeplan arcou com cerca de 40% do valor da campanha de Temer a deputado federal, e o patrimônio de ambos cresceu estrondosamente desde que se conheceram. O patrimônio em imóveis do Coronel Lima é orçado em 15 milhões de reais, sendo 13 milhões apenas em imóveis rurais na cidade de Duartina, em grande maioria adquiridos a partir do ano 2000. Temer, por sua vez, triplicou seu patrimônio entre 2006 e 2010, segundo apurações do TSE.

Desde 1995 Temer, Lima e a Argeplan estão relacionados em inquéritos e processos que investigavam o pagamento de propina em obras realizadas nas docas do porto de Santos. Além disso, eles também aparecem, junto com a empresa AF Consult de Lima, em investigações sobre a obra da usina Angra 3, na qual pelo menos 1% do valor do contrato era propina para Temer e Lima, este último foi o interlocutor do esquema de corrupção.

Também delações da JBS apontam o acerto de 15 milhões de reais com o PMDB em troca de favorecimentos, sendo 1 milhão destinados pessoalmente para Michel Temer, e mais uma vez, o Coronel Lima aparece como mediador do pagamento. Na Operação Patmos, deflagrada em 2017, a PF fez buscas no escritório da Argeplan, em São Paulo, e foram apreendidos documentos que comprovam a ligação da empresa com Maristela, filha de Temer.

Recentemente, as delações da J&F no âmbito do inquérito que investiga a MP dos Portos, reafirmam que Lima é testa de ferro de Temer, a quem a Fazenda Esmeralda realmente pertence. A propriedade foi adquirida pelo Coronel em 1986 e avaliada em 10 milhões de reais, ou seja, incompatível com seus rendimentos na época.

O delegado da polícia federal que cuida do caso, Cleyber Lopes, cobrou agilidade do Ministério Público Federal no processo de quebra dos sigilos bancários e fiscais dos envolvidos, a fim de esclarecer o que considera notoriamente atos de corrupção ativa/passiva e lavagem de dinheiro. Defendemos que Temer deve ser investigado! Isso é um direito do povo brasileiro.

O MST exige que as terras com indícios de corrupção sejam investigadas e destinadas à Reforma Agrária. A corrupção é a apropriação privada dos recursos públicos, e o dinheiro roubado do povo vem sendo utilizado na compra de fazendas para lavagem ilícita.

O presidente golpista não só permite a corrupção, como ele próprio é o chefe da quadrilha que atuou no porto de Santos, em Angra 3 e na fazenda Esmeralda. Temer destruiu as políticas públicas para os assentamentos, está privatizando a Reforma Agrária através do incentivo à venda de lotes e assentou 0 (zero) famílias em 2017.

Por isso seguimos resistindo na fazenda Esmeralda e exigimos Reforma Agrária Já!!

DIREÇÃO ESTADUAL MST/SP”

Até à vitória. Sempre.

*artigo original em:
http://brunoanastassakis.com/blog/luta/reforma-agraria-na-terra-de-corruptos/

Redação

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